novembro 30, 2013

Férias forçadas

Olá, salve!

É com uma bela bolsa de gelo e uma boa dose de dor no joelho direito que escrevo este post.

Na última sexta, dia 29 de novembro, estava com meus grandes amigos Raphael Bonatto e Ricardo Beraldi nas trilhas do Parque São Lourenço quando em um salto sobre algumas raízes acabei aterrissando de mau jeito com a perna direita e o joelho acabou sentindo. Por ora, parecia pouca coisa, estava apenas falseando e "sem forças". Faltava menos de 10 minutos pra gente terminar o que tínhamos como proposta para aquela tarde. Continuamos, baixei o ritmo e redobrei a atenção nos trechos mais técnicos. 

Não foi o suficiente. Na última descida mais forte, pouco menos de 400 metros para finalizar a sessão, uma simples passada me fez vacilar novamente o joelho direito e ir ao solo. Uma bela torção, um estalo horroroso, dores como jamais havia sentido em qualquer tipo de atividade física e lama por todo lado - esta foi a parte divertida. Os companheiros entendendo a gravidade da situação, queriam fotos e toda aquela coisa descontraída. Com muita dor mas muito bom humor, foi possível voltar a caminhar com dificuldade e até mesmo conduzir a bicicleta que estava estacionada no bicicletário local. Porém, melhor evitar novos danos e acabei acionando a Ana Barbara para um "resgate". Algumas cervejas geladas com os amigos e a esposa ajudaram muito no alívio das dores e na manutenção do bom humor necessários em casos assim. 

Na manhã seguinte, no caso este sábado que escrevo post, as dores e o inchaço mostraram um incremento, o que me levou a procurar ajuda médica, algo que reluto bastante, teimoso e orgulhoso que sou. Breve consulta e raio-x na Clínica de Fraturas Norte, aqui em Curitiba revelaram uma suspeita de lesão no Ligamento Cruzado Anterior e provável dano em um menisco. Não houve lesão articular nem de cartilagem, o que é um bom indicativo.


Na próxima sexta-feira, uma reconsulta para melhor avaliação e, quem sabe, uma dispendiosa ressonância magnética para orientar a sequência do tratamento e possível cirurgia de recuperação do ligamento afetado.

Será uma semana de dúvidas e de muita esperança. Desejo de verdade não precisar da cirurgia mesmo que isso me custe a redução de carga de treinos e provas, mesmo que me custe deixar de praticar regularmente o esporte que amo. 

Tenho comigo que tudo na vida tem um motivo e que nada é por acaso. Acredito também nos "sinais" que o universo nos manda e que eu não dava muita atenção recentemente. Algo como: 

1) "Sossegue a periquita com esse lance de correr forte"; 
2) "Volte para as montanhas de maneira não competitiva"; 
3) "Ao atingir um cume de montanha não existem troféus nem medalhas mas apenas momentos que valem ser vividos".

Espero apenas ser poupado dos "eu avisei que isso iria dar merda" e dos "montanha não é para correr e sim curtir". Porque aqui dentro de mim não há espaço para aquela velha opinião formada sobre tudo.

Agora é repousar, dar uns bons 3 meses sem correr e repensar completamente 2014, assunto do post passado.

Na próxima semana, trago boas novas, com certeza. 

Grande abraço e obrigado pelo carinho de todos.


Em um salto parecido com este do Bonatto que tudo começou... Brincar de correr é legal, mas esteja ciente dos riscos ;)

novembro 26, 2013

Desenhando 2014

Oi!

Não, eu ainda não tenho um calendário para 2014. Algumas pessoas já me perguntaram sobre as provas de corrida de montanha que pretendia fazer no próximo ano. Ainda não tenho nada definido. Lembro que para 2013 eu queria competir muito menos.

A retrospectiva básica:

Havia até parado por dois meses de treinar corrida, depois da Maratona de Curitiba 2012. Estava absolutamente de saco cheio de correr. Em fevereiro surgiu um convite do organizador para estar na K21 Curitiba e lá competi, pesado, sem treino e desmotivado. Motivação esta que retornou ao percorrer trilhas correndo. Em seguida engrenei outras provas, entre elas a belíssima Araçatuba Half Marathon. Veio também o patrocínio da Território Mountain, o desenho de uma equipe de corredores de montanha sob minha coordenação, entre outros desafios. Parti para uma prestação de serviços de comunicação para a TRC Brasil (organizadora de corridas de montanha). Entre em férias na Jamur Bikes e neste período corri minha 5ª K42 Bombinhas, onde fiz muitos bons contatos. Voltei decidido a dar um novo rumo e viver 100% do trail run. Consegui isso e nesse momento é assim que pago minhas contas, com o trabalho que desenvolvo na TRC Brasil. Tenho a flexibilidade de horários que preciso, diminuí as contas a pagar (consumir tanto assim para quê?), corri uma sucessão muito forte de provas entre setembro e outubro e realizei o sonho de fazer uma 50 milhas em montanha, na La Mision Serra Fina. Dei o tempo necessário para o corpo e isto trouxe também um frescor mental que eu precisava. E assim começaram os esboços para o "ano esportivo" de 2014.

O que vem por aí:

1) Poucas competições de corrida de montanha hoje me instigam a uma preparação específica. Aquelas que acho mais legais eu não posso correr, por motivo de trabalho: aquelas da TRC Brasil. Corupá Extreme Marathon, Trail dos Ambrósios, Maratona dos Perdidos e outras mais são realmente provas de montanha, do jeito que gosto. É um PRAZER imenso estar no backstage, dando meu trabalho e contribuição para a coisa funcionar, para ver os amigos que tenho no esporte curtirem uma corrida de montanha feita com paixão pela equipe TRC. Assim sendo, não tenho NENHUMA corrida de montanha programada ainda para 2014, certo? Não estou a fim de gastar uma grana indo correr fora do Brasil. Se rolar K42 Bombinhas e Half Mision Serra Fina novamente (até o momento não há confirmação sobre realização e data dos eventos para 2014), seriam as minhas escolhas.

2) Estar ainda mais nas montanhas, realizando os projetos de travessias de longa duração em apenas um dia, algo que gostaria muito de ter feito em 2013 mas que dependia de alguns ajustes na minha rotina. Os ajustes foram feitos, agora estou apto. Estes objetivos são aqueles que têm-me feito acordar cedinho e ir correr nas trilhas do Parque São Lourenço, ok? Marumbi, Marins-Itaguaré, Petê-Terê são apenas alguns dos objetivos.

3) Liberdade é tudo: o que vestir, o que dizer, o que se vive. Nada paga isso. Então, vamos fazer isso acontecer, né? Novidades em breve.

4) Novas atividades. Nem tão novas assim: bike, caiaque, trekking entre outras coisas gostosas e descompromissadas com performance. Na imagem abaixo, um instantâneo da curtição que foi remar algumas horas pela Baía de Guaratuba (PR) no último 24 de novembro. 

Porque a vida é muito curta para perseguir recordes pessoais, melhores marcas ou medalhas de finisher.

Valeu, beijo e um abraço!

Foto: Rogério Martins.



novembro 10, 2013

Just my two cents sobre o espírito trail run

É coisa rápida. É só para pensar e, quem sabe, identificar-se ou não.

Minhas duas últimas participações em provas de trail run - atleta na APTR Paraíba do Sul e staff no Trail dos Ambrósios - e as observações que faço do comportamento do atleta médio deste tipo de prova.

O que observo é que, felizmente, a grande maioria vai lá para curtir. Isso me deixa bastante contente e satisfeito. O que me encanta é gente que vai correr na montanha porque gosta de está na montanha. O que me enoja um pouco é gente que vai correr pelo pódio ou pelas glórias. Há uma linha bastante tênue entre esses dois extremos. Afinal, quem não gosta de chegar na frente e superar a si mesmo ou aos colegas de atividade? É nosso instinto competitivo que aflora, é questão de evolução das espécies... Eu mesmo já tive oportunidade de pisar no alto de pódio de corridas de montanha e achei divertido.

Mas não é, sinceramente, por isso que alinho na largada de uma prova. É apenas por poder ter a oportunidade de estar lá. De conviver e compartilhar as trilhas com novos e velhos amigos.

Com o atual boom das corridas de montanha e o aparecimento de todo tipo de gente nestas provas, situações desagradáveis para mim também começam a surgir, coisa que poucos anos atrás não ocorria. 6 anos atrás, simplesmente alinhávamos atrás de uma marca de cal e largávamos para nos DIVERTIR em montanha. Chegar na frente ou atrás de um colega era motivo apenas para gracinhas, não para esnobismo e egocentrismos. Uma falha de certo organizador ao não conseguir autorização de um proprietário para a passagem da prova em suas terras e consequentemente porteira fechada com cães ferozes soltos era apenas mais uma adversidade que superávamos com bom humor e uma conversa educada e direta. Não era com bravatas internéticas, nem com protestos vazios, nem resolvidas com a ingestão de substâncias proibidas para aumento de performance.

Portanto faço um convite: se você vai a uma corrida de montanha porque quer chegar na frente a qualquer custo, procure outro esporte. Nós, centenas de nós que vivemos o real espírito trail running, não iremos bater palmas para você.

Fica a sugestão de vídeo abaixo:

"It's not all about winning races or doing well in races, it's about what running means to me."

Algo como,

"Não se trata de vencer corridas ou ir bem nelas, é sobre o que correr significa para mim."

Pensemos!

Abraços.


novembro 05, 2013

La Mision Brasil Serra Fina - O que usei por lá

Oi turma.

Há algum tempo que amigos montanheiros sempre comentam comigo para eu informar o que tenho utilizado nas provas, como base para que cada um também possa analisar e fazer suas escolhas. Pois bem, a partir desta Half Mision Brasil, começarei a postar por aqui o equipamento, acessórios e alimentação que tenho utilizado em cada uma das competições e eventos que participo, ok? Também acho importante esse compartilhamento de informações e estou sempre ligado no que aqueles atletas que admiro, profissionais e/ou amadores estão fazendo tanto para melhorar sua performance como para desfrutar melhor a montanha.

Vamos lá, espero não esquecer nada, rs. Na foto abaixo, TUDO que levei comigo para esta competição, com expectativa de finalizá-la em até 24 horas. Analisemos:


Bem, quase tudo... Faltou o capacete. Sim, capacete. Equipamento obrigatório da La Mision. No caso, usei um capacete de ciclismo Louis Garneu X-Lite que, como sugere o nome, é super leve e bastante ventilado. Ótimo!

Vamos lá, equipo por equipo com notas, rá!

Tênis: Salomon XR Crossmax II - Desempenho satisfatório para as condições de prova. Não é meu tipo de calçado preferido, apesar de já ter avaliado muito bem anos atrás o modelo XR Crossmax Neutral para o site TrailRunning BRASIL onde sou editor. Os tempos mudaram e o tênis também. A Salomon não conseguiu repetir neste modelo a qualidade que o anterior tinha. A meu ver, foi um caso de "regressão" ou "involução". Preferia o modelo anterior. Vale lembrar também que atualmente prefiro calçados com muito menos estrutura do que esses mais tradicionais oferecem. Por já estar correndo há algum tempo com tênis tipo "natural running", calçar o Crossmax II me fez parecer que usava tamancos. No entanto, para uma prova com 22 horas de duração, esta característica foi muito apreciada: pés protegidos e intactos no final do período, algo que certamente não aconteceria se usasse meus leves calçados para menores distâncias. Nota 8.

Meia: Louis Garneau Compression Sock. Excelente custo-benefício. Paguei em torno de R$ 130,00 uns dois anos atrás e até hoje ela continua prestando bons serviços. Acredito que infelizmente não esteja mais disponível no mercado nacional. Quase não uso mais esse tipo de produto, mas como se tratava de prova de longa duração, preferi utilizar. Segurou bem a onda e além de manter panturrilhas em ordem, cuidou muito bem dos pés. Nota 10.

Calça: Kalenji 3/4. Gosto de meias assim, 3/4. Protegem os joelhos e não esquentam demais quando utilizadas conjuntamente com meias de compressão. Preço módico, em torno de 70 reais a torna ótima escolha. Sinto falta apenas de uns bolsos laterais... Nota 7.

Cueca: Lupo. A famosa cueca da sorte, aquela que já esteve comigo em todas as minhas maratonas e ultramaratonas desde 2009, bem como nas subidas aos cumes andinos Além de outras conquistas, é claro. Vale lembrar que este item só utilizo para os grandiosos eventos ;) Nota 10.

Pochete: Deuter Neo Belt. Em neoprene e dois zíperes, acondicona muito bem o telefone celular, que também funcionou como câmera digital. Perfeita. Nota 10.

Camiseta: La Mision Brasil by Km10sports. Camiseta em poliamida bem simples, mas que atendeu bem à necessidade de ser respirável e leve. Era item obrigatório, ou seja, todos os atletas correram com ela. Não leva 10 porque a durabilidade parece ser ponto fraco. Nota 7.

Camiseta Manga Longa: Segunda Pele Curtlo. Também item obrigatório, cumpriu bem a função de aquecer e permanecer transpirável nos pontos mais gelados da prova. Leve e fácil de vestir, ótimo caimento no corpo. Nota 10.

Jaqueta Impermeável: Salomon Paclite. Jaqueta que possuo desde 2007, certamente já deve existir coisa superior no mercado. Não choveu, então pouco posso dizer se sua impermeabilidade ainda funciona. Quando precisei para me proteger do vento, funcionou super bem, apesar de não ser tão anatômica. Nota 8.

Mochila: Deuter Pace 20. Mochila de capacidade suficiente para transportar todo o equipamento obrigatório, água (em um reservatório Curtlo de 2 litros) e comida. Super anatômica, leve e com um zíper de acesso integral. Melhor escolha, impossível. Nota 10.

Lanterna de cabeça: Princeton Tec Apex Pro. Um verdadeiro "canhão de luz". Inúmeras regulagens que me permitiram poupar pilhas quando não era necessário tanta iluminação e utilizar potência máxima na técnica descida da Pedra da Mina para o Paiolinho. Utiliza duas pilhas CR123, um pouco difíceis de encontrar e caras aqui no Brasil. Comprei da China e foi ok ;) Nota 8.

Óculos: Shimano S20X. Bom óculos, não tão caro assim. Óculos é questão de gosto pessoal, então fica complicado meter o bedelho... Nota 8.

Telefone Celular: Sony Xperia P.  Bastante rústico, para um smartphone. Mantive desligado, obviamente, para salvar bateria. Não me comuniquei com ninguém através dele enquanto estive na prova, mas fiz boas imagens, inclusive vídeos. Aprovadíssimo: Nota 10.

Bandana (Buff): K42 Bombinhas e Ecohead. Levei duas unidades. Ambas similares, em tecido sintético e que cumpriram muito bem suas funções de manter a cabeleira longe do rosto no vento e de proteger um pouco do frio do amanhecer. Nota 10.

Trekking Poles: Azteq (não lembro o modelo). Em alumínio suuuuper leve. Menos de 70 reais, sem necessidade de gastar centenas de dilmas em modelos tecnológicos. Levei apenas um, pois sabia que carregar dois deles em trechos de trilha fechada seria inconveniente. Pareceu um pouco frágil mas sobreviveu. A ver cenas dos próximos capítulos. Nota 7.

Kit Primeiros Socorros: Deuter S. Pequeno e acondicionou o material necessário. Foi pro trono! Nota 10.

Alimentação: Preparei o esquema de alimentação de forma bem conservadora, baseada em pacotes separados com 300 kcal por hora. Ou seja, 24 pacotes separados, feitos com sacos plásticos tipo Zip-Loc. Foi bem conservador porque este cálculo foi feito com base nas minhas necessidades em atividades intensas. Isso se traduziu em muita sobra de comida e mesmo inapetência no final de prova. Como a intensidade de esforço era baixa, poderia ter consumido pouco menos de 200 kcal por ora que estaria bem alimentado. Os kits foram montados utilizando alimentos diferentes entre si, aleatoriamente. Consistiram de itens tão díspares como biscoitos Club Social, tâmaras secas, uvas passas, biscoito recheado Bono chocolate, castanhas-do-pará, amêndoas secas e salgadas, paçoca, suco Tang (para indignação dos detratores chatos), damascos secos e bananas secas. Durante o percurso me foi oferecido também um gole de cerveja em um festerê que rolava no Paiolinho. Aceitei, mesmo sem saber a origem. Pelas risadas que se seguiram, devia estar "batizada". Fora isso, teve a sopa lá no km37 ou 38. Foi ótimo. Alimentação 100% vegana e livre de suplementos mágicos, géis energéticos, cápsulas de sal, remédios - presenciei um atleta tomando ibuprofeno - e, principalmente, de drogas para aumento da performance, coisa de perdedores de nascença, aqueles que já se assumem inferiores e por isso se drogam. Ficou o aprendizado sobre como lidar com essa sobra de alimentos para futuras atividades longas. Nota 8.

Hidratação: Água. Pura e simpelsmente. E tomei dois pacotinhos de Tang, o supra-sumo do sabor agradável em atividades de longa duração, perdendo apenas para uma coca-cola bem gelada ;) Nota 9.

Demais itens: pilhas, apito, fé, coragem e esperança!

Até La Mision 2015!