agosto 11, 2011

K42 Bombinhas Adventure Marathon 2011 Relato

Buenas!

Valeu a pena esperar mais de um ano para estar novamente na bela Bombinhas.

Aliás, esse ano ainda mais bela, já que papai-do-céu mandou céu azul, mar esverdeado e nuvem alguma no céu para quem lá esteve no 06 de agosto de 2011. Diferentemente das instabilidades climáticas do ano anterior, desta vez fomos todos brindados com um belíssimo dia de inverno nas praias catarinenses.

No pré-prova foi uma correria muito mais cansativa que a competição em si. Saída estabanada da capital paranaense por volta das onze da manhã, congestionamento na rodovia, baldeação atrasada, enfim, contratempos que faz parte de um cronograma muito justo. Desembarcamos em Bombinhas quase às sete da noite, direto para a retirada do kit, entrada no hotel (pertíssimo da largada, preço amigo e atendimento vip) e comparecimento na “charla tecnica”, uma espécie de congresso onde são apresentados patrocinadores, pessoas solenes e informações relevantes sobre a prova. Este evento teve importância ainda maior neste ano, pois havia um acréscimo de mais de 80% nos inscritos em comparação à 2010. Até então tudo perfeito, vambora comer algo e descansar.

Amanhece o sábado, 06 de agosto. Chovera um pouco durante a noite – confesso que não teria sabido disso se não me contassem depois. Não importava. O sol desenhava-se forte e a largada com temperatura fresca, na casa dos 14 graus, foi muito efusiva, afinal, na soma das modalidades, havia quase 400 atletas.

Lá fomos nós pela areia da praia central de Bombinhas. No começo na companhia do Erik Neves (de Brasília, figuraça) e do Pinguim, parceiro de outras K42. Em seguida encostou o Eliandro (Terriório, ex-patrãozinho), o Borato e o Hugo Magalhães, outro camarada das longas distâncias. Sai da praia, entra na estrada, volta pra areia, agora em Bombas. Moleza, velocidade de cruzeiro, sei-lá-quanto-o-quilômetro. O que valia era poder estar ali conversando com os amigos e sem me esfalfar.

Quebra à esquerda, entra na Rua Martim Pescador e toca alguns quilômetros de planura pela “civilização”. Papo vai e papo vem, percebo-me no km 5. Primeira água, carreguei a garrafa (deixei a mochila de hidratação para corridas mais “duras”) e toca pra cima. Hora do Morro da Antena. Sobe, sobe e sobe. Os treinos na Serra do Mar fizeram efeito e a subida – caminhando rápido – quase não me provocou desgaste. Quando me dou conta, começa uma estradinha mais estreita e seguimos subindo, mas também descendo eventualmente. Rolling trails...

Despencando nas descidas, acompanhado da Liana que desce super bem e caminhando fuerte nas subidas, para me poupar. Foi a tática perfeita. Com 1h06 min passei na marca dos 10K e agora vem trilha fechada. Sobe e desce, mais desce do que sobe. Como o terreno estava praticamente seco, consegui descer sem travar tanto. Com 14 quilômetros chegamos novamente à praia, depois de despencar mais de 200 metros em apenas um quilômetro. Areia fofa, mais trilha e mais areia.

Nas dez milhas (faça as contas...) mais um posto de água, carrego a garrafa e já vejo muita gente caminhando, certamente aqueles que bancaram os valentões correndo nas subidas anteriores. Segui no trotinho, desta vez solitário, já que a galera que me acompanhava decidiu segurar a onda ainda nas subidas anteriores.

Alguns me passam, outros eu acompanho, e depois de 5 quilômetros por Zimbros e Canto grande chego nos 21K, local onde é feito a troca do revezamento. Ali me detive por no máximo um minuto e com 2h22min de prova, parti. Estava beeeem adiantado com relação ao ano anterior mas ainda com o medinho de “quebrar” como acontecera nos anos anteiores. A diferença é que ali ainda me sentia intacto, como se tiuvesse começado a correr havia pouco. Em 2009 e 2010 eu já apresentara ali os primeiros sinais de cansaço.

Aproveitei o momento e encarei forte a belíssima trilha que nos levaria ao km 25, na Praia da Tainha. Depois da pirambeira que nos deixou nesta pitoresca prainha de menos de 200 metros de extensão era hora de encarar o momento que eu mais temia: a subida que passa às faldas do Morro dos Macacos e que nos deixaria – após despencar novamente – na Praia da Conceição. Em 2010 sofri demais nesta morraria, com fortes dores nas pernas, devido ao péssimo treinamento que eu apresentava.

Neste ano foi tranquilo. Encontrei a Clarissa (Rio de Janeiro), subimos conversando e na descida foi a vez dela despencar. Fiquei me segurando pois o intestino estava pesado, pesado mesmo. Corredor de montanha prevenido sempre leva consigo alguns metros de papel higiênico para estes momentos de relax. Encontrei meu momento no meio da descida, em um matagal às margens da estradinha. Alguns gramas mais leves e com alguns músculos menos tensos, continuei a descida com sorriso de Monalisa até chegar à Praia da Conceição.

Desta praia para a seguinte, Mariscal, são poucos passos. E chega a hora de encarar mais 5 km de areia e vento na cara. Se por um lado ele não deixa o calor apertar, por outro dá uma segurada. Neste trecho senti as pernas um pouco pesadas e caminhei em uns poucos trechos, pensando no que viria mais para a frente. Com 32 km acabou-se Mariscal, encontrei uns amigos e umas balas de goma tecnológicas (Obrigado!) que me deram um plus a ponto de correr boa parte da subida de asfalto para a próxima praia: Quatro Ilhas.

Um posto de hidratação reforçado com frutas trouxe um conforto gastronômico pra encarar a tal praia e um trecho de trilhas muito lindo, com pequena variação altimétrica e tecnicamente gostoso de enfrentar. Bota pra praia de novo, cruza com a moçada que segue na prova e vamos pro subidão de cimento com direito a corrimão, antes mais umas trilhas técnicas. Sobe, desce e caímos no costão. A experiência de ter passado por lá duas vezes e mais um trecho semelhante na Praias e Trilhas me encheram de confiança e corri todo o trecho sem medo de errar.

E veio a subida mais intensa, aquela de agarrar o mato pelo pescoço. Mas é um trecho curto, no km 38, ótimo pra derrubar quem exagerou no começo. Enfim, chegamos ao Retiro dos Padres, praia curtinha e com subida curtinha também em direção à Praia da Sepultura. Bate-e-volta na praia de nome inspirador para o quadragésimo primeiro quilômetro de uma maratona, e toca pra chegada. Antes a gente passa por um encantador trecho de calçadas em madeira sobre pedras com vista para um verdíssimo mar.

500 metros para a chegada e já se ouve o burburinho. A sensação era de estar anestesiado, afinal eu conseguia completar a prova em pouco mais de 5 horas, quase 40 minutos mais rápido que em minha primeira participação, sob condições climáticas ainda mais ideais. A 30 metros, a desejada cerveja, realizando assim um grande desejo deste cara aqui: cruzar a linha de chegada de uma maratona com a goela molhada pelo santo líquido!

Jogar um pouco na cabeça, posar para as fotos, camisetinha, medalha e outras formalidades foram momentos marcantes, porém não como a sensação de estar na linha de chegada vendo amigos e mesmo desconhecidos chegarem com sorrisos bobos como o meu.

Correr uma prova desafiadora em trilhas é de fato OUTRA COISA!

A energia é contagiante, infinitamente mais intensa do que a emanada por quem fica de olho nos paces e cronômetros. Ali é superação e não importam os minutos e os segundos. Se não tiver humildade em prova de montanha você está na merda. Você quer bancar o herói subindo uma ladeira correndo e minutos depois você pode estar caminhando em uma descida porque suas pernas explodiram. Mesmo uma prova com "apenas" 42 km você precisa usar muito a cabeça pra não forçar na hora errada, pra entender seu corpo. É diferente, é diferente.

Já escrevi zilhões de linhas sobre esse lance de estar no mato correndo. Não vou ficar falando mais do mesmo. Convido você a experimentar! Faça as provas de 12 km da Copa Paulista ou do Campeonato Brasileiro... Aqui no Paraná também tem provas curtas assim. Experimente. Conheça. Não tenha medo. Não conheço, até hoje, ninguém que tenha se arrependido de, pelo menos, experimentar.

No próximo post tratarei de temas mais técnicos, compartihando impressões sobre a prova em sim, sobre nutrição, vestuário e outros detalhes que podem ajudar quem está na vibe das trilhas, como eu. Bem como, trarei algumas imagens da prova.

Agradeço demais a força de todos que estiveram lá ou em pensamento comigo. A galera da organização também foi fundamental, pois no começo do ano eu andava desanimado e a Luciana Asef botou maior pressão pra eu ir e viver esses momentos... Brigado a todos, de coração.

Grande abraço!


George Volpão quase chegando lá... (clique da super Raquel Hoefel, obrigado a você também!)

7 comentários:

  1. Adorei o post. Você escreve muito bem! E aguardo ansionamente o "post" técnico.

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  2. Oi Giovanna!

    Obrigado pelas palavras! Vou me esmerar pra tentar manter o nível então =)

    Legal ver vcs por lá, mesmo que rapidamente.

    besos e bons treinos.

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  3. E me deixou aguando....rsrsr
    Eu já sabia que seria fantástico...mas ler seu post me deixou com mais vontade...quem sabe ano que vem...hehe

    parabéns por mais esta aventura...beijos.

    http://podecorrer.blogspot.com

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  4. parabéns, george!

    ano que vem quero estar em bombinhas, pra viver mais intensamente e me divertir muito nessa belíssima aventura!

    seu relato me inspirou!
    obrigada por partilhar conosco essa experiência!

    abraços!

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  5. Putz!!! Porque minha vida "ativa?" passou-me tão desapercebida e só agora vejo exemplos belíssimos iguais ao desafio que aqui descreveu.
    Parabéns pela performance esportiva e exemplos a quem quizer se espelhar.

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  6. acabei de me inscrever pro K42Bombinhas 2012!!!
    e já vim aqui dar uma olhadinha no seu relato:)
    tô super animada com essa prova!!!
    nem acredito que finalmente vou conhecer a sedutora e desafiante k42!
    uhuuuuuu!

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  7. George, qual é esse hotel com precinho camarada onde você se hospedou em Bombinhas?
    tô precisando de algo quase 0800 rsss
    êta dureza! rsssss

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