março 29, 2010

Copa Paulista de Corridas de Montanha 2010 - Paranapiacaba

A aventura já começou para se chegar ao local de largada. Neblina forte na estrada, mal permitindo que eu vislumbrasse o rumo correto. Sorte foi ter encontrado mais gente de carro na mesma situação e seguimos em lento comboio por uma estrada de chão até o fantasmagórico (devido à neblina) vilarejo de Paranapiacaba, nas estranhas da Serra do Mar paulista.

Chegamos todos a tempo apenas de retirar o kit, cravar o número de peito na camiseta, amarrar firmemente o chip, beber água e alinhar. Lá encontramos ainda o Eduardo Acácio, amigo de twitter e agora carne e osso também.

A largada foi dada com pequeno atraso e deu uma volta pelo "centro" do vilarejo onde na passagem pelo local de largada o entusiasmo do público presente incentivou uma passada mais firme.

Após pouco mais de dois quilômetros em estrada de chão, desembestamos para uma trilha estreita, que permitia a passagem de apenas um atleta por vez e onde já era possível entender pelos pés que estavam à frente quem ja tinha corrido esse tipo de prova e quem debutava.

Os vacilos na passada e os olhares incrédulos diante dos lamaçais e barrancos eram cada vez mais constantes neste trecho de prova que se estendeu por mais de 5 quilômetros em um total de 12 de competição. Esse trecho foi matador, com muita lama, mata fechada, tocos ocultos para os incautos, espinhos para os desavisados (ainda tenho dois desses na palma da mão direita) e o clímax: um trecho dentro de um riozinho com água na altura das coxas. Ali pude ultrapassar muita gente, visto que os 10 anos fazendo essas maluquices com regularidade aqui nas trilhas da serra paranaense me davam muita confiança. Ignorei essa parte. Para falar a verdade nem me lembro direito dela. Logo após começava uma quase escalada por umas quedas d'água.

Toquei pra cima e quase ao final da subida uma fraqueza apareceu. O esforço estava demais, o coração na boca e os pulmões incapazes de absorver aquele ar úmido. No fim das contas tudo veio na hora certa: a inclinação tornou-se menor e as energias foram voltando, permitindo-me até mesmo correr um pouco, coisa que até então só fizera no início da prova Nestas subidas malditas eu praticamente só caminhara.

Saímos das trilhas fechadas e passamos a correr em uma trilha de motocross, completamente arrebentada, com barrancos esperando os incautos serem engolidos. Num mix de prudência e insanidade despenquei, mais uma vez aproveitando-me da experiência nesse tipo de terreno. Achei esta a parte mais divertida, onde senti meu corpo plenamente conectado com o terreno, lendo cada passo com antecedência, procurando de forma quase automática a melhor linha a ser encarada.

Com 9 quilômetros enfim a estrada de chão final. Hora de socar e estufar o peito para cruzar em 1h21'35". Isso significou um 54° lugar entre 257 sobreviventes na geral. Esse tempo me trouxe também um honroso 8° lugar entre 29 atletas da minha faixa etária, a concorridíssima 30-34 anos masculino. No fim das contas: bom pra cacete, ainda mais pra um pangaré das longas distâncias como eu! Os resultados podem ser conferidos aqui.

Na linha de chegada estavam o Anderson e a Cíntia, amigos de São Paulo que lá estavam prestigiando outros corredores também e que garantiram as fotos que por enquanto disponibilizo aqui.


Mais um gol dele: George Volpão!



No final da prova muita reclamação dos corredores da prova paralela dos 6K. Boa parte deles ficaram desamparados da organização, que não sinalizou corretamente alguns trechos e provocou um "perdidos na selva" generalizado, levando alguns atletas a usarem a fácil ferramenta da internet para despejar críticas ao organizador. Má sinalização, falta de água, banheiros, tapete vermelho, inscrição cara, entre outros causos.

Publiquei no mural do site da organização um textinho, o qual reproduzo abaixo e reflete minha maneira de pensar. Opa, atenção ao pronome: "minha". Essa é apenas a "minha" visão, que claro, não é a definitiva nem a correta, apenas minha.

Entendo as queixas e tudo mais. Mas é tudo questão de ponto de vista. Não defendo ninguém aqui. Mas acho que reclamar, reclamar e reclamar faz mal pro coração. Corri os 12K não houve nenhum problema de organização. Bebi água no final, joguei meu lixo numa lixeira q tinha por lá, lavei meus tenis em uma mangueira e desfrutei da corrida. Correr em montanha é outra coisa. Se não gostou da experiência, restam as provas da moda: Circuito Adidas, Corpore, Track & Field. Correr em montanha é passar sede, se perder, se sujar e dar risada depois de tudo. Correr em montanha é parábola para a vida, é flertar com o inesperado. Palavra de quem faz esse tipo de prova há 4 anos.


Ver o sorriso das pessoas correndo no quilômetro final, onde ficava óbvio que elas sabiam que estavam superando um desafio que só estava ao alcance de quem merece, foi muito melhor que qualquer medalha ou troféu.

Aos amigos um abraço.

4 comentários:

  1. De carne e osso meio moidos mas realizado!!!

    Parabéns meu amigo magnifico relato !!!

    Espero ter a chance de correr com você em outras provas !

    http://porqueeucorro.blogspot.com/

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  2. Volpão, que pena que não te encontrei lá! Quem sabe na próxima a gente se encontra ao vivo! Ah, que inveja da sua experiencia em atravessar rios correndo..

    bj

    Natalia (Corredora Zen)

    http://www.webrun.com.br/comunidade/blog/home/id/7

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  3. hello... hapi blogging... have a nice day! just visiting here....

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  4. Show o seu relato!!!! Eu que estive lá e completei os 12K qdo li é como se estivesse revivendo a situação!!! Muito bommmm!!!

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