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A Estreita Relação de Um Ser Humano E Seu Lar (Parte I)

(publicado originalmente em fevereiro de 2007)

É uma necessidade básica do ser humano: Um lar! Talvez não necessariamente um lar, uma casa talvez. Sim, porque existem muitas diferenças entre uma casa e um lar. Um lar não precisa ser obrigatoriamente uma casa. Pode ser um apartamento, uma mansão, um trailler, um barraco. Até mesmo uma casa. Ou então uma barraca.

Agora, uma barraca, com certeza tem que ser um lar! Como não chamar de lar um local que nos fornece um abrigo tão seguro (quase sempre, depende do vento…) e ser tão simples de carregar nas costas de um lugar para o outro? Nós montanhistas, estabelecemos com nossa barraca uma das mais íntimas relações possíveis com objetos inanimados. Mais do que com nossas ditas “casas” do mundo que ficou no caos urbano. A barraca conhecemos em cada centímetro!!! Você por acaso sabe quanto pesa sua casa? Aposto que sabe quanto pesa sua barraca. Você já mediu a capacidade da sua casa? Na minha barraca cabem no máximo duas pessoas. Aliás, isso depende porque na verdade tenho duas barracas. A da foto de hoje cabe apenas um George todo encolhido, que não consegue ficar sentado sem se assemelhar a um velho com lordose.



Você, irmão, consegue reparar no caos organizado que se apresenta nesta tosca imagem? Um isolante inflável (muito mais confortável que o colchão da minha casa), uma mochila de ataque com o infelizmente indispensável aparelho celular), um rádio-comunicador para me divertir em conversas estéreis… Até mesmo o boné da Jamur Bikes, meu Deus! Nem na montanha sossego do trabalho, tsc tsc. Reparem que minha casa tem uma cortininha, como mandam os bons modos. Não sei se os adeptos do Feng-Shui gostarão da disposição de meus apetrechos, mas este é meu lar favorito. Quando em eventos solitários claro. Porque quando acompanhado as exigências são outras, o ambiente pede a amplidão e o conforto que todo casal de pombinhos merecem… Mas essa é outra história que pubicarei na seqüência.

Agora, sim, do alto de meus trinta anos de idade, sendo metade disso na vida aventureira me sinto a vontade pra continuar a matéria sobre nossos lares desmontáveis, carregáveis e efêmeros. Sim, efêmeros porque muitas vezes a vida útil de uma barraca não supera a da sua empolgação pelo vida ao ar livre. E se você é aventureiro de coração sempre haverá uma boa desculpa para adquirir aquele modelo de última geração, feito com varetas de super-hiper-flexipower e tecido de mega-extra-ripstop.
No entanto prefiro barracas com histórias para contar. Porque barracas, como um verdadeiro lar de montanhista, adquire o jeitão de seu proprietário. Tento estender ao máximo a relação. Mas se é chegada a hora de abandonar o velho lar tento retirar-me em meus devaneios internéticos e buscas incessantes pelo modelo de maior custoXbenefício (palavra em moda, bah) e fazer a coisa certa, para não me arrepender depois.
Barracas grandes (para duas pessoas já é barraca grande para mim) têm a vantagem de que quando se está sozinho você pode fazer a maior zona e nem se preocupar porque panela nenhuma ficará sob sua cabeça. E se ficar basta arremessá-la para longe, o fundo neste caso. E se estiver acompanhado, principalmente por alguém íntimo do sexo oposto, poderá dispor de um ambiente agradável para se divertir, principalmente nos dias de tempo feio, quando chove. Até mesmo porque o ruído da chuva na lona é capaz de disfarçar ruídos que fatalmente seriam ouvidos por hipotéticos vizinhos de acampamento, visto que o isolamento acústico é praticamente nulo. Tá bom, eu sei que barraca não é motel, uma duchinha faz falta e sei-lá-mais-o-quê, mas… Digamos que a vida ao ar livre convida a uma certa empolgação. Será que vem daí a expressão “armar a barraca”?




Não sei. Só sei que minha barraca é uma companheira fiel e obviamente não a empresto, não a alugo. Até mesmo as últimas companhias eu tenho selecionado bem. Quando é para acampar em grupos maiores prefiro me ajeitar na barraca de alguém. Essa do Pereira, que aparece na foto acima cabem quatro sentados para uma jogatina. É o momento do “social”. Falando nisso, você sabe apreciar esses momentos? Não se feche em zíperes, venha nos fazer uma visita!


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