setembro 22, 2022

Apresentação de Tênis para Trail Running - Brooks Cascadia 16

Hola, que tal?

Fazia bastante tempo que não trazia um conteúdo deste tipo e Está na hora de retomar pois sei que pode ajudar muita gente a fazer sua escolha. Este é um dos temas que mais gosto de abordar neste espaço. Mais do que falar sobre mim e sobre minhas impressões de um determinado equipamento, a experiência compartilhada é muito mais interessante que o conhecimento retido para si. Das dezenas de apresentações, avaliações e reviews que já fiz em meu site e no meu canal do Youtube, muitas delas contribuíram para que os leitores e espectadores tivessem um panorama importante sobre o que esperar de determinado item, competição ou equipamento. Então, pretendo aparecer com mais frequência aqui neste espaço. A finalidade não é trazer verdades absolutas sobre o tema abordado, mas sim as reais e sinceras impressões, como sempre foi o padrão nas análises críticas que faço no meu blog desde 2006 e no YouTube desde 2016.

Feita esta pequena introdução, que permite-me aquecer os motore e afiar a mente para compor um review minimamente interessante, vamos ao tema do dia:


BROOKS CASCADIA 16 - AVALIAÇÃO


INTRODUÇÃO

Antes da apresentação propriamente dita, é preciso contextualizar tudo. A Brooks é uma marca estadunidense que sempre me chamou a atenção e já fui um feliz usuário de um modelo de rua deles, o Brooks Green Silence. Tenho inclusive um review dele lá de 2010 no site. Depois destes anos todos, de idas e vindas e mudanças de importador, já tem um tempinho que agora está sob a tutela da Centauro aqui no Brasil, sendo esta loja o revendedor exclusivo da marca

A marca é tida como a mais vendida no segmento running nos Estados Unidos, o que é um cartão de visitas de respeito, afinal por lá esse segmento é bastante aquecido e muito maior que o nosso, com centenas de milhares de maratonistas concluindo provas todos os anos. 

No trail running, minha admiração pela marca surgiu principalmente do fato deles serem os patrocinadores de umd os maiores atletas de ultratrail de todos os tempos, Scott Jurek, vencedor de incontáveis provas de corrida em trilha, inclusive a Western States por 7 vezes consecutivas entre 1999 e 2005. Scott é também vegano e a marca Brooks sempre deixou explícito não trabalhar com produtos de origem animal em seus equipamentos de running.

Assim, com a presença no Brasil e, principalmente com uma SUPER promoção (que ainda está vigente nessa data na publicação deste conteúdo, link aqui).

Nunca é demais lembrar que eu não ganho um tostão pra falar de tênis e outros equipamentos por aqui. É tudo realmente opinião pessoal, longe de serem verdades definitivas e que não tenho, nunca tive, tampouco terei rabo preso com ninguém.


O BROOKS CASCADIA 16


A linha Cascadia já está, como diz o nome deste modelo, em sua 16ª geração sendo um modelo consagrado e amado pelos corredores em trilha pelo mundo. Difícil quem ache esse calçado ruim ou que não valha o preço

Escolhi o Cascadia 16 recentemente por alguns motivos que elenco aqui:

- Entrou em promoção, com preço reduzido de R$ 999,00 (o sugerido pela Centauro) para R$ 399,00. Uma pechincha, já que nos Estados Unidos ele está sendo vendido por US$ 130,00. Preço é sempre um fator importante e o valor atual eu achei bem condizente com o nome e conceito que a marca oferece.

- É um calçado para uso geral no trail running. Robusto, resistente, com cravos não muito baixos mas também não muito agressivos, ideal para as trilhas aqui da Serra do Mar, inclusive com umidade presente em forma de lama ou pedras escorregadias.

- Estava precisando de um calçado para corrida em trilha que fosse mais robusto, diferentemente do Nike Pegasus Trail 3 ou do Hoka Torrent 2 que também fazem parte do meu setup de tênis de trilha.

- Avaliar pontos positivos e negativos do calçado antes de investir um valor mais considerável em um eventual tênis desta marca para corrida em trilha. Boatos dizem que os modelos Caldera 6 e o Catamount virão pro Brasil, que são mais voltados ao ultratrail com amortecimento e proteção maiores, o que muito me interessa.




PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Para este primeiro texto, nada mais posso deixar que as primeiras impressões, afinal rodei com ele menos de 30 quilômetros antes de publicar este texto.

A Compra:

Adquiri na loja online da Centauro, com atendimento bastante agilizado, entrega rápida e nenhuma surpresa desagradável. Com frete grátis, a entrega foi em 4 dias úteis aqui em Curitiba - PR.

Recebendo: 

Abrir a caixa, provar, amarrar os cadarços e absorver o feeling. Primeira impressão: duro. Um pouco pela sensação da entressola mas mais ainda pelo cabedal que é construído em material que parece ser BEM resistente.

Nos pés:

Comprei um número acima do que uso no casual, mas a mesma da maioria dos meus atuais calçados de corrida: 43BR / 11US / 45EU. Com ele nos pés, espaço de sobra no chamado toe-box. Na frente sobrou até um dedo, do jeito que eu gosto. Feita a amarração correta, ajuste perfeito e aí então essa sensação de ser duro foi embora completamente. Ele não é molengão como um Nike Wild Horse tampouco um "pau" como um Kalenji. Achei ele na medida entre suporte, conforto e ajuste. O drop dele é de 8mm, o que me atende muito bem para calçados de trilha.

As primeiras corridas:

O primeiro rolê foi um treino rumo ao Pao-de-Loth, coisa de 10 Km em duas horas, alternando um corre-caminha, em um domingo ensolarado com temperatura na casa dos 23 graus, trilha relativamente seca e aproveitando algumas situações de lama. Nos trechos técnicos em descida senti plena confiança no grip dele. Solado de primeira MESMO, inclusive quando o terreno era, como dizem os espanhóis "descompuesto", aquelas pedrinhas soltas, cascalho, etc. Ou seja o solado TrailTrack ofereceu um ótimo grip tanto no seco como no molhado.

Este tênis conta com uma placa de proteção na parte anterior que realmente faz a diferença quando se passa por terrenos mais pedregosos. Ansioso para testá-lo na quebradeira do Morro do Cal e suas descidas insanas no cascalho pontiagudo.

A placa, chamada de  Ballistic Rock Shield que protege contra pedras e detritos, além de se adaptar mais facilmente a terrenos irregulares.


Na umidade da Trilha do Itupava também senti muita confiança, agarrou MUITO mais que os modelos da Nike por exemplo. Ótima transpirabilidade, não incomodou com o calor que fazia. É certo que ainda não corri com ele em um dia com temperatura de mais de 30 graus mas... vá lá, essa temperatura por aqui é rara. 

O ajuste caiu quase perfeito, faltando apenas fazer a amarração utilizando o furo extra para evitar que ele se desloque demais ali junto ao calcanhar. Talvez o tamanho 42 ficasse melhor? Pode ser, mas prefiro um calçado com espaço na frente e folga atrás que pode ser corrigida com esse ajuste do que um tênis apertado nos dedos. 

 Como já devem saber, estou tratando uma fascite plantar no pé direito e trabalhando minha biomecânica para voltar a aterrissar com o médio pé, prática que abandonei ao acabar voltando a usar calçados com drop mais alto, como os Nike de rua. Nesse aspecto, o Brooks Cascadia me atendeu muito bem e não senti incômodo nos pés.

A entressola DNA LOFT v2 ofereceu essa ótima sensação de maciez mas sem comprometer a estabilidade e sustentação. É na medida certa para mim. 

Outros ponto que acho válido destacar são as portas de drenagem que permitem que a água escoe  rapidamente ajudando a secar os pés mais rapidamente depois de passar por algum riacho ou algo do gênero. E uma outra sacada interessante é a presença de um "eyelet" para fixar uma polaina, caso seja de seu interesse. Em provas com muita areia ou com neve é uma solução interessante para evitar que estes elementos entrem por cima do calçado.

E aí que vem minha conclusão sobre para quem este calçado serve: pau pra toda obra, um daily trainer de verdade, honesto que que para nós, os mais lentos, rola até em competição tranquilamente. 

CONCLUSÃO DA APRESENTAÇÃO

Nestes primeiros quilômetros com ele eu não poderia estar mais satisfeito. Leve, confortável e, principalmente, confiável, me atendendo justamente naquilo que procurava: um calçado para usar em qualquer condição, principalmente as úmidas, já que minhas outras opções não me atendem tão bem assim nestes terrenos. 

Agora é aguardar pra saber da durabilidade. Acredito que não me decepcionarei.

Quando estiver entre 300 e 400 quilômetros percorridos com ele eu volto com uma avaliação completa e o veredito final.

Obrigado por ter acompanhado até aqui! Abaixo um vídeo bem completo com o review.

E você? Já usou calçados da Brooks, tanto asfalto como trilha? Deixa aí que vou curtir saber e você ajuda também toda a comunidade contando sua experiência nos comentários. 




setembro 07, 2022

Pátria Amada, Brasil

 Hola, que tal?

Bem, já começo o texto de forma meio torta não é, com minha tradicional saudação em espanhol e que uso desde 2006 por aqui.

Mas aqui venho falar mesmo dessa complicada relação com aquilo que convencionou-se chamar de pátria.

Isso me lembra das aulas de Educação Moral e Cívica que eu tinha lá no final dos anos 80, ensino fundamental. A diferença entre país, estado, povo, nação e pátria.

Detendo-me ao conceito de Pátria, define-se como algo mais de realidade afetiva. Não e país são termos mais "frios e científicos". Pátria é emoção, é sentimento.

Que é algo que definitivamente um pouco complicado de eu lidar.

E isso vem desde muito muito jovem.

As primeiras lembranças que tenho desse sentimento de pertencer e se identificar a uma pátria vem de 1982, quando eu tinha apenas 5 anos e a seleção brasileira de futebol perdeu por 3X2 para a Itália naquela partida fatídica nas semifinais da Copa do Mundo da Espanha, no que ficou conhecido como Tragédia do Sarriá (este era o nome de estádio). Paolo Rossi carrasco. Aniquilou sem dó um time cheio de estrelas e amplo favorito para a conquista de mais um campeonato mundial.

Éramos o país do futebol, vivíamos ainda na Ditadura Militar, havia aquele patriotismo exacerbado pelo Regime e não me esqueço de quanta gente vi chorando naquele dia. Sofrendo, xingando, desmanchando-se em lágrimas.

Acho que foi esse momento que me marcou mais na sensação que ainda carrego comigo de não-pertencimento a esta nação (ou Pátria? Não sei). Na cabecinha de criança, o Brasil fez meu pai, minha mãe e meus amigos sofrerem. Deixou-os tristes. Carreguei isso comigo por décadas, inconscientemente.

De lá para cá vivenciei momentos extremos de anti patriotismo em minha vida.

Não posso dizer que foi sempre assim e também não posso dizer que a passagem dos anos me tornou mais "brasileiro". Poderia muito bem culpar o futebol por este sentimento tão estranho mas hoje prefiro colocar essa culpa nos astros, afinal aquarianos adoram ser do contra.

Do contra fui eu, assistindo uma final de outra Copa do Mundo na televisão, torcendo em silêncio para a Itália naquelas cobranças de pênaltis em 1994.

Do contra fui eu também, quando praticamente sozinho no Morro do Anhangava eu estava em uma manhã de domingo enquanto o Brasil conquistava seu pentacampeonato no Japão em 2002.

Em outros esportes sempre fui bem torcedor, pode ter certeza caro leitor. Vibrei no ouro do vôlei masculino nas Olimpíadas de 1992, nos títulos do Guga no tênis e nos cumes no Himalaia do Waldemar Niclevicz. Não gostava do Senna mas adorava o Piquet e o Barrichello.

Porém quando pela primeira vez tive a oportunidade de visitar um país estrangeiro, fiz questão de envergar uma bandeira nacional em um cume de montanha na Cordilheira dos Andes e de andar por vários lugares com uma camisa verde amarela da seleção. Senti que nós brasileiros éramos amados na Argentina naquela ocasião em 2009. Não havia esse sentimento besta e patético que muitos brasileiros nutrem contra argentinos. Todos por lá sem exceção nos admiravam.

Uma pena que hoje essa camisa da seleção brasileira de futebol teve muito de sua função desviada por gente e "políticos" com zero respeito pelo país e seu povo, tornando-se quase um símbolo de "bolsonaristas (cadê meu emoji de vômito?)".

Acho que verdade é que não acredito mais muito nisso de nações e pátria. Vejo a humanidade como uma coisa só. Sem distinções de local de nascimento. Uma coisa meio Imagine de John Lennon mesmo. Imagine no countries. Seria melhor assim, eu acho.

No fim das contas, essa condição toda vai além do esporte. É uma questão de sentir e de pertencer. Acontece que hoje me sinto mais brasileiro do que nunca, mais identificado com este país que nenhum de nós escolheu ter nascido e que a duras penas aprendi a amar.

E que apesar de toda a desesperança no cenário político e econômico, aprendi a amar.

Que apesar que desde D. Pedro II tenha havido tanta gente má no controle das decisões dos rumos da nação, mesmo assim, aprendi a amar.

Apesar de um povo conhecido por gostar de levar vantagem em tudo, ainda creio que a maioria é boa, honesta e nasceu neste mesmo país que aprendi a amar.

Nestes 200 anos de declaração da Independência do Brasil de Portugal, fica bem claro para mim que somos um país que pode ser tudo, menos independente.

Escravo e marionete dos jogos dos poderosos que não tem a ver com nações economicamente mais fortes, mas sim com interesses escusos nessa busca incessante por dinheiro e poder.

Mas, vamos lá, deixemos de rabugice e vamos celebrar sim estes 200 anos com verde e amarelo. Porque não é só sobre o feriado. É hora de exaltar o que de belo e de bom temos. Que façamos para 200 anos daqui em diante um Brasil mais justo e pujante.

Obrigado por ter chegado até a aqui.


Cume do Pico Monte do Cerro Franke (4.840m). Argentina - Janeiro 2009.




setembro 02, 2022

A Ressaca Pós-UTMB

 Hola, que tal?

Passada a explosão midiática da UTMB e o F.O.M.O (aquela sigla para Fear Of Missing Out, o medo de ficar por fora do que acontece) dela decorrente, hora de baixar a poeira nessa coisa de acompanhar corridas de longa distância pelas redes sociais e fazer a minha breve reflexão daquilo que foi o evento para mim.

Acho até pertinente esclarecer alguns pontos que podem acabar não sendo bem compreendidos quando pinçados de uma ou outra postagem em rede social.

Um ponto que gosto muito de abordar é que UTMB não é só UTMB. UTMB é a sigla para Ultra Trail du Mont-Blanc, prova que deu origem ao que hoje se transformou em um festival que dua uma semana na cidade francesa de Chamonix e outras localidades vixinhas.

A UTMB (prova) consiste hoje em um percurso de aproximadamente 170 km e 10.000 metros de desnível positivo. Durante esta semana acontece também uma variedade de provas variando desde as opções Kids, passando por médias distâncias voltadas aos jovens talentos e também pelas mais longas e importantes, a saber: TDS com 145 km, CCC com 100 Km e OCC com 54 Km, além de outras.

Então o que rola é que vejo muita gente dizendo que tá indo correr a UTMB mas na verdade vai correr alguma prova nessas outras distâncias. o que acaba confundindo muita gente. Acho importante esclarecer.

Outro ponto é que esse evento é como se fosse uma "copa do mundo do trail running" pois é aquela que, como disse, gera maior mídia e consequentemente maior retorno aos patrocinadores. 

Não, não que tudo se resuma a mídia e exposição. Tem um porquê disso. As provas passam por lugares lindíssimos, o nível técnico das trilhas é elevado e ela conta com aquele status de prova clássica, né? Fosse eu um atleta profissional certamente ela estaria na minha lista de desejos.

Mas por que, como amador que sou, ela não está? Nem a UTMB mesmo e nem mesmo as outras distâncias.

Justamente por isso, pela exposição. Pela quantidade de gente nas trilhas. No UTMB largam 2.700 pessoas! É muita gente e a experiência que eu gosto de montanha e mesmo de competição não contempla compartilhar o espaço com tanta gente assim ao mesmo tempo.

E também essa questão da muvuca como um todo, a cidade cheia, fila para entrar nos lugares, para encontrar uma mesa para comer. Não, não. Obrigado. 

Eu super curto acompanhar pelo YouTube, que tem transmissão ao vivo durante praticamente a semana inteira. Eu fico ligadão e acompanhando com atenção, principalmente a prova principal, a UTMB.

Mas não é para mim como atleta. Não faz parte dos planos e acredito que nunca fará.

Meu estilo é outro, é mais low profile. Não que eu ache que é melhor ou algo do tipo. Apenas é meu jeito.

E passada essa overdose de informações de UTMB, hora de voltar a construir uma base que permita então desfrutar dessas outras experiências mais intimistas, eu e a montanha. E alguma eventual competição em um estilo que me agrade mais. 

Mas aí... assunto para outra hora. Por enquanto, ficam aqui os meus pensamentos.

E você? Prefere algo assim mais "pop" no sentido positivo da palavra, ou algo mais silencioso e discreto em suas experiências de corrida de montanha?

Conta pra mim nos comentários que eu quero começar essa conversa pra me ajudar a desenvolver novos vídeos. Aliás, daria até para fazer uma espécie de ranking ou "separação" dos tipos de provas que a gente encontra no Brasil. Aquelas mais de mídia, e aquelas mais low profile. Vou adorar ler as sugestões de vocês para construir mais esse tópico por aqui.

É isso aí, grande abraço, tchau :)




setembro 01, 2022

Como estou tratando a minha Fasceíte Plantar

Hola, que tal? 

Estou aqui para contar como está sendo a minha experiência no tratamento da fasceíte plantar que me acompanha há algumas semanas. 

Antes de mais nada, é importante deixar bem claro que este não é um conteúdo que busca ensinar, recomendar ou indicar qualquer tipo de procedimento ou prática que busque tratar a fasceíte. É apenas sobre a MINHA experiência que estou vivendo. O que tem funcionado para mim não necessariamente funcionará para outras pessoas, portanto, se você chegou até aqui porque está pesquisando sobre o assunto e ficou curioso para entender como EU estou lidando com isso, seja bem vindo. Mas o que indico mesmo é buscar ajuda de profissionais como médicos ortopedistas (principalmente os ligados ao esporte) e fisioterapeutas. 

Fasceíte (também chamada de fascite) plantar é um processo inflamatório ou degenerativo que afeta a fáscia plantar, uma membrana de tecido conjuntivo fibroso e pouco elástico, que recobre a musculatura da sola do pé, desde o osso calcâneo, que garante o formato do calcanhar, até a base dos dedos dos pés.

Porém o fator principal é a falta de alongamento. A fáscia plantar tem relação direta com a musculatura posterior da perna que, encurtada por falta de estímulo, provoca uma tração desse tecido. Dessa forma, ele será machucado ao andar, gerando um processo inflamatório e degenerativo crônico.

Decidi investigar a causa da dor que estava sentindo no meu pé direito no começo de julho deste 2022 (ou seja, pouco mais de um mês depois de publicar este texto), após um breve período sem correr por conta de uma gripe forte. Procurei um médico especialista em pé e tornozelo e foi solicitado exames de Raio X e de Ressonância Magnética. No RX, tudo ok. Na ressonância magnética veio laudo da fascite. Inclusive, a ressonância é o padrão ouro de diagnóstico e que também afastou a hipótese da dor ser causada por uma fratura por estresse no calcâneo e também dispensar o diagnóstico de esporão (que pode levar a uma fascite). 

Como eu disse, o médico escolhido recomendou cessar a corrida. No entanto, diversos fisioterapeutas acham ok o atleta permanecer com a corrida, evitando apenas superfícies muito duras como concreto e pedras, preferindo correr na grama e na terra. Importante também reduzir o volume e optar por tênis com mais amortecimento. 

Eu tenho buscado inclusive educar meu corpo para mudar meu padrão de pisada, evitando ter o primeiro contato com o solo através do calcanhar e tentando fazer prevalecer a pisada com o médio pé. 

Vale lembrar que esta é uma opção única e exclusivamente minha, sem recomendação de especialistas e nem validade científica. É um experimento apenas. 

O tratamento consiste principalmente de alongamento dessa cadeia posterior, principalmente panturrilha, isquiossurais e do pé propriamente dito. Fortalecimento específico também é bem importante nestes músculos citados. Tenho também lançado mão de massagem com apetrechos como aquelas bolinha cheia de cravos que você encontra facilmente em pet shops e como rolo de liberação miofascial para a musculatura dessa cadeia posterior. É um pouco doloroso fazer isso, mas traz grandes benefícios, literalmente "liberando" os músculos tensionados.

O uso de gelo e de anti-inflamatórios promovem alívio da dor e não na eliminação da causa propriamente dita. O que precisa ser feito mesmo são os alongamentos e o fortalecimento.

Não vou deixar aqui a minha rotina de tratamento pois, como disse anteriormente, cada caso é um caso. 

Espero estar melhor dentro de algumas semanas e hoje tenho ciência de que devo manter uma rotina ainda mais séria de alongamento e fortalecimento para prevenir não apenas a fascite, mas também outras lesões decorrentes da prática assídua de esportes de longa duração.

Conta pra mim nos comentários se você já passou por essa e, se for o caso, o que lhe ajudou para resolver este problema.

Muito obrigado por ter chegado até aqui e se interessar, convido a acessar o conteúdo que deixei abaixo em vídeo também.

Um forte abraço!





agosto 29, 2022

Medo de morrer

 Hola, que tal?

Pois é, sempre, ou quase sempre, do contra.

Quem me conhece um pouco mais sabe como "gosto" de contrariar padrões. E coloco entre aspas exatamente porque não é exatamente um "gostar". É como se o mundo me obrigasse a isso.

E o que tem isso a ver com o que escrevo hoje?

Tem a ver que a temporada de montanha 2022 aqui em minha região está acabando e só agora pareço estar sadio o suficiente para frequentá-la do jeito que eu gosto. Sim, do contra também nesse caso. Nem tanto por opção, mais por resignação. É o que tem.

Finalmente o corpo começa a dar sinais de maior resistência e força, graças ao já mencionado Pilates, à alimentação mais natural e ao cuidado que dediquei ao tratar esta minha última lesão, que se confirmou através de exame de ressonância magnética, tratar-se mesmo de uma fasceíte plantar no pé direito.

Integralista como me vejo, sei bem que não se trata apenas de cuidar do pé, da fáscia plantar propriamente dita. Tem muito mais coisa envolvida para que esta lesão se manifestasse. 

Toda a minha cadeia posterior do lado direito apresenta um desbalanceamento. Nas atividades de alongamento fica visível como este lado do corpo é menos flexível, mais tenso, mais rijo. Reflexo também de comportamentos e atitudes mentais que nada facilitam uma evolução neste aspecto.

Eu mesmo muitas vezes me vejo inflexível, tenso e rijo. Estar trabalhando este aspecto mental certamente também ajudou em uma recuperação mais rápido do que eu mesmo poderia esperar.

Logo, com um pouco ainda de dor no pé e uma certa inflexibilidade nas coisas da vida, vejo meu caminho nas montanhas sendo traçado novamente. 

Estou feliz com isso.

No último domingo 28 de agosto pude inclusive retornar às montanhas com um trote leve (após um sábado de corrida longa na cidade por 16 quilômetros, algo impensável apenas uma semana atrás).

Setembro se aproxima, a temporada das butucas também, mas amante da montanha que sou, não serão os insetos e tampouco o forte calor esperado para este verão que deterá o ímpeto de viver ainda mais nas montanhas.

Nos últimos tempos pude provar para mim mesmo que posso ir além da motivação. Posso ter disciplina. Ela que é tão necessária para o sucesso que busco. Que não tem a ver com glórias, pódios e recordes. Mas com experiências.

Não, eu não tenho medo de morrer. Em tenho medo é de não viver.

Uma excelente semana a todos!





agosto 22, 2022

Carta ao Volp

Esquece as modinhas, Volp. Não te deixa levar pela empolgação da vida digital. Tu sabes que o trail running não é mais o mesmo de quando iniciaste nisso 15 anos atrás. Neste final de semana que passou pudeste comprovar.

Correr em trilhas e por muitas horas nunca deixará de ser um dos teus grandes prazeres. Mas não te ilude achando que a inocência de outrora ainda possa ser encontrada nestes dias midiáticos.

Temos show business como regra e teu lance é outro. É corre libre. Tua essência é a liberdade e a camaradagem. Esquece os mortos, eles não levantam mais.

Sei bem que nunca será algo pessoal. Nunca será referente à fulano ou sicrano. Quem te conhece sabe que é mais sobre como o "sistema" se desenvolve, como as coisas se desenrolam. Nessa politicagem nojenta que vem lá de cima, nessa ânsia desmedida por parecer o que não se é, nessa letargia que afeta a sociedade atual que consome e se consome como se não houvesse amanhã.

Até porque, como diz a canção, "se você parar pra pensar, na verdade não há".

Mas será que não há mesmo, Volp?

Eu sei que tu sabes que na verdade, mas na verdade mesmo, há. Tu só não podes querer prever que seja sombrio ou ensolarado. Isso realmente não nos pertence, prever o futuro. 

Mas saindo dessa conversa filosófica sobre existência ou não de futuro, o que há de fato é o presente correto Volp? Nele estamos todos inseridos e guiados pelo senso comum, pelas convenções sociais que muito importantes são, concorda?

Esta é semana de UTMB, Volp, a Ultra Trail du Mont Blanc e suas incontáveis opções de provas e distâncias. Aquela prova que tu "descobriste" em 2008 e que foi vencida por um novinho magrelo da Catalunha e que viria a se tornar a maior referência da modalidade em todos os tempos, Kilian Jornet. Ali te encantaste com aquela vibe de desafio nas montanhas, algo que sempre apreciaste desde tua primeira visita ao Marumbi em 1995 com apenas 18 anos de idade.

Certamente é o mais midiático dos eventos no nosso querido Ultratrail. É uma exposição frenética tanto por parte dos organizadores, como por parte das marcas lá presente e, obviamente dos atletas que lá estão por merecimento, já que conseguir uma vaga para qualquer uma das provas exige mais que disposição e sorte.

Eu sei que tu, Volp, no fundo acha isso bastante positivo. Quem mal te conhece é que acaba julgando-te como viúva dos velhos tempos. Mas quem te conhece intimamente sabe o quanto te alegras em ver que esse crescimento todo tem um saldo positivo. 

É claro que todo crescimento gera dor também, mas são "dores do bem". É impossível progredir sem, infelizmente, deixar algumas coisas e algumas pessoas para trás. É o fluxo inexorável da vida. Não se pode ganhar sempre, Volp. Porque era isso que tu querias lá atrás, quando começaste 15 anos atrás. Tu querias mais provas, mais, atletas, mais opções de equipamentos. Aí está. 

Ok que junto com isso vieram o consumo desenfreado, as deslealdades, o doping, o impacto ambiental e as futilidades. Mas isso, tu sabes Volp, não é exclusividade do nosso Trail Running. É do ser humano e quanto a isso, nada podemos fazer. Nem Jesus pode.

Sei que desfrutarás esta semana mágica, o "sommet du trail mondiale". Estávamos ansiosos por acompanhar nossos amigos e nossos herois. É chegada a hora, Volp.

Então faz tua parte, manifesta tuas intenções e pensamentos, fala aos que dispostos estejam a isso e segue.

Afinal, quem faz o caminho é o caminhante ao caminhar.

Boa semana, Volp.



agosto 02, 2022

Lidando com Lesões

 Hola, que tal?


Não tenho vivido os dias mais fáceis da minha vida esportiva entre dezembro de 2020 e agora, agosto de 2022.

São quase dois anos sem a consistência idealizada, almejada e que infelizmente ficou no passado.

No último mês de 2020 sofri uma ruptura muscular nos músculos isquiotibiais da coxa esquerda, conhecido popularmente como posterior de coxa.

Não procurei tratamento correto (na verdade só descobri que se tratava de uma lesão grave após alguns meses), voltei a correr antes do prazo e tratamento ideais e acabei por atrasar bastante a recuperação.

No mês de março de 2021 uma nova torção do joelho direito que tem um LCA (Ligamento Cruzado Anterior) rompido, correndo Velódromo do Jardim Botânico de Curitiba. Incidente bobo, ao tentar desviar de um atleta parado no meio da pista enquanto eu imprimia uma boa velocidade em um treino intervalado.

Mais algumas semanas de molho.

No mês de julho de 2021 retornando aos treinos começo a sentir dormência e falta de potência em toda a cadeia posterior da minha perna esquerda.

Desta vez, consulta com especialista em coluna, exames de imagem e o diagnóstico: Protusão Discal entre L4 e L5 que estava pressionando nervos que fazem a conexão com a perna esquerda.

Tratamento é fazer fortalecimento, algo que, erroneamente, sempre acabei por subestimar, raramente fazendo alguma sessão específica.

Segui nos meses seguintes também sem muita motivação e estrutura de treinamento até o final de outubro quando decido voltar a levar a sério e correr novamente com acompanhamento especializado, junto à ML Mix Run do meu querido Manuel Lago, profissional do esporte lá do Rio de Janeiro.

No entanto, férias de 3 semanas no final de janeiro de 2022 me tirou novamente o foco e a vontade de fazer algo mais estruturado.

Prato cheio para aumentar o risco de lesões.

Pior ainda, veio uma gripe fortíssima, daquelas que acometeu quase todas as pessoas que eu conheço aqui em Curitiba entre junho e julho de 2022, logo após minha participação na Meia Maratona Internacional de Curitiba.

E agora, uma vez superado o período gripal, ao voltar a correr, uma dor incômoda no pé direito, que me leva a crer se tratar de uma fasceíte plantar provocada também pela falta de fortalecimento específico.

Iniciei na prática do Pilates em maio deste ano, o que me garantiu um visível aumento de força e flexibilidade mas que ainda parece estar longe do ideal para fornecer aquilo que preciso encarar em minhas propostas esportivas.

Pois é, amigos. A idade chega para todos. Tudo aquilo que eu fazia na casa dos meus 30 ou 35 anos hoje, com 45 anos, é impossível sem disciplina, dedicação e foco que não tenho agora.

Naqueles tempos, bastava calçar os tênis para sair correr 30 quilômetros ou meter o capacete na cabeça e fazer 100 km de bike. 

Todo este abuso do passado, as quase 40 subidas ao Pico Paraná, as 13 maratonas (sendo 8 em trilha), a La Mision Serra Fina, minha única prova de trail running de 80 km e que realizei com pouquíssimo treino específico... tudo isso teve um preço e a fatura chegou.

Escrevo para desabafar que não está sendo um momento fácil essa fase de compreender que envelhecemos e mudamos.

Que se quero novamente desafios esportivos será necessário um cuidado maior com alimentação, treinamento e descanso, os pilares do sucesso.

O primeiro passo foi dado, que é o reconhecimento de que é preciso mudar. Algumas dessas mudanças estão sendo colocadas em prática, como voltar a comer melhor, focar mais ainda no Pilates semanal, me dedicar aos treinos em cima da bicicleta antes de voltar a correr.

Significa também dar um tempo nessa fissura de gravar vídeos no YouTube visando algum retorno profissional futuro e focar naquilo que me paga as contas, viagens e alguns prazeres que é a Jamur Bikes.

Significa também tentar voltar a escrever, porque os momentos que passo junto ao teclado colocando as ideias em forma de palavras escritas me proporcionam um prazer único.

E significa, principalmente, entender que a vida é muito mais que calçar tênis e ir correr, seguir uma planilha, comprar peças de bicicleta para uma ilusória melhoria de performance em atletas amadores e se inscrever em competições.

Não deveria ser minha prioridade. É somente o complemento para uma vida mais plena. 

Então, primeiro resolver essa "base", a fundação do ser humano George Volpão.

E aí então, voltar. Com paciência. E dignidade.

Inclusive voltar a contar histórias por aqui.

Um grande abraço a todos e todas.




junho 15, 2022

Meia Maratona Internacional de Curitiba 2022

 Senhoras e senhores, tudo bem com vocês?

Pois é, eis-me aqui relatando de forma breve a minha participação nesta edição 2022 da Meia Maratona Internacional de Curitiba, prova que como o nome diz, é realizada na capital paranaense na distância de 21.095 metros.


A Preparação.

Após ter participado do Mountain Do Praia do Rosa neste ano (cujo relato estou devendo também), busquei algo que me mantivesse motivado para os treinos de corrida. Pensei: por que não uma meia maratona em asfalto?

Em conversa com meu treinador Manuel Lago, ele achou uma boa ideia e logo encontrei essa opção local. Sem necessidade de viagens e seus custos financeiros envolvidos. Infelizmente a viagem à SC para correr o Mountain Do foi uma péssima experiência neste aspecto e pretendo realizar viagens para correr somente se for realmente um objetivo muito especial de prova.

Isto esclarecido passei a treinar mais especificamente para o evento agendado para o domingo 12 de junho pouco mais de 2 meses antes desta data.

Logo após o Mountain Do passei a lidar com dores na coxa esquerda, aquela que teve uma ruptura muscular dos isquiotibiais em dezembro de 2020. Assim, recomendado fui para não realizar treinos muito intensos tampouco em trilhas muito íngremes, já que o movimento de descida de montanha exige bastante de toda a cadeia posterior do corpo.

Realizei o acompanhamento médico necessário, tirei o pé nos treinos e ao que parece a lesão realmente foi embora após algumas semanas. Isso me permitiu pelo menos retomar os treinos intervalados das terças e quintas. Mas ainda assim, deixei de lado os treinos de montanha. Somente na semana anterior que fui testar os motores, de tanta saudade que eu estava, na região do Morro do Anhangava. 

Aliado a isso, no início de maio iniciei na prática de Pilates às segundas e sextas, notando após algumas semanas uma melhora geral no aspecto de mobilidade, alongamento e fortalecimento geral.

De toda forma, apesar dos bons treinos realizados, ainda me mantive BASTANTE desregrado na questão alimentar e no descanso, dormindo poucas horas e me entupindo de alimentos industrializados, ainda que sem ingerir alimentos cárneos. E assim, cheguei aos dias anteriores à prova cercado de dúvidas...


O Pré Prova

Tirando um pouco o o pé nas sessões de treino nos dias anteriores e tentando me alimentar melhor, hora de direcionar atenção ao aspecto meteorológico previsto para o domingo da prova. Previsão do tempo indicada uma intensa massa de ar polar justamente para o final de semana da prova, indicando temperatura mínima na casa dos 2 graus às 6 da manhã do domingo, dia da prova. 

Isso exigiu uma estratégia diferente principalmente para vestuário e aquecimento propriamente dito. Ainda bem que estava já adaptado à situação, pois 15 dias antes havia tido a oportunidade de correr com esta mesma temperatura em um treino longo de sábado e já sabia o que esperar.

Optei por retirar o kit de prova na sexta feira anterior, logo que disponibilizada esta opção. Melhor escolha, uma vez que no sábado, véspera de prova, tive relatos de amigos que levaram até 1h30min para retirada deste kit na loja Decathlon Barigui, uma falha muito grave do organizador da prova.

Neste mesmo sábado, já escolhido o fardamento de prova, tensão no ar e uma certa pressão desnecessária que me coloquei. Não me sentia treinado o suficiente para o que me propunha, que era fazer a prova na casa das 2 horas.

Apesar de estar veloz nos treinos intervalados, nos mais longos meu ritmo estava bastante lento. Parece que ainda me falta o "meio-termo". Tenho resistência para horas de atividade desde que de forma lenta e me sinto rápido para corridas até 30 minutos. Sabia disso e esta inquietação me tirou um pouco da tranquilidade na noite anterior.


A Prova

Com o relógio programado para despertar às 4 da manhã, vejo-me desperto uma hora antes. Rolando um pouco na cama buscando reencontrar o sono perdido, as inquietações voltaram. Mas que coisa boba, justamente comigo que jamais me importei com isso de tempo, pace, objetivos conquistados, etc...

Optei por levantar e preparar o desjejum favorito: panqueca de banana com aveia e canela e um café preto bem forte.

A largada da prova foi na Praça Nossa Senhora de Salete, a pouco mais de 1 quilômetro de casa. Fácil para chegar a pé. Mas havia o frio. Então, mochilinha e roupas quentes para serem deixadas no guarda volumes. Desta vez a Patrícia não poderia me acompanhar pois tinha compromissos profissionais neste mesmo domingo bem cedo. 

Saí de casa às 5:20, muito frio e me encaminhei direto ao guarda volumes da prova. Após uns minutos de tensão, afinal a fila estava grande para deixar o material e o horário de largada se aproximava. 

Acabou dando tudo certo e entrei no funil de largada faltando pouco menos de 5 minutos para as seis da manhã, horário previsto para a largada. Lá encontrei meu amigo Titai, parceiro comercial e de corridas em trilha.

Largamos pontualmente na mais completa escuridão para um já clássico trajeto de descer a Av. Cândido de Abreu, dobrar à direita na Inácio Lustosa e mais uma quebrada à direita para a Rua Mateus Leme.

Aos poucos a multidão vai se diluindo (Largamos junto com o pessoal que faria a prova dos 10Km) e consigo encaixar a minha corrida programada, na casa dos 5:30min/km.

retornamos à região do Centro Cívico e encaramos a primeira subida um pouco mais longa da prova, na Comendador Fontana sentido Alto da Glória. Obviamente a velocidade cai mas tudo sob controle. 

Descemos a Ubaldino do Amaral, passamos por cima do Viaduto do Capanema com o sol nascendo, um momento muito bonito da prova.

Em seguida hora de encarar um bom trecho plano sentido PUC, indo quase até o encontro com a Linha Verde e retornando por uma via paralela.

Neste momento eu já estava no piloto automático, beirando os 10 km de prova. A estratégia de me alimentar com um gel de carboidratos a cada 40 ou 45 minutos funcionou bem mas me sentia um pouco desidratado. Havia falhado em tomar mais água pela manhã.

Umas pequenas bolhas nos dois pés começaram a me incomodar, mesmo estando com equipamento já testado anteriormente: Meias Hupi, creme antiatrito e tênis Hoka Rincon 2. Mas nada que me impedisse de prosseguir ou que me fizesse mudar a forma de pisar.

O momento mais tenso foi mesmo entre os quilômetros 12 e 14, onde meio que joguei a toalha e dei um foda-se pra ideia de meia maratona em duas horas. Bastaria completar e ok. Não estava mais curtindo. Passei a caminhar nos postos de hidratação. Mas, curiosamente, meu corpo se recusava a se entregar. Ele estava muito bem. Disposto, forte, sem dores e sem cansaço. A cabeça que não estava mais interessada em fazer tudo aquilo naquela velocidade programada de 5:30 no plano, 5:45 subindo.

No retorno á região central da cidade, superando a mais temida subida da prova ali no Viaduto do Capanema me vi novamente tomado de uma força interior que me fez acelerar novamente.

E aí começou a doer. Ma sum dor boa, uma dor gostosa. A respiração forte. Os batimentos acima de 180 por minuto. Senti-me vivo e bravo. Lutador. Batalhador por uma glória completamente questionável. Mas era o que me movia

E aí me vi feliz. Feliz pela entrega, por fazer força, por dar o máximo que eu tinha. Não importando em quanto tempo eu finalizasse a prova. O que valia era a entrega. Dar o que eu tinha. Tudo.

E dei. Na última descida, com os quadríceps quase em ponto de falha muscular, voava abaixo dos 4:40 por quilômetro.

O que foi suficiente para conquistar meu objetivo particular, fechara  prova com o tempo oficial  (no chip) de 2h00min08seg.

Duas horas de prova quase redondo. 

E um punhado de reflexões que deixarei no próximo post.

Abaixo imagens que adquiri junto à Foco Radical e um vídeo sobre o assunto que publiquei em meu canal.

Força sempre!

O que que eu tô fazendo aqui?



Aqui as forças voltaram. Viaduto do Capanema, Km 17.



Últimos metros.



Descendo a milhão já no final da prova.


março 29, 2022

Diário de Viagem Pati&Volpe Férias 2022 - Dia 03

 Segunda, 24 de janeiro de 2022.


Se tem algo absolutamente obrigatório a ser feito quando se pensa em praticar caminhada, corrida ou bike numa região com a de Paraty; é acordar cedo.

O sol abrasador das 7 da manhã já é o suficiente para provocar um desgaste muito maior do que aquele que sofremos aqui em terras dos planaltos paranaenses. Então acordamos antes ainda e por volta de 6:30 já estávamos no caminho escolhido.

Para o o primeiro dia pensamos em fazer a trilha que comentei no post anterior, que leva à Pedra Cabeça do Índio passando pelas Piscinas Naturais do Cachadaço.

Sem jamais ter pisado antes na região, tivemos como munição o App Wikiloc em nossos aparelhos celulares. No meu caso, a versão paga, permite que você siga uma trilha baixada anteriormente e disponha de mapas offline. Logo, não precisa de sinal de internet parta navegar com um pouco mais de segurança.

A trilha em seu início é bastante fácil de se encontrar e de se percorrer. E em pouco menos de 30 minutos entre corrida e caminhada estávamos neste paraíso abaixo.






Impossível que as fotos traduzam a beleza que somente ao vivo podemos apreciar. Mesmo assim, é claro que fizemos dezenas de fotos e vídeos.

O bacana de ir cedinho é que por lá encontramos apenas um casal (que coincidentemente estavam acampados lá no Na Praia Camping também) e um outro trekkeiro solitário. O relógio mal passava das 7 da manhã e o calor já era bastante forte.

Obviamente caímos na água para uns mergulhos e em seguida partimos rumo à Pedra da Cabeça de Índio. Aqui, trilha um pouco mais longa e mais fechada, mas bastante tranquila de navegação, sem bifurcações ou roubadas.

Da Vila de Trindade até a Pedra são pouco menos de 5 quilômetros que em nosso passo se traduziu em pouco mais de uma hora de atividade (descontadas as paradas, é claro).

Lá na Pedra, só nós dois e o marzão a perder de vista. Um lindo dia. Breve lanche, muitas fotos, inclusive aquela clássica e voltamos à mata e à umidade sufocante da trilha.




Como o retorno seria feito pela mesma trilha da ida, decidimos passar novamente nas piscinas Naturais e aí o que encontramos foi o turismo de massa. Gente chegando em barcos e tudo. Mesmo assim curtimos um pouco por ali, novo banho para um refresco e partimos rumo Trindade.



Atividade esportiva da manhã realizada com sucesso, hora de comprar cerveja, preparar um almoço e repousar sob a sombra das árvores e a brisa do mar.


Ali no camping o forte calor não era problema.

E assim passamos o início da tarde, realmente vivendo o que chamamos de férias. Dolce Far Niente

Por mais que os quase 10 quilômetros do trekking e corrida da manhã pareçam pouca coisa analisando a frieza dos números, a sensação foi de bastante esforço. Mesmo assim a Pati se empolgou para dar umas braçadas nas belíssimas águas de Trindade no final da tarde. Fiquei somente nas fotos, cansado que estava. E assim finalizamos mais esse dia incrível.





E já com ideias para os próximos, é claro.

Abraços e até o próximo texto.


março 28, 2022

Diário de Viagem Pati&Volpe Férias 2022 - Dia 02

Domingo, 23 de janeiro de 2022.

Dando sequência às memórias de férias do início deste ano, primeiramente me desculpo por tamanha demora na publicação dos textos. Poderia deixar meia centena de justificativas aqui mas é basicamente uma só que importa: procrastinação. Sigamos!

O domingo 23 de janeiro amanheceu MUITO bonito. Era dia de teste de 3 quilômetros e eu estava bem distante das condições ideias para isso, tanto física como geograficamente.

No aspecto físico porque já na semana anterior eu vinha com o tradicional pé na jaca alimentar. No geográfico porque poxa... eu queria correr na praia, na areia não é? Havia a possibilidade de realizar esse teste no acostamento da Rodovia Rio-Santos. Mas não ne? Férias, praia, o lance é correr na areia.

Pelo menos, a Praia de Guaratuba é na sua maior parte composta de uma areia bem compacta, o que permitia desenvolver um bom ritmo. Havia também a questão do forte calor e umidade presentes já ao amanhecer.





E que amanhecer! Um morro coberto de mata nativa junto à Barra do Rio Guaratuba deixava o cenário ainda mais bonito. Saí bem cedo, mas perdi o momento em que o sol se levantava à leste. Mesmo assim manhã maravilhosa de corrida, teste realizado de acordo com o protocolo sugerido e treino finalizado bem na hora que a Patricia já tinha tudo pronto para um desjejum. Como foi meses atrás, não lembrarei o cardápio mas sim dos eventos da sequência.

Já levantamos acampamento pois nesse dia iríamos rumo Praia de Trindade, já em Paraty, Estado do Rio de Janeiro. Tudo organizado, era hora de curtir um pouquinho a praia. A Pati se mandou para a natação dela coletando antes informações sobre correntes e marés junto a um pessoal que alugava caiaques.


Desta vez decidi não acompanhar remando e fiquei apenas me refrescando nas águas salobras da embocadura do já mencionado Rio Guaratuba. Neste horário de meio da manhã a praia já estava bastante lotada (lembre-se, era o último dia do feriadão municipal da capital paulista).

Desviando-nos da muvuca, fiquei curtindo fazendo imagens por lá, a Pati fez um treino de natação em condições ainda inusitadas para ela devido à forte correnteza em alguns pontos e depois de pouco mais de uma hora decidimos partir para a estrada.


A estrada é um show a parte e vale bastante ir sem pressa, curtindo. Apesar de termos "apenas" pouco mais de 200 quilômetros de viagem até o próximo camping, a estrada conta com inúmeras curvas, subidas, descidas e aglomerações urbanas no caminho, com tráfego intenso por vezes.

Decidimos para para almoço e abastecimento do carro em Caraguatatuba. pelo Google Maps encontramos um buffet de valor acessível como na véspera e um posto de combustível que aceitava o Sem Parar, posto de bandeira Shell. Mal sabíamos que aqui seria o início da parte dramática da viagem.

De momento, tudo em ordem, seguimos em frente, passamos por Ubatuba e muito trânsito. Mas logo após a praia principal desta cidade a rodovia começou a ficar cada vez mais deserta e as paisagens mais lindas ainda.


Cruzar a Divisa de Estados entre São Paulo e Rio de Janeiro era o indicativo de fim da jornada. Já estávamos nos aproximando do final da tarde e a sinuosa e íngreme estrada de acesso à Praia de Trindade provou ser um desafio. Descidas violentíssimas e curvas sinuosas e que exigiam muita cautela e deixaram uma pequena preocupação com relação ao retorno. De toda forma, pelo menos esse trecho era asfaltado e o movimento grande, o que nos trouxe certa segurança para obter alguma eventual ajuda.

 Chegando na vilinha de Trindade, nos dirigimos ao nosso local escolhido para as próximas 3 noites de acampamento, o Na Praia Camping. Fomos muitíssimo bem recebidos e nos foi dada a oportunidade que esperávamos: montar a barraca exatamente em frente ao mar, no final do terreno da propriedade com apenas uma pequena cerca nos separando da faixa de areia junto à praia principal de Trindade.

O valor da diária foi de 70 reais e o camping oferecia cozinha, banheiros sempre limpos, tomadas e internet wi-fi. Para que mais que isso?

Bastante cansados, montamos nosso acampamento, curtimos um pouco da praia nas últimas luzes do dia e fomos em busca de algo para comer no centrinho da vila.

Encontramos uma localidade bastante impactada pelo turismo alternativo. Não é aquela coisa gourmet e fresca que não apreciamos mas também não é "raiz". É para uma galera mais diferentona, jovens descolados, com muitas lojinhas de artesanato e tal. Não poderia dizer que é uma praia "família" mas sim uma praia para jovens casais ou solteiros em fase de pegação.

Muita, mas muita gente nas ruas e nos bares. Encontramos um que dispunha de valores razoáveis para comer uma batata frita e tomar uma cerveja somente para forrar o estômago e descansar.

Os planos para o próximo dia incluía acordar bem cedo e seguir para as Piscinas Naturais do Cachadaço e, se possível, até a Pedra Cabeça do Índio, alguns quilômetros de trilha.

E assim foi, conto para vocês no próximo post.

Abraços!



fevereiro 10, 2022

Diário de Viagem Pati&Volpe - Férias 2022 - Dia 01

Sábado, 22 de janeiro de 2022.

Neste primeiro texto com o diário de bordo (infelizmente escrito algumas semanas após os eventos e sujeito, portanto, à omissões e esquecimentos) a ideia é tentar contextualizar o lance da viagem, além, é claro de contar como foi este primeiro dia. 

Nos meses anteriores acabamos por escolher a cidade de Paraty,  litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, como destino principal das nossas férias programadas para o início de 2022.

Com a Patrícia tendo seus treinos dedicados à natação em águas abertas e meu recente interesse por remar também em águas abertas, vimos este lugar como um ponto interessantíssimo para visitar e explorar as possibilidades da região. Águas transparentes (para não dizer esverdeadas), sol, calor e tudo aquilo que nem sempre encontramos no litoral aqui da Região Sul do Brasil. Além disso, em nossas férias anteriores tivemos a oportunidade de visitar Florianópolis e outras localidades do litoral sul. Logo, apontar a bússola para o norte e buscar águas mais quentinhas seria uma ótima ideia. E foi mesmo!

Saímos de Curitiba neste sábado 22 de janeiro aproximadamente às 10 da manhã tendo como destino do dia o Camping Recanto Caiçara, na Praia de Guaratuba (homônima à nossa aqui do Paraná) no município de Bertioga, Estado do Paraná. Pareceu-nos uma excelente localização, junto à barra do Rio Guaratuba, uma boa opção para a natação da Pati e uma eventual remada minha na manhã seguinte, antes de partirmos rumo à Paraty.

A viagem transcorreu com bastante tranquilidade até Registro-SP, pouco mais de 200 quilômetros de Curitiba e ponto escolhido para o almoço. Preferimos entrar na cidade e buscar um restaurante do tipo buffet, uma vez que as opções situadas à margem da Rodovia Régis Bittencourt não nos pareceram interessantes do ponto de vista de economia e de opções de cardápio.

Escolhido o restaurante com base nas avaliações do Google Maps, paramos para almoço sob um calor bastante opressivo, coisa de 34 graus com sensação térmica de quase 40. Imagine isso pra um Curitibano que ama o frio como este aqui que está escrevendo... Opção simples mas bastante saborosa: arroz, feijão e salada, basicamente. Voltamos à estrada para logo deixarmos a Régis Bittencourt e tomar a direção do litoral. Passamos por Peruíbe, Itanhaém, Mongaguá, Praia Grande, desviamos Santos, Cubatão e Guarujá e, finalmente, entramos na Rio-Santos. Aqui, novidade para mim, a rodovia está sob administração estadual. E aqui também começou o trânsito mais intenso, principalmente na região conhecida como Riviera de São Lourenço.

Ali aproveitamos para fazer as compras de mercado em um chiquérrimo Pão de Açúcar (A Riviera de São Lourenço é uma praia para gente com muito mais dinheiro que nós. Ponto.). Já era final de tarde e seguimos para o destino final de hoje, o já mencionado Recanto Caiçara. 

O acesso foi um pouco confuso para nós, mesmo seguindo o Google Maps. Não sabíamos que o camping estava localizado em uma espécie de condomínio, com portaria e fiscalização de portaria. Na verdade essa portaria servia mais como uma intimidação para quem não conhece a região do que propriamente uma fiscalização e controle. Estranho para nós, pelo menos, aqui no Paraná não há nada do gênero.

Chegando no local do camping uma espécie de terror e pânico tomou conta da Patricia. MUITA gente e pouquíssimo controle de pessoas. Não havia uma entrada propriamente dita pro camping. Chegamos tentando achar uma vaga para o carro e para a nossa barraca em meio àquela multidão que havia acabado de retornar da praia sob o lusco fusco do anoitecer. Patrícia, mais do que eu, abomina este tipo de aglomeração, chegando até mesmo a sugerir que procurássemos outro lugar.

Imediatamente recordamos que estávamos no meio de um feriadão municipal da capital paulista (que fica a apenas 130 km do camping, aproximadamente). Logo, não haveria nenhum espaço mais vazio pela região.

Tentamos relaxar, montamos nossa barraca e fomos "reconhecer o terreno". Pelo menos haviam algumas regras bem rígidas com relação ao ruído e à ocupação dos espaços e aos poucos fomos nos "aclimatando". No fim das contas, acabou sendo uma estadia bastante agradável.

Neste mesmo final de tarde foi possível ainda ter um tempinho para ir ver a barra do rio e a praia de mar aberto. 

Acabamos por conseguir montar nossa barraca em um lugar tranquilo, com pontos de energia elétrica e até wifi.

Como saldo geral, a viagem neste dia foi bem tranquila e a estadia neste camping acabou sendo uma boa surpresa. Lugar muito bonito, com bastante gente mas que acabou não prejudicando a tranquilidade.

Preparado um breve jantar e prontos para dormir, discorremos ansiosos sobre o que o dia seguinte nos reservaria, com a natação no rio pela manhã, meu teste de 3Km de corrida e a sequência da viagem rumo à Paraty.

Seguimos!


Nós, as duas bikes e tudo o necessário para pedalar, nadar, remar e correr por 15 dias.

Final de tarde na Guaratuba Paulista.

Achamos um cantinho :)

Enfim, FÉRIAS!


fevereiro 08, 2022

Feliz Ano Novo!

 E vale tanto para 2022 como, mais especificamente, para mim. Uma vez que no último cinco de fevereiro completei mais um ano de vida. 45 no total.

Para mim, sempre considerei como ano novo "de verdade" o meu aniversário. Afinal nem mesmo faz sentido comemorar a virada de um ano na data convencionalmente usada, o 01 de janeiro. Não tem relação alguma com algo astronômico e tal. É uma convenção apenas.

Assim sendo, um novo ano se iniciou para George Volpão no 05 de fevereiro de 2022. E, sem lá muita coincidência envolvida, uma data data onde eu e a Patricia finalizamos nossa viagem de férias.

Foram 15 dias e 1.760 quilômetros percorridos de carro visitando praias dos litorais norte paulista e sul fluminense bem como um cantinho maravilhoso da Serra da Mantiqueira.

E essa história contarei em forma de textos diários com fotos e vídeos nos posts seguintes por aqui.

Feliz 2022 para vocês!


Reduza a velocidade. A vida passa rápido demais, desfrute!