outubro 18, 2009

Joguei Fora o Meu Polar

Ops, na verdade não era um Polar, era um Timex HRM 2004. Mas era sim um monitor cardíaco, cuja marca finlandesa tornou-se praticamente sinônimo do artefato tal qual lâmina de barbear é Gillete e comida-lixo (junk food) é McDonalds.

O caso é que joguei fora sem dó. Aterrissou em um matagal próximo de onde me escondo às noites de dias úteis e principalmente nos dias inúteis, onde sua única utilidade é fornecer-me um pouco de luz para atirar-me passada após passada. Só assim mesmo para livrar-me da escuridão úmida e fria das encostas da Serra do Mar, quando de Lunes a Martes as obrigações diárias obrigam-me a correr bem no horário em que os galos cantam.

O caso é que joguei fora sem dó. Com certeza sua pulseira estava mais partida que coração de emo. Os trezentos mangos investidos agora irão se decompor vagarosamente (muito feio isso de jogar lixo no mato George, principalmente para um metido ambientalista que és!), o aço, o cristal e o petróleo em breve estarão sepultados, cobertos de matéria orgânica que se forma indelevelmente naqueles matos úmidos.

Sem dó. Pois eu estava sentindo dó de mim, isso sim. Dó de parecer um robozinho controlando minha pulsação, porque me disseram que eu corria riscos se ultrapasse XYZ % de alguma fórmula complicada. Dó de entrar na dança da generalização de planilhas - cada site, cada blog, cada matéria de revista parece ter a solução para os seus problemas. Algo como do 0 aos 10K em cinco passos, mas sem esquecer de fazer o teste da pisada, correr com monitor e –olha que fantástico- até mesmo com uma explosão de decibéis de músicas (?!) no seu ouvido para se motivar. What a fucking joke? Tem gente que precisa de música no ritmo certo para se motivar a correr? Hum... Então tá, individualidades à parte eu prefiro a minha mesmo.

E por isso é que joguei fora sem dó o Pol...ops, monitor cardíaco. E se eu quisesse dar um tiro de 200 metros na subida durante meu longão? O monitor iria reclamar e meu treinador iria brigar? Opa, não tenho mais Polar, nem nunca tive treinador. Quem me treina são as pernas, o humor e o clima (correr com o frio e chuva só é legal na blogosfera).

E hoje corro livre. Sim, ainda rola um relógio pendurado no pulso direito. Admiro esses tipos que prezam pela simplicidade. Correm sem tênis, sem relógio, sem treinador, sem frescuras. Mas corre também em minhas veias um interesse sincero por tecnologia. O meio termo que tempo aplicar às minhas atividades tem-me feito correr feliz, que é o que sempre busquei. Tênis, relógio, óculos de sol (olhos verdes sofrem demais com a luminosidade, cof-cof), tecidos de compressão - para que sofrer de dores, cãimbras e assaduras? – Isso me basta. Ah, nas longas trilhas rola também uma mochila de hidratação, mas em vez de me hidratar com o líquido dos “atletas” o que rola mesmo é uma boa água de côco. Uma simplicidade voluntária.

E com isso, joguei fora o meu Polar. Mesmo não sendo ele um Polar.
(*) Calma gente. Jogar no mato é sentido figurado, uma romanceadazinha. O Timex HRM está em alguma gaveta esquecida de um guarda-roupas em Belo Horizonte, ok? Mas que não uso ele mais...ah, isso não uso mesmo. Troço inútil. Fim.

12 comentários:

  1. Poxa, e eu queria saber em que mato era! :-)

    Grande George, é isso mesmo: cada um tem que fazer o que o coração lhe disser.

    E continue assim, os seus posts viscerais são os melhores!

    Abraços!

    Rodrigo Stulzer
    transpirando.com

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  2. Fala Pepe !!!
    Grande post !!!
    Confesso que dos tênis já não sinto necessidade e muito menos do mp3. Agora, do Polar, não consigo, pelo menos por enquanto.
    Ah, em relação a correr descalço ou não, o que me chamou a atenção foi a passada. Na viagem, eu não entendia como a minha esposa não tinha dor nos pés andando de sandalinha rasteira e eu de Salomon. Além disso, eu achava que tinha algo errado na minha passada, o meu médico já tinha me falado pelos "calos" na sola do pé. Eu tenho "calos" no meio do pé e no mindinho e cade o calo do dedão?
    Na sexta, correndo descalço, vi o problema depois de algum tempo e acho que acertei a passada.
    Vou continuar correndo de tênis e fazendo treinos descalços para a técnica da corrida. Os nadadores fazem treinos de técnica e por que nós não fazemos?
    Hj, corri com meu tenis da Adidas e vi que o seu calcanhar elevado atrapalha um pouco a passada, mas não impede.
    Veja um tênis que vou procurar para a próxima compra: http://catalogue.adidas.pt/catalogue/pt/product/G01886/Ozweego-CC
    Tb vou pesquisar outros.
    Ah, nesses dias de passada nova, não senti nada o joelho, só a panturrilha.
    É isso.
    Abs.

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  3. Liberdade cara, liberdade!
    E cá entre nós, sem dó, joga fora merrmo! (cariocada a parte)
    ahahahahah
    Abraços

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  4. Grande Pepe, sempre mandando bem camarada é isso ae, não sei precisar em qual número saiu, mais saiu na revista contra relógio ano passado sob o titulo escravo dos relógios, vejo muitos corredores sendo escravo do relógio, do monitor do técnico e etcccc...e bem que vc disse agora a onda é correr descalço, ve se pode correr descalço, quero ver esses adeptos correrem descalços a noite, se fizerem isso vão sim ter que ir rapidinho para o hospital ter que tirar um espinho ou dar algum ponto em alguma parte do pé que foi cortado por um caco de vidro...
    Valeu amigo, bons treinos,

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    Ultramaratonista
    www.jmaratona.blogspot.com

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  5. Ahhh esqueci de dizer no domingo passado, corri com um monitor cardíaco só para fazer um teste e não é que no percurso a minha frequencia chegou a 230 tomei um susto não sei se o frequencimetro estava bom mesmo ou se foi algum corredor que passou perto de mim velozmente, insclusive até postei isso no meu blog.

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    Ultramaratonista
    www.jmaratona.blogspot.com

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  6. Opa!

    Obrigado a todos pelos comentários e pela relenacia que vcs mesmos deram ao post.

    Visceralidade (como diz o Rodrigo) sempre foi uma característica minha em tempos de montanhista. No meio da corrida ando conforme a música, até mesmo porque os tempos são utros e o ímpeto da juventude por vezes se esvai. Mas a inquietação sempre continua e por vezes a vontade de dizer o que penso sem papas prevalece.

    Obrigado, amigos!

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  7. Prezado George.

    Corredor anônimo que sou, sempre achei lixo toda esta parafernália que se utiliza hoje em qualquer esporte. Se falando das corridas, ha tempos comprei uma edição da famosa revista runners. Folheando a mesma no banheiro, sentado em meu trono real, vi uma matéria em que mostravam equipamentos para a corrida e os valores. Logo ao terminar o serviço que me levou ao banheiro percebi que o papel tinha acabado. Sem problemas! Aquela matéria serviu para alguma coisa. Para mim foi a matéria mais útil desta revista até hoje!!!
    Sei muito bem o que vc tentou traduzir em seu texto e concordo plenamente. O negócio é correr e meu corpo é o indicador de como vão indo as coisas. Com toda esta merda que vendem nas lojas por aí, acabamos por esquecer de escutar o nosso corpo. Não preciso de nenhum aparelho para me dizer nada. Simples!
    Ótima matéria.

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  8. Grande George!
    Penso como você. Não uso nenhuma parafernália, embora goste de tecnologia voltada para o bem-estar. O que uso de vez em quando, em treinos longos, é o meu celular que tem GPS integrado. Coloco-o num "armband" e coloco para ver o trajeto e a distância que percorri. Isso eu acho interessante. Mas, via de regra, não corro nem com relógio (até porque não uso... hahaha), o treinador sou eu mesmo. Os únicos luxos que me dou em todo treino são o uso de uma bermuda térmica (que peguei a dica com você) e uma camiseta dry. Esses itens foram responsáveis pelo aumento no meu rendimento e conforto no treino. Não sou hipócrita em admitir que gastei dinheiro nisso, mas trouxe resultados.
    Agora, o que acho lamentável são aqueles que pagam fortunas por uma "assessoria", formam panelinhas nas provas e chegam quase em último lugar, enquanto o indivíduo com a camiseta "Vote Maluf" e o tênis rasgado já pegou a medalha e foi embora...
    Abraço!

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  9. Olá,muito bom o post mas ainda sou escrava do polar..rs Mas quem sabe eu não consiga me livrar dele um dia,eu adoro musica e correr ouvindo musica e muito bom e tem outra coisa tmb geralmente saiu pra correr sozinha ai fica aqueles engraçadinhos soltando graçinhas então com a musica não ouça =D

    Bons Kms

    Fabi

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  10. Muito bom o texto. Traduziu tudo que sinto a respeito dessas tecnologias todas para corrida. Tentaram me fazer virar escrava do Polar... ops, monitor cardíaco, hehe, mas não durou um mês e larguei no fundo de uma gaveta qualquer do meu quarto. É insuportável durante uma prova quando passa os "escravos" do polar e seus "bip bip bip", barulhinho estressante... MP3 pra correr não consigo nem pensar numa hipótese dessas, bom é correr ouvindo o barulho da rua, conversando com meus pensamentos, a música só atrapalha, desconcentra,... Sou uma corredora as avessas, não uso a roupa mais moderna, nem o tênis mais caro, muito menos fico pensando se tal tecido vai melhorar minha performance ou coisa e tal.

    Mais uma vez parabéns pelo texto.
    Bom final de semana!
    Stéphanie
    http://tephyperrone.blogspot.com

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  11. Caro amigo o que eu acho mais legal na vida é a opção de escolha que temos para em tudo, eu disse tudo. O problema que o ser humano tende a escolher a opção mais fácil ou cômoda. A opção de escolha sempre vem acompanhada com as conseqüências, sejam elas duras ou tranqüilas. A opção de jogar fora ou de não se prender a marcas, foi uma delas. O que importa é a atitude... e você a tomou.

    Seja feliz como você quer ser, e não como os outros querem que você seja.

    Abraços do amigo escudeiro
    Corre Guto

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  12. Engraçado, eu uso um Garmin e só corro descalço, de dia ou de noite. Mas não monitoro frequência, gosto de ver a velocidade. Mas não acho que correr descalço seja tendência, acho sim! que aquele tenis da moda seja tendencia.

    abraço Pepe

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