outubro 04, 2014

George Volpão e Jamur Bikes

Equilibrado e em movimento.
Lembro bem quando, perdido profissionalmente, trabalhando por 8 anos em uma mesma empresa e responsável pelo controle de qualidade de uma pequena indústria de alarmes automotivos, eu fui levar minha bike para uma revisão em uma loja num bairro nobre de Curitiba, a Jamur Bikes. Abril de 2005. Havia um cartaz singelo anunciando que contratavam vendedores e mecânicos. Minha única experiência com vendas tinha sido uma temporada no litoral paranaense em 1993 vendendo picolé Kibon naqueles carrinhos, com direito a apito e chapéu de palha.

Conversei com o proprietário, Paulo Jamur, ciclista de duas olimpíadas e uma das figuras mais humanas que eu conheço e ele topou um teste com aquele cabeludo tímido que entendia um pouquinho de bicicleta e quase nada de vendas.

Acho que tive um pouco de sorte, porque poucos meses depois o então gerente da loja saiu de lá, e eu fui ficando e conquistando meu espaço, meus clientes e minha paixão por trabalhar com o público. Após dois anos, a rotina me cansou e a necessidade de vôos maiores deram seu sinal. Eu já estava ganhando um extra guiando pessoas em trilhas da Serra do Mar. Pedi a conta.

Alguns meses nesse bico, surgiu a proposta de trabalhar com vendas também na Território OnLine e segui minha trilha. Muita água passou pela ponte e encurto a história: desliguei-me desta loja de montanhismo e assumi o site da Jamur Bikes em agosto de 2010, iniciando minha segunda passagem por lá.

Muitas novidades, ajudei e fui muito ajudado a criar um ambiente de trabalho positivo, a vender saúde e qualidade de vida às pessoas e a inovar muita coisa.

Porém, meu envolvimento com as questões do trail running como atleta e "ambassador" de marcas e organizadores me ocupava demais a cabeça e vislumbrei a oportunidade do "dream come true".

Sim, seria possível viver do esporte que eu tanto amo.

Saí da empresa em setembro de 2013 para prestar consultoria primeiro para a TRC Brasil e depois ser editor da Revista TRAILRUNNING.

Tudo na vida tem seus pró e contras. Por motivos que prefiro guardar comigo, a revista teve fim, sendo lançadas somente 4 edições e deixando um buraco no peito que eu ainda não havia experimentado. Aliado a isso, teve o cansaço da exposição vazia - porém recheada de futilidades - de conhecidos e praticantes do esporte que ajudei a tornar mais visível cada vez mais me enojava. A simples falta de noção e de respeito que observava em comentários e postagens de redes sociais sobre a vida alheia (me included) era algo além da minha compreensão. Solução: perfil excluído no facebook, restando a fan page para divulgar o blog.

O "black dog" chegou com força e devo muito à minha esposa Ana Barbara pelo suporte no terrível setembro que vivi.

Mas, de tudo isso, tirei coisas boas. Os verdadeiros amigos (bem, a maioria eu trouxe de outros tempos). A oportunidade de ser parceiro da The North Face Brasil, com quem tenho contrato até o final do ano e que muito me motiva com sua energia e proposta principal de ser mais que uma marca, mas também um lifestyle e uma inspiradora de pessoas. A (re) descoberta que, mais que a chegada, o caminho é que me encanta. Os dias passados conhecendo gente e conhecendo parte do Brasil que eu desconhecia, com uma mochila nas costas e um trabalho a ser feito e respeitado. Sim, teve muita coisa boa.

E a parte boa de chegar ao fundo do poço é que só resta uma saída. Para cima. Pude entender que era hora de mudança.

Uma mudança de rumos mais que bem vinda. Não mais um profissional do Trail Running. Agora, mais do que nunca, estar nas montanhas será SOMENTE por prazer. Agora é só com amor, benzinho. Porque na vida, é necessário equilíbrio, como ilustra a imagem. Pela terceira vez em minha carreira profissional, sou parte do time Jamur Bikes em tempo integral, coordenando o marketing e o e-commerce da empresa.

Tempo de aplicar o conhecimento adquirido para continuar acrescentando qualidade de vida às pessoas. Bike é qualidade de vida. Mesmo com a meia dúzia de imbecis que insistiam com choradeiras descabidas, quando trabalhei com organização de eventos de corrida de montanha eu me orgulhava de entregar experiências que proporcionavam qualidade de vida. Sabia que eu fazia meu melhor trabalho e que ele era de ótima qualidade. 

Para este restinho de ano, sem competições nas montanhas. Farei um 5K de asfalto em dezembro e só. Vejo vocês nas montanhas, como sempre. Em 2015 farei uma ou duas ultra-trails, a definir. Sem alardes. Não me orgulho nem um pouco das corridas e montanhas que completei. As medalhas já foram para o lixo há tempos, as fotos pós prova hoje me soam tolas e o que me importa mais é viver cada instante de maneira preciosa. Não correr para fazer a foto. Tentar ser ridículo de maneira autêntica evitando a boiada. Rir ainda mais de mim mesmo e me levar cada vez menos a sério. 

Voltei a sorrir :)

Beijos e abraços.



2 comentários:

  1. Desejo um re-começo cheio de sucessos, queridão.

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  2. Volpão, pode ter certeza que você inspirou muita gente. Ao contrário da maioria do pessoal no trail running, eu vim da escalada em rocha e me sentia pouco a vontade vendo o pessoal que ia correr uma prova de montanha, ter uma experiência maravilhosa, e jogava lixo na trilha, corria só pra postar no Facebook, etc. Quando te conheci pelos artigos me identifiquei logo e depois tive a oportunidade de te conhecer em Valença. Te desejo toda a felicidade do mundo, que você dê a volta por cima e continue sendo esse cara que você é. Um abraço.

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