janeiro 03, 2013

Descendo lá do alto


Claro, como se poderia descer de algum lugar que não seja mais alto de onde você está? O título é esse porque abaixo estarei falando das obviedades da vida.

Sabem, eu não busco compreender as coisas através de verdades absolutas. Acho que, na verdade, não busco compreender nada. Em 2013 eu vou parar de competir por razões que talvez somente eu e uns poucos entendam. Nos últimos cinco anos eu já exigi demais de mim. Divertir-se é muito bom, mas estar competindo tem a ver com querer baixar tempos e melhorar performances. O "clique" rolou após a Maratona de Curitiba de 2012, onde eu nem estava inscrito, tampouco treinado, e somente com a base adquirida fui lá e fiz o tal "personal record". O anticlímax foi imediato: "Tá vendo? Para que? Nem precisou treinar para isso, foi lá e fez?" Essas e muitas outras coisas passaram pela cabeça.

"Ah, o que vale é a viagem e não a chegada". Não adianta... vá dizer isso a uma pessoa competitiva. Não basta. A gente quer mais. Quer superar senão o próximo, mas a si mesmo. Esse ano quero correr a K42 de novo, única prova que me anima de verdade. Posso espalhar aos quatro ventos que a ideia é apenas completar inteiro e feliz. Mas como posso pensar em dizer que não ficarei mais satisfeito se eu fizer uma marca melhor que as anteriores? 

Justamente por me cobrar tanto que chegou numa espécie de burn-out, como comentei em post anterior. A conclusão que cheguei foi que eu estava pegando forte demais comigo mesmo. Para tudo na vida sempre fui muito exigente, mas em se tratando de mim mesmo, sai de baixo. Quando desci do Cerro Plata, abandonando a subida a 50 metros do cume, o peso da frustração que joguei nas costas era maior que aquela montanha inteira. Depois daquele evento, fiquei mais de dois anos sem pisar em uma montanha de verdade, sem dormir uma noite sequer em barraca. Entreguei-me com todas as forças ao prazer de me desafiar correndo longas distâncias, sugando forte o que me parecia ser o último suspiro de alegria esportiva que eu poderia almejar. Tornei-me o famoso coxinha dos relógios GPS, das roupas de compressão, dos sites onde se postam e compartilham os treinos e provas.

Meu lado crítico havia encontrado um ótimo campo para se expressar, o que me tornou um verdadeiro mala para alguns, admirado por uns poucos e politicamente incorreto para a maioria, principalmente porque nunca falei o que as pessoas queriam ouvir, mas sim o que meu "eu verdadeiro" dizia. Não há graça ou glamour algum em ser "do contra", como já me disseram. Não se tratava de ser do contra. Tratava-se de ser eu mesmo, com todas as contradições bem expostas, jamais jogadas sob o tapete. E isso não tem como mudar. Ser eu mesmo.

E isso é uma obviedade. Como não sermos nós mesmos? Acreditem, tem gente que apenas segue a maré e são aquilo que as pessoas querem que elas sejam. É um papo meio Paulo Coelho em "O Alquimista" mas me soa muito mais como realidade do que como ficção.

E por acabar me tornando meio "Paulo Coelho" demais é que vou parar por aqui. Não que eu não goste do autor. Mas sim porque não tenho talento nem pretensão de ganhar uns milhoezinhos escrevendo.

Grande abraço!


2 comentários:

  1. meu irmão volpao,tudo que disse também vivo a anos,na verdade alimentamos um sonho,e quando a realidade vem a tona nos cobramos e muito, não estamos preparados para o fracasso,talvez por vergonha na cara ou por um simples ´´terminei na frente do cara,eu sou foda´´, mesmo tendo terminado cinco horas atras do primeiro colocado,mas como você me disse um dia,não esquente a cabeça com sub isso,sub aquele outro, você é o cara das montanhas,nem esquenta irmão. suerte

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  2. Bom Pepe vc pode até parar de competir o que não pode é deixar de correr...hehehe...Se este é o seu sonho e é o que vc quer manda ver campeão...Feliz 2013 com muito divertimento rei das montanhas.

    Um abraço,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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