Pular para o conteúdo principal

Circuito Paranaense de Corridas em Montanha (?) 2ª etapa 2013

É. O ponto de interrogação é proposital. Afinal o que é montanha? O que é corrida? O que é Corrida em Montanha? Eu já não sei mais nada, tampouco quero dizer o que é ou o que não é. Isso tudo é muito polêmico, desperta paixões, ironias, críticas, egos e outros sentimentos pouco construtivos.

O Morro da Palha, local da competição deste final de semana passado, tem este nome não por acaso. Não é um Pico da Palha. Seria, então, uma Corrida em Morro e não uma Corrida em Montanha? Mas que saco essas tentativas de definição, não é mesmo?

Aqui na região de Curitiba, a segunda etapa do Circuito Paranaense de Corridas em Montanha foi realizada no município de Campo Magro no já consagrado Morro da Palha, local onde eu já havia estado para uma duríssima competição com 21 km em 2007. Uma pena que aquela dificuldade e beleza que observamos seis anos atrás passou longe da corrida deste sábado passado. Ok, havia a subida do Morro da Palha, mas por estrada de terra íngreme onde, mesmo com minha condição pangaré, pude trotar "montanha" acima.

Havia pouca dificuldade técnica, alguma dificuldade física (desnível considerável) e ótima organização, como já é padrão da Naventura. Entendo o trabalho deles como o de promoção da modalidade, planejando e executando percursos não tão difíceis como aqueles já realizados, a fim de trazer mais gente para o esporte. Ok, acho válido. Mas não é meu tipo de prova favorita. Por isso mesmo, não consegui me soltar muito, andando sempre com o pé no freio, pensando no longão muito mais divertido do dia seguinte nos matos de Colombo e Campina Grande do Sul.

A melhor parte do evento todo foi poder encontrar os amigos e estar com os colegas da equipe Território Mountain/TRC Brasil da qual faço parte e marcaram presença no pódio (exceto eu, é claro). A companhia da esposa Ana Barbara igualmente me fez o dia especial e pudemos correr um trecho da prova juntos também.

Saldo Final - Um pouco amargo

A sensação que fica é que ocorre uma busca dos fins certos pelos meios errados. Promove-se saúde, contato com a natureza, camaradagem, desafio e respeito pelo próximo. O fim certo. Nem sempre é isso que tenho observado. Algumas embalagens de gel descartadas na trilha por alguém que não consegue sobreviver sem consumir artificialidades em apenas uma hora e pouco de atividade. Gel é para depois de duas horas de atividade, pelo menos eu achava que era, além da embalagem não degradar sozinha, por mágica... Uma larga estrada de terra morro acima e atleta pedindo licença para o atleta da frente, porque talvez fosse muito difícil o próprio dar um passinho pro lado e continuar com seu ritmo mais veloz. Pessoas absolutamente desconhecedoras do que significam 700 ou 800 metros de desnível total em uma corrida e reclamando que tinha muita subida - estava nas informações pré-prova. Ou que estava muito quente - a largada era às 15:00 e era sabido, obviamente, por todos.

O crescimento das corridas em montanha do nosso país tem vindo acompanhado da cultura imediatista das glórias passageiras em redes sociais e da competitividade do mundo moderno que é muito, mas muito diferente da paz e respeito que as montanhas oferecem. Faço questão de trabalhar isso, buscando o caminho do meio, interpretando de maneira coerente a citação de um dos maiores mestres do montanhismo mundial, o russo Anatoli Boukreev:

"Montanhas não são estádios onde eu satisfaço a minha ambição, são as catedrais onde eu pratico a minha religião"

Abraços.




Com carinho é mais gostoso! Pre-prova.

Pós-treino longo da semana. Solitário, tranquilo e na medida.

Comentários

  1. Volpão, Volpão, e suas polêmicas....

    Morro por morro também tem o Perdidos, Araçatuba, ou o da Cruz (pertinho de você), mas em todos são chamados de Corrida em Montanha. Concordo que a altimetria é muito pior no Perdidos ou Araçatuba que no Palha ou no Morro da Cruz, com certeza.

    Talvez realmente não devesse chamar Corrida de Montanha. Mas será, só por quê alguém fez uma definição para tal?

    O que é certo é que esse Circuito, um dos pioneiros em nosso País, levou muita gente à sair das corridas de rua e lembrar que existe lugares muito mais bonitos e gratificantes para correr. Só espero também que não o transformem na imunndisse como tal nas ruas (com o gel jogado no chão). Eu por exemplo, por duas vezes peguei copo de água no caminho (mais para molhar a cabeça que para tomar) e descartei nos lixos disponibilizados logo em seguida.

    Ah... e conseguir trotar (direto) na subida do Palha, só para uns (poucos) caras preparadíssimos, ou se guardou só para isso. Caso contrário irá andar um (bom) tanto.

    Grande abraço, infelizmente não podemos conversar muito no local (cheguei em cima da hora para largar), mas nos encontraremos nas próximas "Corridas em Montanha".

    César Condrati

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Salve, nobre César. Deuzolivre, longe de polêmicas. Tanto que no próprio texto reconheci como importante o trabalho da Naventura na promoção da modalidade e declarei-me de saco muito cheio de tentativas de definições e outros mimimis =D

      Como quis passar no texto, o ensinamento maior que tirei nessa experiência do Morro da Palaha é que ainda falta muito para termos uma cultura de montanha, com respeito aos companheiros de atividade e ao ambiente. Estamos trabalhando, eu, você, Naventura e muitos outros para isso, tenho certeza.

      Abração e obrigado pela visita e comentário!

      Excluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Specialized Hardrock Sport Anos 90

Oi! Com esta bike consegui, de certa forma, realizar um sonho de adolescência: pedalar uma mountain bike com quadro de cromo-molibdênio e geometria clássica dos anos 90. A bem da verdade, lá por 1996 eu pedalei por alguns meses com uma Scott Yecora e mais recentemente, em 2014 uma Trek Antelope 800. Mas ambas tinham apenas os três tubos principais em cromoly. Esta Specialized Hardrock Sport eu consegui na Jamur Bikes, sendo trazida recentemente dos Estados Unidos pelo próprio Paulo Jamur (proprietário da loja e meu boss), que se encantou pela bike e seu estado de conservação. Quando ele colocou a bike à venda na loja, não me fiz de rogado. Era a chance de ter uma bike em cromoly e praticamente original dos anos 90. Na verdade comprei esta bike como alternativa para transporte urbano, uma vez que a Format 5222 (da qual pretendo fazer uma apresentação em post futuro) que "gravelizei" eu pretendia deixar somente para atividades esportivas. Mas gostei

Nova Bike Kode Straat - Uma boa opção para montar uma Gravel Bike

Senhoras e senhores, tudo bem com vocês? Poxa, que bike da hora! Recebemos aqui na Jamur Bikes e já fiquei de olho grande. E adianto, já garanti a minha! Sim, a Kode Riff 70 vai retornar à proposta para a qual foi concebida (MTB 27.5 polegadas) no futuro (poca plata por ora) e vou apenas colocar o guidão drop e trocadores STI na nova Kode Straat. Vejam a imagem abaixo, retirada do site do fabricante, bem como sua geometria: Não parece ser muito apropriada para montar uma Gravel que é quase Gravel? Um top tube mais parecido com as speeds do que com as MTBs, um clearance menor na passagem das rodas, passagem dos cabos interna e outras características me levam a crer que esta bike pode andar muito confortavelmente entre estradões de cascalho (gravel roads) e asfalto, ou mesmo trilhas leves. Bora fazer essa alteração. Abaixo um vídeo mostrando a bike como ela vem de fábrica, original. E aqui a ficha técnica: - Quadro em alumínio 6061. - Garfo: Alumínio.

Só o CUme Interessa - Piada Escrota

Bah, nem é piada. Acho que isso se chama cacofonia, que é quando alguma coisa dita de um jeito dá a entender que é outra coisa. Entendeu? Ah, eu também não, hehe. Enfim, não é o que importa. To escrevendo essa parada, porque li um post no blog que os colegas Bonga e Tonto montaram para divulgar sua expedição no Ama Dablam, uma das mais belas e cobiçadas montanhas do Himalaia. Este cume não é dos mais elevados nem dos mais tecnicamente exigente. Mas o Ama Dablam é lindo! Quem não gostaria de pisar em um cume assim? Lindo, majestoso, imenso... Confira abaixo: Pois é... com seus quase sete mil metros trata-se de uma cobiçada montanha, objeto de desejo de muitos. Porém, o que rola desde princípio dos anos noventa são os turistas de montanha. Nada contra eles, pelo contrário. Servem para impulsionar uma atividade ecologicamente correta, movimentar economia, transferir renda e trazer qualidade de vida para quem pratica e/ou depende dela. Porém, tudo em exagero tem um porém - to meio engraç