Foi bom, bom demais.
Quase um ano após acampar uma última vez na Serra do Mar; ter o prazer de preparar um refeição simples (polenta com linguiça calabresa), de montar uma barraca, de carregar água, comida e roupas nas costas por algumas horas e poder desfrutar bons momentos com pessoas queridas é algo que realmente enche o coração da gente. Ótima oportunidade para testar as pernas, o fôlego e alguns novos produtos enviados pela Proativa, dos quais tratarei após coletar mais impressões nos próximos camps.
Eu e a Ana Barbara começamos a caminhada no final da tarde, quatro e meia da sexta-santa, para ser mais preciso. Tempo aberto, céu azul e Fazenda da Bolinha (cabeça da trilha) lotada de carros, o que indicava uma provável - e depois confirmada - super lotação da região toda. O percurso apresentava-se bastante seco para esta época do ano, reflexo das poucas chuvas do verão por aqui. Caminhada tranquila, subindo sempre numa mesma balada, sem solavancos, sem correria e sem paredes a escalar.
O primeiro trecho é na floresta, no vale do rio Samambaia rumo ao colado entre o Camapuan (1719m) e o Pedra Branca. Uma vez no topo do dito colado (sela, para alguns), quebra-se à esquerda, apontando o nariz para o ainda invisível cume do Camapuan. A floresta ainda domina o cenário e a inclinação aumenta um pouco. Uns tantos minutos, quase ao pôr-do-sol, atingimos o final da floresta, início dos campos de altitude da rampa do Camapuan. Neste ponto estamos na casa dos 1.350 metros e o restante do desnível é superado sempre com belo visual. Um descampado inclinado que é encarado com paciência e admiração. Tendo a lua na fase cheia nascido na face oposta em que estávamos, seu brilho nos deu o ar da graça no topo desta montanha.
Cume lotado, dois jovens bivacando, pessoal gente fina. Após nos alertarem para a super lotação no cume vizinho do Tucum (1734m), nosso destino, despedimo-nos e seguimos sob a luz da lua, tendo o Pico Paraná em tons prateados à nossa frente compondo uma cena bonita pra mais de metro.
Em um total de três horas e trinta de pernada, atingimos o cume do Tucum, onde havia barraca por todo lado e uns figuras de roupas de exército curtindo um som de gosto pra lá de duvidoso. Cordialidade é a tônica neste momento e partimos para achar um canto mais tranquilo. Achamos um bom ponto para colocar a barraca num platô lateral, tomando a trilha que leva ao Cerro Verde (1653m), a apenas 3 minutos do cume e distante o suficiente da zoeira.
Ótimo lugar para acampar e aguardar os amigos que estavam a caminho, meus parceiros de caminhada desde 2007, a Aliny e o Arce. Não demorou muito para chegarem, vieram em ritmo forte.
Hora do jantar, preparado conjuntamente, aproveitando para secar uma garrafa de bom vinho e mandar ver na polenta, arroz, batatas e outras guloseimas. Noite perfeita, com temperatura na casa dos 15 graus. Após uma sonequinha jogado no mato feito bicho, toque de recolher para um sono revigorador.
A ideia era acordar para o nascer do sol. No entanto, durante a madrugada, nuvens se formaram e impediram que apreciássemos essa cena. Gostei, bora dormir um tiquinho mais. Mais para o meio da manhã o céu abriu-se e permitiu fotos, café-da-manhã de reis e um tranquilo desmonte de acampamento para a descida, desta vez conjunta.
Hora de baixar, de voltar à cidade com uma grande certeza: em 15 dias vai ter mais =)
Porque a vida nas montanhas, essa é aquela que sempre buscamos.
Beijos e abraços!
Foto clássica do cume do Tucum (1734m), tendo o Pico Paraná (1877m) como destaque. Em primeiro plano, um pouco à direita o Cerro Verde (1653m). Imagem: Ana Barbara Vicentin.
Vista do alto do Tucum, tendo o Morro Camapuan (1719m) e seus característicos descampados e a Represa do Capivari ao fundo. Imagem: Ana Barbara Vicentin.
Preparando a pose para a foto abaixo. Imagem: Aliny Borba.
Tcham! Imagem: Aliny Borba.
Momentos antes de iniciar a descida: Arce, Aliny, George e Ana Barbara. Imagem: George Volpão.
que lugar lindo!!!
ResponderExcluirfiquei só imaginando a delícia dessa caminhada ao anoitecer!
acampar, ainda não sei o que é isso, infelizmente...
nunca acampei:(
mas creio que o Rio de Janeiro vai me botar nos trilhos:)
George, seu relato ficou bem bacana!
e melhor de tudo, deixa a gente babando de vontade de também secar uma garrafa de vinho em algum cume na companhia de alguns bons amigos:)
acho que é isso que tá faltando nos dias de hoje, esse contato pacificador coma natureza... acho que esse negócio de estresse, neuras, ia se dissipar rapidinho após uma boa caminhada numa trilha!
muito legal!
O Tucum é encantador , parabéns pelo relato e fotos !abraço.
ResponderExcluirMuito legal, Volpão!
ResponderExcluirBelas fotos e o contato com a natureza mais primitiva.
Treino no Parque da Aclimação e um dia desses encontrei um amigo ultramaratonista que nos próximos dias vai sozinho para o Pico da Bandeira. Conhece? Ele vai utilizar suas férias para subir, passar lá uns dias e apreciar a paisagem.
Admiro essa coragem, e invejo a beleza natural com a qual se depara.
Abração!
Salve Joel!
ResponderExcluirJá estive no Bandeira... lugar incrível mesmo. Quando estiveres no PR me avisa que a gente sobe algum barranco =)
Abração.