Dois meses depois, voltei a correr em trilhas — novamente no Anhangava.
Nesse meio tempo, foram poucas corridas pela cidade, mas com direito a um longão solitário de 21 quilômetros por Curitiba. E muita bicicleta — coisa de uns 700 km por mês, girando pensamentos junto com os pedais.
Troquei de bike, muitos de vocês já devem saber.
Não para “correr de bike”, mas para ter um equipamento que me acompanhe numa preparação física mais exigente, mais honesta comigo mesmo.
Até participei de uma prova de 35 km de gravel e de três etapas da Copa Evolue. Por um momento, cogitei levar o ciclismo a sério, treinar mesmo, pensar em provas de ultradistância — essas loucuras longas que sempre me atraem, seja correndo ou pedalando.
Mas, no fim, percebi que não é bem por aí.
A bicicleta e a corrida em trilha são, pra mim, expressões de liberdade.
Por mais que admire e estude métricas, que analise frequência cardíaca, pace, altimetria, gordura corporal, HRV — tudo isso me fascina — ainda assim, nada substitui a sensação simples de estar livre.
O vento, o barro, a poeira, o suor e o silêncio.
Então não, não dá pra pensar só em performance.
Até porque a terceira idade já acena de longe (e, sinceramente, não tenho pressa em chegar lá correndo).
Correr livre pelas trilhas e pedalar livre pelas estradas — esse é o meu caminho.
Somente o meu.
Não precisa ser o de mais ninguém.
Cada um tem o seu jeito de buscar sentido, ou pelo menos deveria ter.
Não quero ditar regras, não quero ensinar nada.
O que eu quero é só compartilhar vivências, dividir o que o corpo sente e o coração traduz.
Talvez espalhar um pouco de leveza digital nesse mundo saturado de gente fodona, de gente tentando correr mais rápido, pedalar a melhor bike, bater o próximo recorde, nem que seja de likes ou de views.
Eu sigo firme — ou melhor, sigo leve — criando esse conteúdo misto de trilhas e gravel bikes, onde o que vale é o movimento, não a medalha.
E, sim — em 2026 deverei voltar a correr algumas provas de trail running.
Pelo amor ao que sempre me moveu: a vontade de estar em meio à natureza, com o corpo cansado, alguns bons amigos e a alma desperta.
Uma boa semana a todos.
E que ela venha com vento no rosto e pés sujos de terra.

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