Copa Evolue de MTB 2025 4.a Etapa Cat. Gravel - Almirante Tamandaré/PR
Hola, que tal?
Nunca fui muito afeito às competições de ciclismo. Sempre achei o ambiente um tanto testosterônico demais — e, confesso, tenho dificuldade em criar laços de amizade com homens. Essa coisa do “brother”, da parceria, da cumplicidade… sempre me escapou. Desde cedo, encontrei mais leveza na companhia feminina — e não falo de romance, nem de paquera. É outra sintonia.
Mas isso tem mudado.
Os pedais de sábado com os clientes da Bike4U, e os treinos das quartas-feiras com o Antony e o Paulo Boing, têm me mostrado um outro tipo de convivência. Neles encontro um companheirismo verdadeiro, sem competição disfarçada de amizade. Um vínculo que talvez sempre tenha me faltado.
O ciclismo competitivo — especialmente o MTB aqui no Brasil, onde o ciclismo de estrada respira por aparelhos — sempre me pareceu um território masculino demais.
Não apenas em números, mas em energia.
Enquanto a corrida de rua e o trail já se equilibram entre gêneros, o MTB ainda carrega esse ar de “ser o mais forte”, “o mais bruto”, “o invencível”. Uma bobagem egocêntrica que sempre me pareceu coisa de criança birrenta brincando de adulto.
Corri provas de MTB lá em 2005 e 2006 e a sensação era a mesma.
Mesmo depois, trabalhando no meio, essa impressão se manteve.
Em 2018, participei da primeira prova com categoria Gravel Bike aqui no Paraná — a pioneira Milk Race.
Depois, em 2022, encarei uma etapa da antiga Copa Soul.
E agora, em 2025, decidi voltar a competir — mais por estratégia de marketing da Bike4U do que por ambição pessoal.
Pra minha surpresa, encontrei um ambiente diferente.
Mais leve.
Talvez eu tenha amadurecido, talvez o público também.
Talvez um pouco dos dois.
Domingo, 19 de outubro, foi a quarta e última etapa do campeonato.
Três atletas na categoria gravel masculina. Nenhuma mulher.
Zero surpresa.
Decidi ir pedalando até a largada: 15 quilômetros sob uma manhã estranhamente gelada, rumo a Almirante Tamandaré. Nove graus, o sol ainda tímido, duas longas subidas que me acordaram o corpo e o espírito.
Lá encontrei o Boing. Montamos juntos nosso pequeno “circo” da Bike4U — tenda, risadas, café quente e aquela camaradagem que vai aquecendo o dia devagarinho.
O frio e o vento teimavam, mas eu estava tranquilo.
Zero expectativa de desempenho.
Só queria estar ali — inteiro — entre amigos.
O percurso: 35 quilômetros e cerca de 750 metros de ganho. Um sobe e desce constante, trechos ainda úmidos das chuvas, mas sem maiores perrengues.
Dessa vez, pude aproveitar tudo o que uma gravel oferece: conforto, controle, prazer.
A recém-adquirida Caloi Arenita se comportou lindamente — talvez um pouco pesada, mas perfeita pra o que realmente busco: viagens, estradas de terra, horizontes longos.
Saí da prova com o coração leve.
Não sei se seguirei competindo — há sempre uma cobrança interna, um sussurro que pede mais.
Mas sei, com certeza, que amo pedalar.
E que ainda há muitos quilômetros de terra e silêncio me esperando por aí.
Ah, e voltei pedalando — do melhor jeito possível.
A Pati Fontana foi me encontrar depois da prova, e fizemos juntos os 20 quilômetros de volta, sem pressa, só deixando o domingo passar por nós.
Um relato mais emocional do que técnico, do meu jeito — talvez o único jeito que eu saiba escrever: com o coração pedalando junto.
Nos vemos no próximo texto.
Bons pedais e boas corridas.
Comentários
Postar um comentário