fevereiro 28, 2010

Sobre Egos e Montanhas (e, claro, corridas e redes sociais)

Desde os bancos escolares ouvimos dizer que o que nos diferencia dos outros integrantes do reino animal é o fato de raciocinarmos. Isso inclusive nos daria o direito de consumir (comer mesmo) outras espécies sem culpa. Mas o post não é sobre a barbárie do consumo de carne e sim sobre a utilização dessa "racionalidade" para outro fim, que é o de elevar-se a si próprio pelas mais diversas razões.

Com elevar-se a si mesmo eu quero dizer ultrapassar o limite do amar a si mesmo. Seria o caso de figuras que vivem sob a necessidade imperiosa da aprovação alheia, seja através de suas realizações merecedoras de aplausos (no caso dos realmente talentosos), seja através dos habilidosos com palavras no melhor estilo "bom-moço", prestativo, político, aglutinador e divertido, seja lá o que essas coisam signifiquem de fato.

Meu interesse por essa característica única do ser humano me acompanha desde pequeno, quando das minhas primeiras batalhas com colegas de classe pelo primeiro lugar ao final do bimestre (sim, fui ótimo aluno). Ter uma banda de rock com quatorze anos, começar a competir em corridas com dezesseis, ser um conhecido bebedor de uísque aos dezoito e ser triatleta (e campeão na categoria) aos dezenove também teve a ver com ego. Além do prazer que essas atividades me proporcionavam havia também a adulação alheia e a sensação de estar "acima" da média, seja lá o que isso signifique também.

O tempo vai passando e a gente amadurece. É bom estar no topo principalmente quando não temos ainda noção que lá do alto o tombo é maior. E, claro, um dia essa farsa chamada ego frágil cai.

Entre os vinte e os trinta anos de vida passei buscando esse equilíbrio entre fazer o que eu gosto e de alguma forma ser útil com isso para alguém. Nas atividades profissionais que escolhi (promover saúde e qualidade de vida de forma honesta para as pessoas), no meu envolvimento com ambientalismo, na minha redução de consumo e, uma das mais relevantes, pelo gosto de escrever.

Estamos vivendo em um mundo de super informação. Hoje qualquer um pode ter um blog, um twitter, um orkut e participar de zilhões de sites de redes sociais, colocando ali parte de sua vida para ser exposta de uma forma que seria impensável (e questionável também) dez anos atrás. Estou entre essas pessoas que se utilizam desses meios (veja o canto direito deste blog) para estar em contato com um mundo além da fronteira do visual e do palpável.

Através do uso positivo dessas ferramentas eu consigo tornar esse texto acessível a quem quiser lê-lo, sem depender de ter tanto talento assim para escrever na mídia impressa, apesar de já tê-lo feito também (olha meu ego, rsrs). Este meu espaço aqui no blog é livre para quem quiser acessar. É possível ver fotos minhas no Picasa, saber dos meus gostos pessoais no facebook ou atualizações quase instantâneas da vida no Twitter.

Até que ponto essa é uma necessidade de me afirmar como George Volpão? Eu tenho já a minha resposta para a sentença. Muitas pessoas parecem não estar preocupadas com isso e eu realmente gostaria de me incluir entre elas e filosofar menos.

Seria realmente uma necessidade escrever todos os dias em meu blog que eu corri setecentos e cinquenta e oito quilômetros em uma semana? Seria mesmo ótimo eu receber elogios de quem mal conheço porque eu disse palavras bonitinhas no twitter? Tem mesmo graça ver uma foto minha postada em algum lugar despertar invejinha? Alguma mensagem escrita em uma rede social realmente dá direito a alguém querer saber mais da minha vida pessoal de maneira insidiosa e fútil?

Precisamos que nos amem tanto assim pelo que escrevemos, que fotografamos, que viajamos, que visitamos, que demonstramos?

Com a chegada dos trinta anos de vida as coisas foram se tornando mais claras para mim. Tenho um blog e essas coisas todas de redes sociais porque, sim, gosto que pessoas que me são caras, tenham essa forma de contato comigo. Gosto também de poder inspirar. A satisfação realmente é grande quando recebo um mail (prefiro os contatos particulares, sem pirotecnias) de alguém me dizendo que fui útil, que inspirei. É através de nossos exemplos que podemos fazer um mundo melhor e não apenas com palavras bonitinhas. Escrever aqui é uma forma de atingir pessoas que podem estar justamente esperando por isso.

Isso para não falar que esse é um meio de difundir boas idéias, se socializar, fazer parcerias (tenho empresas que me apóiam e divulgá-las em espaços como esses é parte do processo) fazer amigos e, porque não, até mesmo encontrar um amor.

Gosto de escrever sem frescuras, sem levantar temas da moda, sem apelos comerciais. Gosto de ser verdadeiro porque sou verdadeiro. Gosto dos tombos que levei, porque com eles que baixei a bola.

Ter fracassado em minha tentativa de subir o Cerro Plata tem a ver com ego. Mal sair do acampamento base do Cerro Plomo (amarelei) no Chile na mesma excursão também teve a ver com ego. Aprendi a respeitar muito mais a montanha com isso. De que adiantaria ter tentado se as condições não eram as melhores para um iniciante como eu? Não ter concluído a Travessia da Serra Fina em doze horas em 2005 também. Para mim esses aprendizados são muito mais relevantes que o cume do Cerro Franke, 5100mt (meu primeiro cume em montanha andina), que as mais de cem noites que já passei acampado na Serra do Mar, que ter corrido 84K em dois dias no Desafio Praias e Trilhas.

Ser admirado pelos fracassos e pela capacidade de levar a vida adiante após eles também é um bom caminho.

Nos meus tempos de montanhismo intenso tive a oportunidade de conviver com figuras cujo ego era muito maior que as montanhas que elas escalavam. Ainda hoje acompanho essas brigas de foice no escuro, já que sou assinante de algumas listas de discussão do assunto. Apenas observo. E vou para a montanha quando eu posso.

O mundo da corrida é muito, mas muito mais aprazível. As pessoas, em geral são muito mais cordiais e acessíveis, não se gabando de conquistas duvidosas, como eu via principalmente entre escaladores. Ninguém quer saber mais que o outro nem impor sua opinião. Por isso me sinto entre amigos, realmente em casa.

Claro que nem tudo é perfeito e vez por outra observo coisas desagradáveis, mas que com certeza incomodam mais essas pessoas do que a mim.

No fim das contas a gente sempre encontra a trilha correta, o bom caminho e o caminho da verdade, o tal Caminho do Meio.

Amigo leitor, blogueiro, twitteiro, orkuteiro ou simplesmente amigo: É bom tê-lo aqui.

Beijos e abraços.

"Das brigas que ganhei nem um troféu como lembrança pra casa eu levei. Das brigas que perdi, essas sim, eu nunca esqueci".

fevereiro 25, 2010

Copa Paulista de Corridas de Montanha - Paranapiacaba

Eu vou! Primeira competição do ano, pra sentir a quantas anda o frio na barriga pré-largada.

Serão 12 Km em estradas de chão e trilhas úmidas na região da serra do mar paulista. Vi alguns vídeos sobre a prova e ela promete boas emoções.

Ser realizada num sábado a tarde a torna ainda mais interessante. O local também promete bons momentos.

Ainda falta pouco mais de um mês mas confesso minha ansiedade com o evento. Até mesmo porque corridas são eventos sociais e será uma ótima oportunidade de rever pessoas especiais.

Até lá. Ah, e para se inscrever clique na imagem abaixo!

Um beijo.

fevereiro 22, 2010

O corredor, aspectos ambientais e consumismo moderno (e eu com isso?)

Ah, como já escutei essa pergunta... "e eu com isso?". Não que tenha escutado de corredores ou outras figuras ligadas ao esporte. Em geral, pessoas que praticam esportes são gente informada, esclarecida (conheço exceções que confirmam a regra) e que vão além do "deixa a vida me levar".

Mas também não posso deixar de notar um certo "deixa pra lá". Há um descaso geral com pequenas atitudes que se tomadas isoladamente poderiam fazer toda a diferença na qualidade de vida de cada um.

Longe de querer parecer o "salvador do mundo", tenho plena certeza que deixo minha contribuição. Exemplos de atitudes simples? Poderia citar vários. Não tenho carro, pois adaptei minha rotina de forma a não depender disso. Se até Dean Karnazes também não tem. Ora bolas, ele faz as coisas correndo! Eu não tenho problema algum em correr 10 Km, chegar no escritório, tomar um "banho" com lenços umedecidos e ganhar a vida. Você não pode fazer o mesmo? Entendo... Não dispenso uma boa carona. Na empresa onde trabalho isso funciona! Existe a Carona Solidária: quem mora perto vem sempre junto, quatro pessoas em um carro.

Por que será que tentar viver de maneira descomplicada é tão complicado para alguns? Para tudo na vida é possível buscar o melhor. Uma vida melhor não só para nós, mas para quem está conosco. Parece contraditório isso de viver o presente e não se preocupar com o amanha e ainda assim buscar o equilíbrio para não fazer besteiras que comprometam nosso dia seguinte. Esse "caminho do meio" que realmente é difícil de trilhar. E quem disse que o "fácil" é o melhor?

Não seria possível, de verdade, separar o lixo orgânico do reciclável? Não seria mesmo possível ficar um dia da semana pelo menos sem comer carne, economizando assim recursos naturais preciosos ao decorrer de uma vida? É sacrifício mortal consumir produtos que utilizem menos embalagens ou que sejam produzidos mais próximo da sua residência.

Ah, são tantas perguntas que me faço enquanto corro nas matas da minha terra. E sabe por que eu pergunto? Porque em um treino neste domingo eu descobri que o mato onde eu corria dez anos atrás é hoje um loteamento ridículo (não achei palavra melhor). Um amontoado de casas espremidas e que as pessoas se endividam por 30 anos para comprar e ter a ilusão de que aquilo é delas, como se elas fossem eternas. Como se não pudesse cair um meteoro em cima e mandar pelos ares anos de batalha por um bem material ilusório.

Sim, todos podemos e devemos ter coisas. Mas... Precisa mesmo de 48 pares de sapatos? 25 camisas? Dois carros?

E o corredor com isso? Ah, se o corredor acha que lugar de correr é em pistas e asfalto tudo bem. Também adoro correr nas ruas da minha terra, percorrer cantos obscuros de cidades que visito ou encarar longas estradas, com asfalto mesmo. Não sou radical. Sou um ser vivo apenas. Eu vivo e não apenas sobrevivo. Última pergunta: E você?

Por mais porre que seja esse papo de consumismo desenfreado, se você chegou até aqui é porque se interessa. Então não deixe de assistir o clipe, acompanhar a letra e, se puder, ver o filme. E se chegou aqui também já sabe qual é o filme!

Abrazos!











Society

Sociedade



Oh, it's a mystery to meÉ um mistério para mim
We have a greed with which we have agreedNós temos uma ambição que concordamos.
And you think you have to want more than you needE você pensa que você tem que querer mais do que precisa.
Until you have it all you won't be freeAté você ter tudo, você não estará livre.


Society, you're a crazy breedSociedade, sua raça louca.
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim.


When you want more than you haveQuando você quer mais do que tem
You think you need...Você pensa que precisa.
And when you think more than you wantE quando você pensa mais do que você quer
Your thoughts begin to bleedSeus pensamentos começam a sangrar.
I think I need to find a bigger placeAcho que preciso encontrar um lugar maior
Because when you have more than you thinkPois quando você tem mais do que imagina,
You need more spaceVocê precisa de mais espaço.


Society, you're a crazy breedSociedade, sua raça louca.
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim.
Society, crazy indeedSociedade, realmente louca
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim.


There's those thinking, more-or-less, less is moreTem aqueles achando, mais ou menos, que menos é mais
But if less is more, how you keeping score?Mas se menos é mais, como você mantém seu status?
Means for every point you make, your level dropsQuer dizer que pra cada ponto que faz, seu nível cai
Kinda like you're starting from the topÉ como começar do topo
You can't do that...Você não pode fazer isso.


Society, you're a crazy breedSociedade, sua raça louca.
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim.
Society, crazy indeedSociedade, realmente louca
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim.


Society, have mercy on meSociedade, tenha piedade de mim
Hope you're not angry if I disagree...Espero que não fique brava se eu discordar
Society, crazy indeedSociedade, realmente louca
Hope you're not lonely without me...Espero que não esteja solitária sem mim

fevereiro 17, 2010

2º Edição da Vila do Farol K42 Bombinhas Adventure Marathon

Teste o seu limite...

Venha correr a 2º Edição da Vila do Farol K42 Bombinhas Adventure Marathon!

Sábado, 22 de Maio 2010 Bombinhas - SC - Brasil

Inscrições Abertas!!!

A corrida principal, de 42Km, terá como complemento uma de revezamento de 2x21km, uma participativa de 12Km e o Kid´s.



O percurso é muito variado, alterna permanentemente trilhas de fechada vegetação e pronunciados desníveis, com bonitas praias que unem os morros. Transitará por 17 das 21 praias da península, reconhecidas como uma das mais belas do Brasil.

Casa Do Turista (Agência oficial de Turismo Receptivo).

DESCONTOS ESPECIAIS PARA OS ATLETAS DO K42 EM PASSAGENS AEREAS VOANDO TAM!!!

20% de desconto nas tarifas domésticas

15% de desconto nas tarifas Argentina/Brasil

Mais info: k42@casadoturista.com.br

Também oferecem hospedagem e traslado desde o aeroporto.

Passeios de Barco e Mergulho em Bombinhas (Capital Brasileira Do Mergulho Ecológico)


Inscrições: www.bombinhasrunners.com.br


Os que já vivenciaram falam:

"A maratona de percurso mais dificil --e tal vez mais belo-- que já enfrentei. Beleza, por sinal, é a marca dessa corrida, seduada em um dos pontos mais bacanas do litoral catarinense, a praia de Bombinhas"

Rodolfo Lucena




"Eu simplesmente agradecia a vida por estar vivenciando a primeira edição da maravilhosa e dura corrida ao lado da natureza.

“Enquanto eu tiver saúde para correr, com certeza estarei participando da K42 Bombinhas”.

Até o ano que vem, se Deus, quiser."

Blog do Harry



"Foi demais, fantástico, perfeito. Bombinhas é disparado o melhor lugar que já corri e tenho certeza que está entre os mais belos do planeta.

Trilhas (muitas), estradas de chão (algumas), areia fofa da praia (longos 10km) e até mesmo costão de pedras.

Uma prova para curtir cada centímetro percorrido e que dá um baita orgulho dizer: Eu Corri!

Que tal treinar e me acompanhar em 2010?"

George "Pepe" Volpão



Bombinhas Runners - VDF K42 Bombinhas Adventure Marathon


fevereiro 16, 2010

Três mil e cem metros

Não, não é a altitude da montanha que subi no carnaval.

É apenas a soma da distância de meus treinos deste feriado.

Observo que foram 3.000 metros de corrida e 100 metros de natação no mais especial mar do Brasil.

E me pergunto: para quê mais?

Um beijo!


Na Natureza Selvagem


Os únicos presentes do mar são golpes duros
e, às vezes, a chance de sentir-se forte
Eu não compreendo muito o mar
mas sei que as coisas são assim por aqui
E também sei como é importante na vida
não necessariamente ser forte,
mas sentir-se forte
confrontar-se ao menos uma vez
achar-se ao menos uma vez na mais antiga condição humana
enfrentar a pedra surda e cega a sós
sem outra ajuda além das próprias mãos e da cabeça.
Do filme, Na Natureza Selvagem - Into The Wild (2007).

fevereiro 10, 2010

O treino dos sonhos

Muitos corredores têm a sua prova dos sonhos. Aquela competição que desperta um desejo incontido de alinhar e, curiosamente, querer corrê-la o mais rapidamente possível. Não seria o caso de se pensar em saborear essa prova dos sonhos de forma mais amena, sem cobranças e sem pressa? Claro que não! O nome já diz: somos CORREDORES! Correr virou sinônimo de ter pressa, urgência.

Ops... Parei por aqui pois não é para falar disso que vim gastar o teclado. Deixa para uma próxima, de repente após um trago de boa cana que teria como veículo transportador aos lábios uma lembrança querida de uma bela ilha do litoral paulista.

Tratarei aqui do melhor treino, do treino dos sonhos. Todos querem correr as provas dos sonhos. Seria contentar-se com pouco querer elevar a um status maior um simples treino? De modo algum, leitor, se você estivesse comigo na manhã de 10 de fevereiro de 2009.

Uma simples quarta feira perdida no calendário. Dia útil, chuviscando... Pior ainda, madrugada alta, pois nesta época do ano aqui na terra dos pinheiras o sol (quando se é possível observar o disco dourado) dá as caras após as sete da manhã. Para quem, como eu, ganha a vida baseado em horários comerciais a opção é mesmo madrugar.

Sem lamúrias, moço! Um punhado de amendoim salgado e uns goles de suco de uva para descer o tal amendoim foram o primeiro combustível do dia. Já ao despertar era possível quase apalpar o silêncio que envolve esse período pré-matinal que envolve a região de Campina Grande do Sul.

Tinha-me decidido por recorrer um trecho de aproximadamente 12 quilômetros, numa via com o curioso nome de Estrada do Japonês. Uma estradinha rural, que leva a algumas das milhares de chácaras do município. Perfil altimétrico agressivo, pero no mucho. Mas o que me encantava era a escuridão. Apesar de já tê-la percorrido com gelo nas poças ou com sol saariano, essa estrada na escuridão me revelaria o novo.

E como é bom encarar o novo não é mesmo? Lanterna de cabeça a postos, peito estufado e passo firme, inicio um treino fantástico. Assim que deixo o último trecho de asfalto, ainda no primeiro quilômetro os sentidos começam a se aguçar. A visibilidade limitada pela lanterna, o piso escorregadio de alguns trechos (chovera bastante horas antes) e principalmente os sons...

Ah, foi o treino dos sonhos e dos sons. Posso ouvi-los até mesmo agora. O som dos meus pés, ora tocando um cascalho solto, hora amassando a lama, ora se equilibrando em pedras enormes. Cuidado! O que seriam aqueles dois olhos brilhantes adiante? Ah, um cão. O que pensaria um cão às seis da madrugada vendo um bípede passando lépido em seu território? Melhor não advinhar, hora de caminhar um pouco e dizer um bom dia desajeitado para o figura.

Passado o susto, passos rápido outra vez. Mas era tarde. Outros cães da vizinhança já tinham ouvido o alarme do companheiro de espécie e começaram uma gritaria que parecia querer acordar o mundo.

Mas assim como começou, rápido, terminou. E voltei à companhia apenas do som dos meus passos. Mas por pouco tempo. Entrou um ventinho miúdo da Serra do Mar e pude ouvi-lo claramente quando movimentava as folhas de uns eucaliptos próximos.

Opa! E como esquecer de dois desvairados que cruzei e que corriam assim como eu, naquela escuridão? Em vez do aceno tradicional eu soltei um palavrão: "Porra, achei que só eu fosse maluco assim pra correr aqui nesse horário!" As nossas gargalhadas foram realmente um ponto alto do dia e tenho certeza que os anônimos corredores daquela madrugada não se esquecerão desse encontro inusitado.

E assim os quilometros se passaram, cheguei à sede da municipalidade, estranhando o fato de sua humilde sede da Câmara de Vereadores ainda ostentar decoração de Natal...

De volta ao asfalto, os sons foram substituídos por outros mais comuns ao dia-a-dia de quem vive nos grandes centros. Roncos de automóveis, falatórios nos pontos de ônibus e telefones celulares soando.

Mas não mais importava. Foi tudo perfeito demais! Pois o primeiro som do dia, aquele que ouvi no meu despertador dizia isso e isso me basta:



"And love is not the easy thingE o amor não é uma coisa fácil
Is the only baggage that you can bring É a única bagagem que você pode trazer
Love is not the easy thing Amor não é uma coisa fácil
The only baggage you can bring A única bagagem que você pode trazer
Is all that you can't leave behind" É tudo o que você não pode deixar para trás


And if the darkness is to keep us apartE se a escuridão for nos separar
And if the daylight feels like it's a long way off E se a luz do dia parece estar muito longe
And if your glass heart should crack E se seu coração frágil se partir
And for a second you turn back E por um segundo você quiser voltar atrás
Oh no, be strong Oh, não, seja forte




Walk on! Walk on! Continue em frente, continue em frente
What you got, they can't steal it O que você conquistou, eles não podem te roubar
No, they can't even feel it Não, eles não podem nem sentir isso
Walk on! Walk on! Continue em frente, continue em frente
Stay safe tonight Mantenha-se segura esta noite


Um beijo!

fevereiro 09, 2010

Trail Running chegando pra valer em 2010

Divulgando a primeira prova de Trail Running de 2010. Clique na imagem para ser redirecionado à página do organizador. Saludos!

fevereiro 07, 2010

De como o calor afeta a (minha) performance

É sabido por todos nós que essa primeira semana de fevereiro de 2010 tem sido marcada pelo forte calor nas regiões sul e sudeste de nosso Brasil. Lendo relatos em blogs e no twitter de amigos meus, os comentários são sempre sobre a queda de ritmo, o maior sofrimento e até mesmo a redução da quilometragem esperada para a sessão.

Estudos científicos, inclusive recentemente publicados na Revista Go Outside recentemente, comprovam isso.

Mas que coisa: eu adoro correr no calor! Então vamos nessa. Durante essa semana, como sempre não treinei muito. Minha quilometragem semanal chegou a apenas 45 Km, o que pra mim é mais que suficiente. Durante a semana por questões de (apertada) agenda, eu corro na madrugada, antes de amanhecer. Mas no domingo 07-02 quis sentir de novo o calor forte, saindo para uma corrida de 12 Km por volta das dez e meia da manhã.

O calor me afeta a performance? Com certeza. Eu busco performance em treinos? Não, com certeza. Hora de mostrar resultado é em competição. Dane-se se meu pace cai 7 milionésimos de hora em um treino no calor. E ainda conto com a vantagem de caso me deparar com condições quentes em competições, eu já ter real noção de como meu corpo funciona.

O amigo do twitter @eduardo_acacio que mantém o blog Porque Eu Corro comentou hoje comigo sobre essas insanidades. As pessoas possuem diferentes preferências e seus organismos também funcionam de forma diferente. É o caso dele, que prefere madrugar para fugir do calor. Eu prefiro dormir um pouco mais e encarar a fornalha do primeiro planalto paranaense.

É preciso, claro, cuidar com os excessos e principalmente ouvir os sinais do corpo: vermelhidão, pele seca e quente, tonturas, respiração forçada...

Uma dica que aprendi, sigo sempre e me mantém sob controle é simplesmente parar de correr e caminhar por 30 segundos a cada 5 minutos de corrida. Nesse intervalo conseguimos reduzir a temperatura corporal alguns décimos de grau (é impressionante ver a pele se arrepiando pra dissipar o calor recebido do sangue que deixa de circular nas pernas pra movimentar a musculatura e se dirige para a pele). Outro fator que rola é o suor que cobre a pele e quando voltamos a correr refresca bastante.

Acho que o calor sim me afeta o cérebro, tendo idéias insanas como ultramaratonas no deserto, travessias de montanha no verão e outras coisas.

A sensação de superação, de dificuldade, de batalha mesmo é incomparável. Que graça tem correr uma prova ou treino onde tudo está perfeito?

As montanhas que subi, as corridas que participei, sempre as mais lembradas são as mais duras, as mais sofridas e as com maiores dificuldades.

Então, hora de curtir o calor e esperar pelo inverno. Sim, porque também adoro correr com temperaturas negativas do primeiro planalto paranaense.

Um beijo!




George em setembro de 2007, correndo uma meia maratona em montanha sob 29 graus.

fevereiro 03, 2010

Correndo, andando, escalando, rastejando...

Assim é a vida de quem gosta das montanhas... Basta ver um belo dia de sol e corre em direção a elas. Alguns pegam seus possantes veículos e cobrem a distância desta forma. Já o George preferiu ir correndo.

De casa até a base do Morro do Anhangava não levo mais que 1h30min de passadas tranquilas.

Tenho uma relação muito próxima com o Morro do Anhangava, montanha com 1.420 metros de altitude e que está localizada em município vizinho ao meu, a bela Quatro Barras. De Curitiba, capital paranaense, o Anhangava dista aproximadamente 30 km. Esta montanha trata-se de uma clássica para o apaixonado pelas alturas. Geralmente é lá que se inicia, que se tem o primeiro contato com um ambiente verdadeiramente de montanha. Seu acesso é tranquilo, inclusive para crianças, que assim podem ter um belo contato e uma atividade intensa e divertida junto à natureza. Foi lá que tudo começou para mim também, quando em 28 de janeiro de 1995 atingi seu cume pela primeira vez, despertando em mim um forte senso de aventura e desejo de conhecer mais das montanhas do mundo. Graças a essa experiência primeira no Morro do Anhangava eu subi montanhas nos Andes, posso garantir.

Escaladores também se utilizam de suas formações graníticas para se divertir nas centenas de vias de escalada existentes por lá, atendendo todos os níveis de preparo e experiência.

Em meu caso, no domingo dia 31 de janeiro resolvi encarar a montanha chegando correndo à sua base, subindo-a o mais rápido que meus judiados pulmões permitissem. Após devorar um lanche lá em riba despenquei para casa novamente. Não contava com o forte sol e a ausência de um lugar para comprar água. Por outro lado, pude contar com a hospitalidade de moradores da Borda do Campo, vilarejo colado à montanha e que me serviram de uns litros do precioso líquido, enchendo assim o cantil e partindo pela estrada sacolejando a mochila.

Pecados pagos e culpas expiadas, no conforto do lar preparei o vídeo tosco que segue abaixo.

Um beijo!