abril 18, 2017

Vegetal e 1930

Oi, tudo bem?

É hora de voltar a botar para fora aquelas velhas canções que escrevi entre 1994 e 1998 (dos meus 17 aos 21 anos de idade).

É sobre a sofrência adolescente anterior à loshermanização do rock brasileiro, quando desde então as letras e as músicas deste gênero - com raras exceções - se tornaram mais politicamente corretas e mais açucaradas, com um sabor de suco de amora.

Ainda não defini quantas canções farão parte deste lançamento, mas sei que serão aproximadamente 40 minutos de rock and roll sem muita frescura. Nas sessões de gravação que tenho feito no meu homestudio, tenho procurado manter os arranjos de forma simples sem muitas viagens floydianas que são mais características das composições que comecei a fazer a partir de 2015.

Esses sons antigos pedem algo mais cru, bem do jeito que eu as imaginava quando compus estes temas ao violão lá nos anos 90.

Assim sendo, vamos gravar estas velharias, botar para o mundo e seguir rumo a novos ares e novos sons. As experimentações com instrumentos e arranjos seguem firmes e me encantam hoje muito mais que calçar um tênis para correr ou pegar a bike para pedalar. Cada um na sua e todos felizes.

Uma das coisas que me motivou demais a voltar a trabalhar com estas canções foi o encontro com um amigo montanhista das antigas que me disse que ouvia os sons de minha autoria que eu postava eventualmente nas redes sociais e que apreciava.

Fiquei muito contente e motivado que alguém, além do círculo próximo de amizades, estava ouvindo e prestando atenção ("pow, aquela guitarra me lembrou David Gilmour", disse ele - quase gozei de alegria).

 A primeira que compartilho um trecho chama-se 1930.

Escrevi a letra de supetão em 1996 após um passeio pelo Largo da Ordem aqui em Curitiba - PR após observar gravado o número 1930 (acredito que seja o ano de construção) em uma edificação. E aí veio a letra que trata de desesperança e descontentamento com os rumos da humanidade.

Foi um dos raros casos que escrevi antes a letra e depois a música.

Tudo se encaixou em três ridículos acordes que uso à exaustão em várias das minhas canções. A pegada ficou sessentista e crua. Gostei do resultado.

Abaixo, a letra completa e um trecho da canção finalizada.

Obrigado a todos e não se esqueça de se inscrever no canal do Youtube para acompanhar os lançamentos.


1930

Uma passagem interessante
Lembrando um filme dos anos 30
Voltar no tempo e ver no passado
Certas coisas que não percebíamos
Uma vida diferente, sem filtros, sem muitos disfarces
Preto e branco, mas hoje em dia
A tela quente, a mente vazia

Muitas pessoas estão pelas ruas
Nem se dão conta do que acontece ao seu redor
Bem à sua frente
Só pensam em dinheiro, status e outras bobagens
Deixam de lado a sinceridade, a decência
Fogueira de vaidades
Lembranças e saudade

O veneno que corre em nossas veias
O sangue quente que há em nossos corpos
A violência contra as crianças
Os vícios que corrompem as nações
As drogas que fazem as nossas cabeças
Os corações partidos
E acidente com mortos e feridos

E acidentes com mortos e feridos.



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