julho 21, 2021

Sobre Estar Só - O Circo de Um Palhaço Só

 Queridos e Queridas, como estão?

As conversações de hoje tem a ver com solitude. 

Muita gente prefere o uso dessa palavra em vez da solidão. Sabem a diferença? Caso não, ajudo aqui:

Segundo o Dicionário Online de Português, Solitudes é o plural de solitude. O mesmo que: exílios, retiros, solidões.

Significado de solitude

[Poética] Estado da pessoa que está só, sozinha.

Condição de quem se isola propositalmente ou está em um momento de reflexão e de interiorização.

Etimologia (origem da palavra solitude). A palavra solitude deriva do latim "solitudo,inis", com o mesmo sentido de solidão.

Já sobre a Solidão, a mesma fonte discorre: Significado de Solidão

substantivo feminino

Estado de quem está só, retirado do mundo ou de quem se sente desta forma mesmo estando rodeado por outras pessoas; isolamento: os encantos e as tristezas da solidão.

Lugar despovoado e não frequentado pelas pessoas; ermo, retiro: retirar-se na solidão.

Natureza ou característica desses lugares ermos: solidão dos mosteiros.

Assim, concluo: 

A solitude é um estado de isolamento voluntário e positivo, já a solidão é uma condição associada à dor e tristeza. A solidão é um sentimento de vazio, é o desejo de ter a companhia das pessoas, mas não ter.

Sendo assim, vamos de solitude mesmo, uma vez que é uma sensação positiva, que é como me sinto muitas vezes.

Talvez eu pudesse contextualizar isso começando pela infância.

Apesar de ter mais três irmãos, a diferença de idade entre mim e eles é enorme, o que fez com que eu passasse minha infância praticamente sem esse tipo de companhia. Era também uma das únicas crianças da escola que moravam em apartamento na cidade onde cresci, Paranagua-PR. Ou seja, pouco acesso às brincadeiras na rua, como a maioria dos colegas de aula.

Assim, me acomodei e me encontrei entre livros e discos, tornando-me, de certa forma, bastante introvertido.

Fui me soltar e me relacionar com pessoas mesmo a partir da adolescência, quando passei a estudar no período da noite e a trabalhar durante o dia. E, claro, festar MUITO nos finais de semana com a fase do sexo, drogas e rock and roll que vivi na última metade da década de 90. Cinco anos muito loucos mesmo.

Aí a gente cresce, vira hominho (nem tanto assim) e acaba literalmente "encontrando a sua turma".

Primeiro com a galera da montanha, na primeira década do Século XX. Pessoal da AMC (Associação dos Montanhistas de Cristo) e o Nas Nuvens Montanhismo.

No final desse período me mudei para Belo Horizonte e comecei uma nova fase da vida, principalmente no que se refere ao esporte: a corrida de rua e a corrida em trilha.

Acabei ficando apenas 11 meses e 15 dias na capital mineira, retornando à vida na capital paranaense no final de 2009 (apesar de ter residência na região metropolitana, meu trabalho sempre foi em Curitiba).

E aí, nova turma. A galera do Trail Running. Uuhuu, radical, pé na lama (mas que não gosta de mosquito e nem de dormir sem banho. To generalizando, aviso pra galerinha que problematiza tudo).

Mesmo assim nunca fui lá de curtir grupos grandes, patotas, etc.

Minha vida em comunidade sempre se resumiu às pessoas com quem eu tinha um relacionamento fixo (minhas namoradas quase sempre foram minhas melhores amigas) e pouquíssima gente mais.

E assim tem sido desde então.

Não é difícil encontrar inúmeros vídeos no YouTube e relatos aqui no blog dos meus rolês "solitários" pela Serra do Mar.

Gosto da independência, da sensação de liberdade que somente a minha companhia me proporciona.

Com equilíbrio, claro. Gosto de estar BEM acompanhado e os últimos meses me proporcionaram muitas dessas experiências bem acompanhado nas atividades.

Creio na seleção natural das pessoas que são do nosso convívio. Algumas chegam e ficam por um tempo, outras mais. Todas, de certa forma partem. Eu não tenho amigos do tempo de colégio, por exemplo.

Talvez eu não seja um bom amigo, daqueles que forçam a barra que cultivem ou que comam caminhão de bosta por alguém. Sou mais prático, Lua em Virgem, sacam?

Essas reflexões de hoje advém das experiências que tenho vivido recentemente na comunidade trail runner onde observo e coleciono impressões de que o que realmente importa é quem você tiraria da montanha em caso de apuros. Quem está do seu lado verdadeiramente, quem realmente se importa.

Nesse mundo de relações sem solidez e de redes sociais onde um like numa foto não significa afeto mas sim um processo automático, eu fico, como sempre com os bons e a galera do offline.

Com a atenção daqueles que mesmo a distância me acompanham nesses textos, nos meus vídeos ou numa rara postagem no Instagram. É gostoso receber aquele direct de gente que não vejo há anos e que compartilha com você das mesmas ideias.

Quem não gosta de ser lembrado e que perguntem: você está bem?

É dessa solitude que falo. Sobre o estar só e bem. De gostar da própria companhia, de não querer se isolar do convívio humano mas de também não fazer parte de um circo.

Assim é, assim sou. George Volpão, palhaço de um circo só.

Saudações, gratidão!


Um comentário:

  1. Rs. Cara, nunca vou acostumar contigo sem barba.
    Enfim, tema muito bem colocado. Eu corri boa parte da minha vida só. Pra mim bastava. Vez ou outra com um ou dois amigos. Muito raro em um grupo. Mas a experiência de socializar e compartilhar experiências é boa. Mas sempre me vejo como um lobo solitário. Alcunha que não me incomoda. Solitude é bom. Você aprende sobre si, a ter disciplina, refletir. A nossa pequenez neste vasto mundo. E se uma pessoa não suporta a sua própria companhia, tem aí um sério problema. Forte abraço meu caro!

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