novembro 10, 2008

História

Programão bem turístico no final de semana que acabou de passar. Roteiro básico por algumas cidades históricas das Minas Gerais. 

Parti num sábado carrancudo (o dia, não eu) e após longas quatro horas de Viação Sandra cheguei a cidade natal de José de Resende Costa, um dos inconfidentes chegados do (mais famoso) Tiradentes. No trajeto passagens por pitorescas cidadezinhas do interior, como Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada e
São Brás do Suaçuí.

No mesmo sábado um churrasco com o pessoal da geologia mineira e um bom descanso, afinal era final de semana. Os treinos dos dias anteriores foram puxados, levando inclusive a uma lombalgia bastante dolorosa e que ainda incomoda.

Pelo domingo cedo rumamos todos a Tiradentes, onde chamou-me muito a atenção o cuidado com o patrimônio histórico. Parece incrível ter aquelas construções todas em execelente estado de conservação. E mais incrível ainda é pensar que Curitiba, por exemplo, foi fundada décadas antes de Tiradentes. No entanto a capital paranaense passou por cima de sua história, praticamente nada restando em pé das construções do século XVII ou XVIII. Sei também que essa história toda de Tiradentes só continuou preservada dado o isolamento da comunidade, principalmente após o final do ciclo do ouro em nosso país, o que ocorreu por volta 1790. Já no caso de Curitiba, mudou-se tudo. A cidade tornou-se capital, apagaram os vestígios antigos e por cima ergueram sem escrúpulos os monstros de concreto e aço por sobre as ruínas. Uma cultura de quem não se preocupa com sua memória.

Com direito a câmera fotográfica pendurada no pescoço, saímos atrás de um almoço tradicional (uma delícia de Feijão Tropeiro no Dona Xepa) bem como um passeio pelas ruas calçadas com enormes pedras.

No retorno a Resende Costa, uma breve passadinha por São João del Rei. Essas cidades todas além de fazer parte do programa tradicional das cidades históricas mineiras, são também integrantes do Circuito Estrada Real. Findo o domingo, um descanso para as costas doloridas. A partida para Belo Horizonte na manhã de segunda-feira foi sob chuva torrencial, prenunciando o início da estação úmida do interior mineiro. Abaixo algumas fotos.

Um grande abraço.

Belo visual da parte alta de Tiradentes.



Casario antigo de Tiradentes.



A maior parte das casas antigas se tornaram comércio de artesanato.



Ou então restaurantes. Esse o Dona Xepa.



Casas viram comércio. Igrejas também: R$ 3,00 para visitar seu interior.


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outubro 10, 2008

Travessia da Serra do Caparaó

Buenas!

Finalmente voltei a jogar uma mochila cargueira as costas. Mesmo com a perspectiva do Aconcágua e tudo o mais, meus treinamentos estavam direcionados basicamente às corridas e caminhadas aceleradas nas montanhas da Serra do Mar paranaense.

No entanto houveram anomalias climáticas nos últimos meses na região leste do Paraná, onde o último final de semana de bom tempo que eu me lembro foi no início do mês de agosto. A partir desta data até minha mudança para Belo Horizonte eu não mais havia subido montanhas para pernoitar, carregando peso por horas. Algumas caminhadas aceleradas foram feitas, como o ataque no Ciririca e a descida do Itupava, mas nada com a especificidade necessária para simular as condições a serem enfrentadas no início do ano na Cordilheira dos Andes.

Surgiu a oportunidade para este final de semana que passou e não desperdicei. O Pico da Bandeira (2.892 m) surgiu como destino óbvio, dada sua relativa proximidade da capital mineira (se comparado a sua distância de Curitiba, minha casa até semanas atrás). Além disso, trata-se da terceira maior montanha do Brasil, bastante freqüentada e conhecida pelo pessoal daqui do sudeste brasileiro e sonho antigo deste montanhista. Apesar do Parque estar a apenas 290 km em linha reta de BH, o trajeto até lá é bastante tortuoso.

A idéia era não só atingir o cume do Pico da Bandeira, mas também realizar a travessia, iniciando a caminhada pela portaria capixaba e finalizando na portaria mineira, que está na parte bem mais freqüentada.

Passei a semana anterior pesquisando os dados na internet, colhendo informações e nos inteirando da previsão do tempo, que não era muito favorável. Mesmo assim resolvi arriscar.

Embarquei com destino a Carangola, leste de Minas Gerais, quase na base da Serra do Caparaó. Tomei o ônibus das 07:15 da manhã do sábado dia 11 de outubro, pela Viação Pássaro Verde na Rodoviária de BH. A passagem custa R$ 66,00. A previsão da duração da viagem era de seis horas. Muitas e freqüentes paradas por pequenas cidades do interior nos atrasaram bastante. Rio Casca, Abre Campo, Realeza… São alguns dos lugarejos que o ônibus parava para embarque e desembarque de passageiros. Houve, inclusive, um contratempo que nos atrasou mais ainda, o sumiço da mala de um dos passageiros. Agradecendo a Deus que não tenha sido eu a perder a preciosa bagagem, aguardamos com paciência o preenchimento de laudos e relatórios da infelicidade ocorrida.

No fim das contas chegamos em Carangola no exato momento em que partia o outro ônibus que nos levaria ao destino programado para este dia: Espera Feliz. Eram quatro da tarde, um atraso de quase três horas.

A viagem até a cidade de nome curioso tomou apenas 45 minutos e custou R$ 3,20. Espera Feliz, já na divisa com o Espírito Santo já tem um aspecto muito mais agradável do que as outras cidades que havíamos passado. Assim que descemos do Terminal Rodoviário já obsversei as três opções de hospedagens disponíveis. Acabei me decidindo pelo nome mesmo: Hotel Montanhês. Está situado bem em frente ao terminal rodoviário. Diária para casal a módicos R$ 40,00 com café da manhã. Banheiro privativo, TV no quarto, chuveiro bom…tinha até uma varandinha para observarmos o movimento na pracinha em frente. Talvez na temporada de montanha seja necessário ligar e reservar um quarto: (32) 3746-2575.

Cansado da longa viagem dei um tempo e parti para dar uma geral na cidade e achar um lugar legal para jantar. Mais uma boa surpresa: Central do Chopp. Uma deliciosa pizza e vários chopps por apenas R$ 28,00. Está localizada na rua principal da cidade.

Voltei para o hotel, já com a informação que precisava. O ônibus com destino a Pedra Menina partiria no domingo as 07:15 da manhã do mesmo terminal rodoviário.

É do vilarejo de Pedra Menina, bem na divisa de estados, que começa a caminhada de 8 km até a portaria capixaba. Até lá seriam aproximadamente 28 km de estrada de chão, com alguns poucos trechos pavimentados. Aliás, a estrada de acesso a Pedra Menina está sendo asfaltada.

Já no domingo levantei as seis da manhã e após um excelente café da manhã no hotel fui tomar o ônibus. Com certeza era a atração da cidade, com nossas roupas e mochilas…

O dia amanheceu com sol e algumas nuvens, o que nos animou mais ainda.

Apesar da curta distância levamos quase duas horas para chegar a Pedra Menina. Neste local meti o pé na estrada, seguindo as placas que indicavam a direção da portaria. Não tem erro, caminho óbvio e sem bifurcações. Fica apenas a dica de quem for fazer o trajeto a pé como nós, de seguir pelo lado mineiro, na margem esquerda do Rio Preto. São 8 km até a portaria. Se você seguir pelo lado capixaba serão 12 km…

A caminhada que pretendía fazer tem uma característica única nas travessias aqui no Brasil. Apresenta um desnível altimétrico brutal. Parti de Pedra Menina por volta dos 800 metros de altitude. O objetivo para este dia estava situado mais de 1.500 metros acima. Ou seja, a caminhada seria bastante dura, ainda que fosse através de estradas. Essa é outra peculiaridade. Foram pouco mais de 15 km percorridos neste dia por estradas de chão com alguns trechos calçados.

Iniciei a caminhada em Pedra Menina as 9:00. Subida e sol forte me consumiu quase duas horas para fazer os 8 km que me separava da portaria capixaba do Parque Nacional do Caparaó.

A estrutura é grande, com cadastro de visitantes, uma super atenção do guarda parque no sentido de nos falar do clima, das trilhas e das atrações. Pagamos a taxa de ingresso e de pernoite (R$ 9,00 por pessoa) e toquei parque acima.

Como se pode observar em algumas fotos, boa parte do trajeto que leva da Portaria Capixaba do Parque até o Abrigo Casa Queimada é pavimentada. Aqueles lajotões de cimento que fariam a alegria daqueles que freqüentam a Fazenda Pico Paraná por exemplo. Só mesmo uma estrada calçada para se poder chegar de automóvel àquela altura toda. A portaria está a aproximadamente 1.300 metros de altitude. Em apenas 7,5 quilômetros vencemos pouco mais de 1.000 metros de desnível.

Antes disso, porém, passamos pelo primeiro abrigo, chamado Macieiras. Lá conta-se até com churrasqueiras… Se não é o programa favorito dos montanhistas, pelo menos ninguém faz fogueira no chão. Tem uma casa para pernoite também, cuja chave pode ser conseguida mediante reserva antecipada e disponibilidade de vagas (na temporada de montanha é mais difícil). Lá também tem banheiro, chuveiro e essas modernidades.

Nosso destino deste dia era mais a frente, então metemos o pé na estrada. A subida continuava, agora por um vale menos íngreme, já com a primeira vista do Pico do Cristal (2.769,70 metros) que se aproximava. com alguns minutos de caminhada rumo a Casa Queimada cheguei a entrada de uma curta trilha que leva à Cachoeira da Farofa.

Bonito lugar, cachoeira de uns 50 metros de altura. Não me arrisquei a descer até sua base, preferindo curtir o visual de seus poços de água cristalina e geladíssima em sua parte superior.

Não me detive muito por ali, toquei para cima. Por volta das três da tarde atingimos enfim o abrigo Casa Queimada, onde lá estavam duas mulheres que haviam subido de carro. Assim como eu, passariam a noite acampadas ali e subiriam no dia seguinte.

Que maravilha, só tirar os equipamentos do porta-malas e caminhar por longos 30 metros até a clareira… No meu caso comecei a desmontar as mochilas e preparar um almoço. A fome dominava os pensamentos.

Assim que comecei a preparar a refeição começou a chover. Chuva fina, chocha, mas que molhava à beça. Aproveitei a estrutura (uma área defronte ao banheiro) para lá cozinhar. A chuva logo parou e pude montar a barraca nova (que será usada no Aconcágua) sem mais entreveros.

Estômagos satisfeitos, me acomodei na barraca e logo voltou a chover. Adormeci rapidamente, pouco depois do sol (sol?) se pôr, antes das seis e meia. Choveu praticamente durante toda a noite. Um chuvisco na verdade, mas que me deixava apreensivo para o dia seguinte, onde caminharía em locais mais altos e expostos. Se amanhecesse chovendo forte já tínha o plano B traçado: chamaría as meninas numa carona de retorno, hehe.

Não foi preciso. O dia amanheceu carrancudo mas sem chuva. As mulheres desistiram do ataque ao Pico da Bandeira e antes das sete da manhã já estavam descendo a estrada no carro delas.

Um café da manhã meio chulé (eu havia esquecido de trazer um capuccino) deu início ao longo dia nas montanhas. Estava por sobre os 2.300 metros de altitude e chegaría nos 2.892 metros do Pico da Bandeira. Antes disso passaría por alguns outros cumes, como o Calçado, o Calçado-Mirim e o Pico 2, todos na faixa dos 2.700 metros.

O tempo estava bem pior que no dia anterior, com a base das nuvens na faixa dos 2.500 metros. Após uns pouco minutos atingi esta altitude e entrrei no mundo da umidade e do vento, que na verdade nem era tão forte. A caminhada se faz exclusivamente por uma trilha em suave pendente nos campos de altitude, inclusive com algumas Caratuvas (chusquea pinifolia), que fez minha mente viajar às altitudes paranaenses. Ainda mais com aquelas nuvens carregadas…

Após atingir o alto da crista principal da Serra do Caparaó, em vez de ter uma bela visão do lado capixava, onde em dias límpidos é possível até avistar o mar, me satisfiz com a expectativa de estar chegando enfim ao Pico Calçado. O tempo abriu um pouquinho e pude vê-lo mais além e mais alto. Agora o terreno era basicamente rochoso e seguía as setas amarelas pintadas (pintadas?) na superfície. Achei esse sistema de sinalização muito impactante, até porque a quantidades de tinta usada era absurda. Havia marcações a cada 4 ou 5 metros pelo menos. Um exagero. Impossível se perder ou errar o caminho em um lugar desse. Talvez fosse mais interessante usar placas metálicas coloridas chumbadas na rocha, assim como no P. E. Marumbi, no Estado do Paraná. Aliás, é apenas nesse aspecto que o Marumbi se mostrar mais lúcido em suas soluções se comparado ao Caparaó.

E a trilha (trilha?) sobe. Enfim o Calçado, agora sim sob um vento mais digno de montanhas. Infelizmente já não havia mais visual e só soube que estávamos chegando ao Pico da Bandeira quando já estava praticamente na base dele, coisa de 5 minutos de seu cume. Ali larguei a mochila, comi algo e toquei rapidamente para cima. Curiosamente lá no alto estava mais quente, com o sol passando pelas nuvens e queimando forte (voltei com as mãos bem queimadas). Cume estranho. Um cruzeiro, duas lajes cimentadas que devem ter sido a base de alguma construção antiga e um “projeto” de antena. Muitas pichações e tudo detonado. Infelizmente nada de visual.

Toca para baixo. A meta agora era chegar na cidadezinha de Alto Caparaó até o final do dia. Eram dez e meia da manhã. Agora percorreria um caminho bem mais batido segundo informações. Na verdade o início da trilha se faz por um rio (rio?). Não sei se na época da estiagem tem água por lá. Mas por mais de uma hora andei saltitando pelas pedras, fugindo das águas que desciam com fúria o Pico da Bandeira.

E nada do tempo melhorar… Só saí da “trilha-rio” nas imediações do acampamento seguinte, Terreirão. Uma ampla área bem abrigada dos ventos e com uma casa de pedra decrépita como a do Abrigo 2 do Pico Paraná, mas com telhado. E goteiras também. Havia um pessoal da região lá acampados (dentro da casa) com comida e algo mais para quatro dias. Ofereceram um Chapati com Mel que estava realmente uma delícia!

Dispensei o convite para entrar na enfumaçada casa onde rolava uma fogueira (fogueira?), apesar da proibição deste tipo de atitude no Parque. Pelo menos era dentro da casa e não teria como fugir ao controle, sem contar que aquela umidade toda jamais permitiria qualquer chama de permanecer acesa.

Descendo rumo ao próximo acampamento, o Tronqueira, a trilha era mais aberta ainda, detonada mesmo. Vinha na minha cabeça a imagem do futuro da trilha do PP na região do Morro do Getúlio. Sim, este será seu destino se nada for feito. Mais duas horinhas e cheguei, agora sob sol tímido, ao Abrigo Tronqueira. Neste ponto os carros chegam, mas no meu caso restava descer quase 1.000 metros de desnível rumo a cidadezinha.

A mochila estava pesando muito (barraca molhada nas costas) e o cansaço foi batendo. Me arrastei em longos sete quilômetros morro abaixo até a portaria, onde fui informado da possibilidade de um taxi vir me buscar ali, por um preço razoável, poupando dos últimos quatro quilômetros de descida.

Boa! Mandei vir o carro e relaxei. Já na cidade uma cervejinha comemorativa, o ônibus chegando em alguns minutos rumo a Manhumirim e um pôr-do-sol belíssimo. Lindo visual desfrutam os moradores de Alto-Caparaó.

Logo que cheguei em Manhumirim, por volta das seis e meia da tarde, comprei a passagem de regresso a Belo Horizonte, no horário de dez e meia da noite. Nem é preciso dizer que apaguei durante a viagem de retorno não é mesmo?

Grande abraço e se você chegou até o fim deste enorme texto, meus parabéns, rsrs. Agora aproveite as fotos.





















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setembro 10, 2008

Itupava Express (2h45min)

Domingo de tempo cagado. Mas desde o meio da semana eu já planejava fazer uma correria no Itupava, subindo a serra. Além de relembrar do excelente momento que vivi quando lá estive pela última vez, eu queria dar uma forçadinha, fazendo algo como um longão misturando caminhada em trilha e corrida, com grande desnível altimétrico.

O sábado foi bem chuvoso mas não desmotivei. Veio o domingo e o término das chuvas. Com tempo encoberto e temperatura em torno dos 13 graus, parti em direção a BR-116 para tomar o Graciosa que desce rumo a Porto de Cima, início da caminhada. No entanto quis o destino que eu chegasse um tanto atrasado, perdendo o ônibus. O que fazer?

Toquei correndo mesmo desde a BR-116 rumo a Borda do Campo para fazer o Itupava em sentido contrário, oras! Levei pouco mais de uma hora percorrendo o trecho de asfalto que leva até o Centro de Visitantes da Borda do Campo, início da Trilha do Itupava. Mesmo com mochila mantive um bom ritmo, em torno de 6 min/km. Na trilha corri sempre que possível e com apenas uma hora no mato já alcançava a Casa do Ipiranga. Não perdi tempo e segui rumo ao Santuário do Cadeado. Foi neste trecho que comecei a sentir o acúmulo de quilometragem. Algumas cãimbras, joelhos estourando de dores e uns poucos tombos. Ao final de pouco mais de uma hora atingi capengando o Santuário, pouco depois da partida dos endinheirados turistas de Litorina.

Senti-me um pouco melhor na descida rumo a Porto de Cima, já decidido a devorar peixe e camarão na Pousada e Restaurante Dona Siroba. Aumentei o passo e consegui fechar a trilha em 2 horas e 45 minutos. Mais onze minutos correndo feito doido na descida me levaram ao Centro de Visitantes de Prainhas.

Ali eu arriei e decidi caminhar até o Porto de Cima. Equação: Dores nas Pernas X Satisfação Pessoal.

O almoço foi bem sem-vergonha, considerando o alto valor pago. O retorno foi no Graciosa das 16 horas, em direção a Campina Grande do Sul.
O treino pode ser conferido aqui ó:

http://www.mapmyrun.com/route/br/quatro%20barras/901754833448


Forte abraço!






Alterada digitalmente, hehe

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julho 15, 2008

Vídeos

Neste espaço você poderá encontrar alguns vídeos que preparei ao longo desses anos de corridas, bike e montanha.

Enjoy!





































julho 10, 2008

Ciririca Express (Baby)

Ataque fulminante realizado no Ciririca neste sábado. Eu, Alisson Miqueletto e Nilton Romano, todos integrantes da equipe de vendas da Território Mountain Shop, realizamos a caminhada neste sábado dia 26 de julho, partindo da Fazenda da Bolinha precisamente as 15:30.

Atingimos o ponto mais alto do Ciririca pouco antes das oito da noite, com um céu estreladíssimo. Lindo mar de nuvens perceptível na escuridão isolada do Ciririca. Sinais de lanterna observados desde o Pico Paraná, Caratuva, Tucum e Itapiroca. A temperatura ficou por volta dos 4 graus no cume.

É preciso levar em consideração que havia mais de quatro anos que não ia para esta montanha, e que após a metade da caminhada estava escuro, sendo a primeira vez que fiz esta trilha durante a noite. Ótimo treinamento para a Expedição Território Rarefeito – Andes 2009.

Deixamos o cume por volta das nove da noite e chegamos de volta na Fazenda da Bolinha pouco mais de uma da manhã.

Alguns dados obtidos no Suunto X6:

Ascensão total: 1795 m.
Ponto mais alto: 1697 m, às 19:51.
Ponto mais baixo: Fazenda da Bolinha, 924 m.
Altitudes: Cachoeira do Professor, 1064 m.
Última Chance, 1342 m.





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julho 08, 2008

Marins-Itaguaré

(publicado originalmente em agosto de 2006)

Sim! É uma das clássicas do montanhismo nacional! Então no intuito de ampliar nossos horizontes, muitas vezes limitados por questões de cunho financeiro ou profissional, lancei-me a esta expedição, palavra talvez um tanto pomposa para a empreita que pretendia realizar.

A caminhada entre os picos dos Marins e o do Itaguaré nada tem de excepcional em termos de dificuldades, seja de orientação, seja de preparo físico. Excepcional é o cenário lá encontrado, principalmente para um paranaense acostumado com a exuberância da Mata Atlântica que domina a maior parte de nossas trilhas serranas. Geralmente concluída em três dias, esta caminhada é realizada sob rocha e campo aberto, cenário de rara beleza.

A trilha é percorrida anualmente por algumas dúzias de dispostos montanhistas, felizardos em encontrar por aquelas serranias cumes quase virgens, vistas estonteantes, lances de escalaminhada capazes de fazer tremer os mais destemidos e sorrir os mais valentes.

A travessia é conhecida como Maringuaré ou ItaMar (conforme o sentido em que é realizada, claro), percorrendo os pontos mais altos da Serra da Picada, como é conhecido este trecho da Serra da Mantiqueira, região limítrofe entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Está situada situada nos municípios de Piquete e Cachoeira Paulista, para as bandas de São Paulo; e Marmelópolis e Passa Quatro, nas Minas Gerais. Observando-se o Maciço dos Marins desde o Vale do Paraíba (onde corre impassível a Via Dutra e repousa o caos decorrente de aglomerações urbanas em que as cidades se confundem umas com as outras), tem-se já alguma noção do que aquela montanha representa. Um amontoado de rochas elegantemente erguendo-se sobre as plácidas terras do interior paulista. Uma afilada crista une os Marins ao Itaguaré, recortando contra o céu uma legítima representação do que seria a caminhada.

Vamos a ela então. Porém é preciso retroceder um pouco no tempo para que tudo fique o mais claro possível para o leitor.

Havia algumas semanas que eu, juntamente com meus amigos Juliano (também conhecido como Pereira ou Juju) e Natan (este sem apelido que seja digno de ser citado), planejara esta caminhada que habitava meus sonhos há alguns anos. Tudo acertado com relação às datas e à logística, parti juntamente com o Pereira na sexta-feira dezessete de março de dois mil e seis rumo a São José dos Campos, terra de más lembranças, onde trocaríamos de ônibus rumo a Itajubá, nas Gerais. A idéia era encontrar o Natan no início da estrada de chão que nos levaria à base dos Marins. Natan estava na região havia alguns dias, percorrendo o Itatiaia. Por lá ele tentaria encontrar alguma condução que nos transportasse desde Itajubá até o Morro do Careca, já na casa dos 1800 metros de altitude e que nos evitasse tediosos dezoito quilometros de estradas rurais.

Partimos de Curitiba às nove e quarenta da noite carregados com rações para quatro dias chegando em São José dos Campos por volta das cinco e vinte da madrugada. Lá fomos informados que o ônibus para Itajubá não percorreria a estrada que queríamos. Esta condução fazia um caminho diferenciado que não nos deixaria no ponto desejado. Imprevisto! Porém, já sabedores que o Natan se encontrava em Cruzeiro e rumaria para Piquete onde tentaria um transporte para todos nós rumo ao Morro do Careca, resolvemos tomar um ônibus para Lorena, cidade vizinha de Piquete. Seriam mais duas horas e meia de viagem que na verdade provocaria até mesmo uma antecipação em nosso cronograma previamente estabelecido. Contato telefônico estabelecido com o Natan este veio nos buscar na cidade de Lorena, às margens da citada Via Dutra, em torno das nove da manhã. Com ele estava o Sr. Gilberto que havia concordado em nos levar até um ponto distante ainda 40 minutos de caminhada do Morro do Careca, visto que por lá a estrada seria péssima. Acertados os valores (cem reais para ser exato) partimos exultantes rumo a montanha que se agigantava pelo pára-brisas do surrado carro popular.


O sr. Gilberto parecia não ter muito carinho pelo veículo, subindo a pirambeira toda (medonha, ainda bem que a percorremos de carro) em primeira marcha, fazendo todos nós temermos pela integridade do superaquecido motor mil cilindradas. Exímio conhecedor da região, segundo ele mesmo, levou-nos por um caminho diferente do que planejáramos. Revelou-se mais interessante, pela melhor conservação da estrada e pelas paisagens descortinadas a cada metro de subida. Cenário esse que enchia nossos olhos. Propriedades rurais, matas e, infelizmente, pastagens estendendo-se quase até os cumes das montanhas.

Com tempo aberto, sol e temperatura agradável, por volta das dez da manhã saltamos do pobre veículo, despedimos-nos do Sr. Gilberto, jogamos as mochilas às costas e encaramos os quarenta minutos de estrada de chão em suave pendente até o topo do Morro do Careca onde finalmente deixaríamos para trás os últimos resquícios de ansiedade e tensão. Afinal, estávamos com todo o gás, aptos a empreender a ascensão do Pico dos Marins. Este apresentava-se solene, com seu cume principal ora visível, ora obscurecido por nuvens procendentes do planalto mineiro.




Passava um pouco das onze da manhã quando passamos pela placa indicativa do Pico dos Marins e rumamos em direção ao céu. Logo no início foi possível perceber que teríamos companhia mais adiante. Como o terreno é amplo e aberto, podíamos observar lá no alto, alguns minutos à nossa frente, quatro montanhistas empreendendo a ascensão dos Marins.

Nosso grupo estava com um passo firme e decidido, calculando atingir o cume dos Marins, onde pernoitaríamos, com quatro horas de caminhada. Estávamos bem abastecidos de informações sobre a trilha, com direito à mapas, indicações por escrito coletadas na internet e até mesmo o gps do Natan. Porém, item essencial fora negligenciado: água! Sim, empreendemos a subida sem um pingo de água em nossos cantis (hoje conhecidos como camelbacks…). Durante toda a subida, até o ponto de água que o mapa nos assinalava ingerimos nós três apenas um litro de bebida isotônica do Pereira. Obviamente, nos últimos lances da jornada rumo ao céu e à água, a sede nos afligiu com toda a força que este primitivo instinto permite.





Neste meio tempo alcançamos o grupo de montanhistas à nossa frente. Estavam já pela boa, porém pretendiam efetuar a mesma Maringuaré em dois dias! Cederam-nos alguns goles de água, que nos farão eternamente gratos ao destemido grupo. O “guia” deles era um paulista de origem asiática, que apesar de já ter estado por lá algumas vezes parecia mais desorientado que nós, novatos na região. Passamos por eles e em poucos instantes chegamos a um platô, onde corre o riacho que nos abasteceria e seria de onde partiríamos definitivamente ao cume que se apresentava à nossa frente. Pouco menos de três horas de caminhada até então e chegamos ao riacho.

Água fresca, porém de cor amarelada que nos saciou sobremaneira. Engolimos algum alimento e saímos na busca do caminho para o topo. O tempo começou a apresentar mudanças, alternando nuvens e céu claro. Nossos toscos mapas, no entanto nos ajudaram a encontrar o rumo certo… Na verdade não havia caminho: era apontar o nariz para cima e pronto. Não levou muito tempo para vencermos a encosta, agora acompanhados de uma leve garoa. Ao atingir o tão sonhado cume fomos presenteados com uma forte chuva, que nos gelou os corpos cansados e nos forçou a buscar abrigo sob uma pedra que mal acomodava uma pessoa, quanto mais nós três. Em breve desistimos da idéia e resolvemos montar as barracas. O Natan, como sempre, estava “auto-suficiente” enquanto eu fecharia dupla com o Pereira.


Devidamente instalados, resolvemos tirar uma pequena soneca, já que a chuva apertara. Era por volta de cinco da tarde, e já que não teríamos um pôr do sol para presenciar resolvemos nos recolher e deixar para preparar algo para comer um pouco mais tarde. A verdade é que o cansaço era grande e acabamos por acordar apenas às dez da noite, já com o céu coalhado de estrelas e uma vista estonteante do Vale do Paraíba e suas cintilantes cidades. Como o solo e a vegetação estavam encharcada da chuva resolvemos não nos afastar muito pelo amplo cume dos Marins. Preparado o jantar e após uma pequena sessão de fotos nos entregamos definitivamente ao sono.



O dia seguinte, domingo amanheceu com tempo espetacular. Preparado o desjejum, partimos às nove e meia com destino ao Pico do Itaguaré, nosso objetivo do dia. Calculávamos uma caminhada de umas seis horas, de acordo como indicava nosso mapa e os relatos colhidos na internet.

Descendo os Marins pelo mesmo caminha até o riacho, partimos então pela trilha que nos levaria rumo à primeira escarpa do dia, o Marinsinho. Ultrapassado este cume, não sem alguma dificuldade de orientação, visto que a sinalização se resume às marcas amarelas pintadas nas rochas. Era tudo muito diferente do que praticávamos no Paraná, onde a maior parte das caminhadas é feita na floresta, com trilhas até certo ponto bem marcadas. Havia o fato também de estarmos em início de temporada, não havendo rastros de passagens anteriores. Após o Marinsinho começou uma sucessão de sobe e desce até o cume da Pedra Redonda, considerada o meio da travessia, onde existe um livro de registros. Não posso deixar de citar que achamos muito curioso o fato deste livro estar acondicionado em um pote plástico, tipo tupperware, diferentemente do que temos aqui em nossas paragens, onde os livros descansam em caixas de aço ou de pvc, solidamente fixados nas rochas de cume. Após breve lanche, algumas fotos e considerações sobre a pequena quantidade de água que dispúnhamos para a continuação da caminhada, nos atiramos morro abaixo rumo ao próximo vale. A sucessão de vales e morros parecia sem fim e a cada topo alcançado podíamos vislumbrar nosso objetivo cada vez mais perto.

Enfim, quase chegando à base do Itaguaré, um difícil trecho técnico, que obriga o montanhista a passar espremido por uma fenda. Foi divertido ver o Pereira passar por ali. Se não estou enganado o Natan filmou a cena… Mais uns vinte minutos alcançamos a tão sonhada água, não sem dificuldades para achar a trilha correta, o ambiente estava estranho… No fim das contas tudo deu certo, encontramos um belo local para acampar, em um colo entre dois morrotes perto da água e a uns vinte minutos do cume, onde sabíamos ser impossível acampar.

O céu começou a ficar encoberto justamente na hora do pôr do sol e mais uma vez não tivemos o prazer de ver o sol se esconder sob as montanhas mineiras… Repetindo o ritual da noite anterior, fizemos um jantar daqueles que só o pessoal do Nas Nuvens Montanhismo consegue fazer e partimos para as barracas. A noite foi movimentada, o vento não deu trégua, mesmo estando acampados em um local protegido.

Pela manhã o tempo encoberto nos desmotivou um pouco. Tomamos um rápido café da manhã, aprontamos as mochilas e partimos rumo ao cume do Itaguaré, com uns lances de escalaminhada que nos surpreenderam um pouco, afinal não esperávamos tanta dificuldade técnica para atingir o cume… Alguns lances são bem expostos mesmo. O cume do Itaguaré é um local estranho, um efeito geológico estranho para nós vindos das montanhas paranaenses, com uma vegetação diferente nos cumes. No Itaguaré é tudo rocha nua e mirradíssimos arbustos. O tampo abriu um pouco e pudemos apreciar um visual é estonteante, afinal estávamos a mais de 2.300 metros de altitude. Fizemos algumas fotos e vídeos, e batermos em retirada, pois não sabíamos o que nos esperava pela frente. Recolhidas as mochilas seguimos o caminho indicado no mapa, em alguns trechos um pouco vago. Assim que encontramos o caminho correto nos atiramos para o planalto mineiro por uma trilha bem batida, agora na floresta de encosta, um caminho tranqüilo de percorrer. Quando menos esperávamos tropeçamos no descampado que marcava o final da trilha e o início da longa jornada de 18 quilômetros até a cidade de Passa Quatro.



Com uma hora de caminhada pela estrada de chão encontramos os primeiros sinais de civilização com algumas casas, criações e (oba) carros. Em uma dessas propriedades perguntamos por alguém que pudesse nos transportar rumo a Passa Quatro. Após muita negociação fechamos um valor de 60 reais para uma viagem cheia de solavancos em uma péssima estrada rural que nos tirasse de lá.




Desembarcamos em Passa Quatro no exato momento em que passava um ônibus rumo à Cruzeiro, já no Vale do Paraíba, onde seria mais fácil conseguir um ônibus que nos levasse a São Paulo. Era nosso dia de sorte e após um tardio almoço às três da tarde partimos às quatro horas rumo à capital paulista.
Eram nove da noite quando embarcamos de volta à nossa amada Curitiba, aqui desembarcando no meio da madrugada.
Com certeza minha melhor experiência em montanhismo, pela beleza cênica do local, pelo companheirismo, pela coesão da equipe… Uma viagem em todos os sentidos.

abril 10, 2008

Correndo pelas Montanhas!

Buenas!!

Se durante a semana muitas vezes as atividades profissionais não permitem que eu me dedique com todo afinco aos treinamentos físicos, os finais de semana acabam sendo bem aproveitados.

Foi o caso neste último que passou. Percorrendo mais de 34 quilômetros entre o sábado e o domingo, sempre com grandes desníveis, pude levar meu organismo a um estado de esforço que havia muito eu não alcançava.

Para o sábado o treino consistiu em 26 quilômetros de pedal, que representou a ida e a volta da minha casa até a base do Morro do Anhangava (1.420 m); além de duas “voltas” correndo na montanha. Cada uma dessas voltas consistia em uma ascensão da montanha pela sua rota normal, à partir do estacionamento do Chiquinho, e a descida pela Trilha da Asa Delta, onde é possível imprimir uma boa velocidade em um terreno bem técnico.

A primeira volta consegui cumprir em 50 minutos, com a subida até o cume me tomando terríveis 27 minutos. Já a segunda volta o cansaço se fez mais presente, sendo cumprida em 56 minutos.

O retorno para minha casa em Campina Grande do Sul foi tranqüilo, a maior parte em descida, onde consegui pedalar em bom ritmo, sem forçar muito. Posso dizer que o treino esteve de bom tamanho, na medida para meu condicionamento.

Para o domingo aprontei uma descida da Trilha do Itupava. Estava conduzindo clientes para uma empresa de turismo. No entanto como o grupo era grande aproveitei a diferença de ritmo entre os integrantes do “passeio” para me deslocar na trilha, subindo e descendo trechos por diversas vezes, sempre em ritmo acelerado. Isso sim me cansou. No final da trilha, já na Estrada das Prainhas o cansaço me abateu, mas persisti firme, correndo até o final da estrada, já na clássica ponte de ferro. Esse treino sim, acumulado com o do dia anterior me deu uma sensação de estar cumprindo algo realmente difícil.

Fugindo um pouco do assunto “treinamento”: Saiu no blog oficial da Deuter aqui no Brasil um release sobre a nova parceria. Confira em www.deuterbrasil.blogspot.com.

Na semana anterior eu havia publicado que publicaria em seguida algo sobre um esporte “novo”, que eu estaria praticando e viria a competir no final de semana seguinte, dia 13 de abril. No entanto alguns eventos dos últimos dias vieram a me impedir de seguir com os treinamentos para a tal prova. Durante a minha última sessão de treino de corrida em trilha sofri uma queda bastante dolorida que lesionou meu pulso esquerdo. Estou em tratamento e isso me impede que eu venha a competir na prova que se desenrolaria no próximo domingo. Já que não vai rolar, prefiro manter o “segredo” sobre o esporte, deixando o gancho para uma próxima oportunidade.

Para esta semana pretendo manter-me firme nos treinamentos.



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