outubro 17, 2019

O Que Estou Usando - Tênis para Running: Hoka One One Clifton 4

Opa!

Este é um dos temas que mais gosto de abordar neste espaço. Mais do que falar sobre mim e sobre minhas impressões de um determinado equipamento, a experiência compartilhada é muito mais interessante que o conhecimento retido para si. Das dezenas de apresentações, avaliações e reviews que já fiz em meu site, muitas delas contribuíram para que os leitores tivessem um panorama importante sobre o que esperar de determinado item, competição ou equipamento. Então, pretendo aparecer com mais frequência aqui neste espaço. A finalidade não é trazer verdades absolutas sobre o tema abordado, mas sim as reais e sinceras impressões, como sempre foi o padrão nas análises críticas que faço neste espaço há mais de 10 anos.  

Feita esta pequena introdução, que permite-me aquecer os dedos no teclado, adaptar-me novamente à escrita após tanto tempo focado apenas em vídeos no YouTube e afiar a mente para compor um texto minimamente agradável ao leitor, vamos ao tema do dia:

HOKA ONE ONE CLIFTON 4 - AVALIAÇÃO


INTRODUÇÃO

Antes da apresentação propriamente dita, é preciso contextualizar tudo. Tomei conhecimento da marca HOKA ONE ONE há alguns anos, curiosamente na mesma época em que me afastei do circuito de Trail Running, por volta de 2014. Foi o ano que um atleta que muito admiro, o Sage Canaday passou a ser atleta patrocinado da marca. Logo de cara me chamou a atenção o fato deles acreditarem no conceito de calçado maximalista, com um solado "superdimensionado", mas ao mesmo tempo com um drop baixo, girando na casa dos 4 ou 5mm. Não sabe o que é drop? É a diferença de altura entre a parte anterior e posterior de um calçado de corrida e que influi diretamente no conforto, performance e otimização do corredor.

Porém, como eu disse, o ano era 2014 e me afastei do cenário das corridas, acompanhando bem à distância. Alguns anos depois a marca chegou ao Brasil, mais precisamente em dezembro de 2016 fazendo bastante barulho, apoiando alguns atletas e alguns influencers digitais (com direito a polêmicas recentes por conta de trapaças de uma das "atletas" apoiadas pela marca). Aliás este é tema certeiro para eu abordar em post futuro. Vamos voltar à marca HOKA ONE ONE.

Com origem na França e fundada por ex funcionários da SALOMON, com a ideia de desenvolver um calçado capaz de performar de forma excelente em descidas de montanha, absorvendo impacto e oferecendo controle ao mesmo tempo. Daí vieram esses baita solados e entressolas que são característicos dos produtos da marca. Talvez os primeiros modelos fossem um pouco mais ousados neste aspecto, mas ainda hoje os modelos apresentam um generoso material ultraleve que se traduz em conforto e controle na hora da corrida. Em abril de 2013 a companhia foi vendida e a marca atualmente pertence ao grupo norte americano Decker Brands

A lamentar é o fato de não termos disponíveis no Brasil nenhuma opção de calçados para trail running desta marca nem como a defasagem na disponibilização de modelos mais recentes. O próprio modelo Clifton já foi lançado na Europa e Estados Unidos na versão 6. Aqui nem o Clifton 5 apareceu, pasmem. Alô, HOKA ONE ONE Brasil!

O HOKA ONE ONE CLIFTON 4

A linha Clifton é carro chefe, pelo menos aqui no Brasil das vendas da marca. Na sua quarta versão, O Clifton repete a receita de ser um calçado bastante confortável e voltado para rodagens, apesar de alguns testadores e formadores de opinião classificarem os modelos anteriores como um calçado mais voltado à competição e velocidade pelo seu baixo peso.



Escolhi o Clifton 4 recentemente por alguns motivos que elenco abaixo:

- Entrou em promoção, com preço reduzido de R$ 799,00 (o sugerido pelo importador) para R$ 499,00. Preço é sempre um fator importante e o valor atual eu achei bem condizente com o nome e conceito que a marca oferece.
- É um calçado, como adiantei, de uso mais geral, rodagem, mas sem perder no quesito leveza.
- Estava precisando de um calçado para corrida em asfalto que tivesse qualidade. Minha última experiência com calçado para corrida em asfalto havia sido um  KALENJI EIKIDEN ACTIVE BREATH que não teve a durabilidade que eu desejava (pudera, um calçado de menos de duzentos reais).
- Avaliar pontos positivos e negativos do calçado antes de investir um valor mais considerável em um eventual tênis desta marca para corrida em trilha (terei que importar, pois não tem á venda no Brasil).


PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Para este primeiro texto, nada mais posso deixar que as primeiras impressões, afinal rodei com ele menos de 30 quilômetros antes de publicar este texto.

A Compra:

Adquiri no site da loja Keep Running, com atendimento bastante agilizado, entrega rápida e nenhuma surpresa desagradável. Com frete grátis, a entrega foi em 4 dias úteis aqui em Curitiba - PR.

Recebendo: 

Abir a caixa, provar, amarrar os cadarços e absorver o feeling. Primeira impressão: realmente mais alto. Tem 28mm na parte de trás e 23mm na parte da frente, traduzindo-se em um drop de 5mm. Os calçados ditos "tradicionais" têm em torno de 18mm na parte de trás e entre 8 e 10mm na frente.

Nos pés:

A sensação de que havia um certo "suporte" no arco do pé me levou a temer pelo pior: será que ia ficar "pegando" a ponto de causar incômodo ou mesmo bolha como já me aconteceu com calçados com esta característica? Lembro que tive um SALOMON XT WINGS ainda na década passada que era impossível de usar em corridas: pegava firme no arco do pé, causando bolhas horríveis. Nem o passar do tempo, amaciando o calçado, resolveu o problema. Tive que vendê-lo. No caso deste HOKA ONE ONE CLIFTON 4 tive esse receio que felizmente não se concretizou. O conforto geral realmente é superior. Preciso levar em consideração também que havia mais de 6 anos que não calçava um tênis de corrida de rua premium, de alto nível. Certamente a indústria deve ter evoluído muito neste aspecto nesse tempo que estive ausente das corridas. Gostei muito também dos cadarços, de um material leve e maleável. Mais interessante ainda foi que em momento algum ele perdeu o laço, mesmo com apenas um nó simples, coisa rara. Praticamente todos os calçados de corrida que já utilizei precisavam de um nó duplo para que não se desfizessem. Antes de correr, não senti o calçado nem muito frouxo, nem muito apertado. Comprei na minha numeração habitual, de praticamente todos os calçados que já utilizei: 42BR / 10US / 44EU.



As primeiras corridas:

O primeiro rolê foi um treino de 10 Km em pouco menos de 60 minutos, em um domingo ensolarado com temperatura na casa dos 23 graus, asfalto quente, pouca variação de ritmo e de altimetria. No entanto esta variação de ritmo que aconteceu foi o suficiente para uma conclusão importantíssima que deixo no final do texto! Calçado saiu-se super bem e muito me agradou o seu conforto. Tanto na pisada como no cabedal, que em momento algum senti "pegar" no pé. Na parte de trás, no contraforte do calcanhar, onde alguns calçados incomodam na chamada "bola" do tornozelo, nenhum incômodo. Realmente MUITO confortável. Com relação à respirabilidade, nada a reclamar também, apesar da temperatura não estar assim tão alta para avaliar melhor. 

Outra observação que merece ser apontada é o fato do calçado "pedir" para você fazer a aterrissagem de médio pé, característica de todo calçado com drop entre zero e seis milímetros. Já tive oportunidade de correr com o maravilhoso BROOKS GREEN SILENCE e o NEW BALANCE MINIMUS que tinham 4mm e a sensação é parecida só que melhor. Pera, explico: o HOKA ONE ONE CLIFTON 4 oferece um conforto MUITO maior que aquele Green Silence que usei lá em 2010 ou o Minimus em 2013. Até mesmo por serem de categorias diferentes, uma vez estes dois eram calçados de velocidade. Esta é uma característica que aprecio muito: calçado que me faz buscar a melhor passada. Ter esta sensibilidade de entender o que o calçado pede é uma habilidade que todo corredor tem por obrigação desenvolver se ele quer se tornar mais rápido, mais eficiente ou menos sujeito a lesões. Isso mesmo, corredor: "ouça" o que o calçado pede!

Dois dias depois, com friozinho de 14 graus e uma levíssima garoa, saí para um regenerativo de 5 km a 6min/km com direito a um teste de pulmões pernas e calçado em uma única aceleração de 400 metros a 4'15"/km só pra ver o estrago. E aí me parece que o calçado saiu-se melhor que as pernas! Ainda cansado das semanas anteriores de treinos puxados, as pernas não tiveram a mesma entrega que o calçado. Parece ser mesmo um modelo excelente para acelerar.


E aí que vem minha conclusão sobre para quem este calçado serve, também com base no que adiantei lá em cima no começo do texto!




Li alguns comentários e relatos pela internet (YouTube, Instagram, Facebook) que o Clifton 4 era um calçado difícil de se adaptar e que tinha a tendência de desgastar muito rapidamente no solado. Apesar da distância muito curta que o utilizei para falar de durabilidade, elaborei minha teoria:

Observei que ao mudar o pace para valores mais acima de 6min/km (como no caso de subidas ou em trote regenerativo), há uma tendência de não aterrissar com o calçado exatamente com o médio pé, mas sim com o ante pé e, pior ainda, por vezes "arrastando" o solado, como se estivesse com o pé "pesado". Obviamente este não é o caso, pois trata-se de um calçado super leve (menos de 300 gramas o pé no tamanho 42BR). é realmente uma mecânica diferente de passada que este calçado exige e que, concordo, talvez não seja ideal para quem corre mais lento que 6min/km. Em velocidades inferiores a esta observei frequentemente que meu pé "raspava" no chão, tanto no ante pé como na parte da frente também, quando eu tentava "forçar" uma aterrissagem diferente. Pura questão de adaptação. Ou, triste conclusão para os fãs da marca, que este calçado não serve para quem corre em pace mais lento.

CONCLUSÃO DA APRESENTAÇÃO

Nestes primeiros quilômetros com ele eu não poderia estar mais satisfeito. Leve, confortável e, principalmente, responsivo, me atendendo justamente naquilo que procurava: um calçado para rodagem mas que não fosse tão pesado. Ou, o contrário: leve o suficiente para acelerar mas não tão seco quanto os minimalistas que eu gostava de correr antigamente. 

É o tênis eleito para as próximas rodagens de asfalto e vamos ver até onde minha teoria faz sentido e se a durabilidade dele não me decepciona. 

Quando estiver entre 300 e 400 quilômetros percorridos com ele eu volto com uma avaliação completa e o veredito final.

Obrigado por ter acompanhado até aqui!

Aqui temos um vídeo onde falo mais dele.



E mais abaixo, outras imagens.

Abraços!