Pular para o conteúdo principal

INDOMIT Costa Esmeralda 2014

Olá!

Enfim, tivemos no Brasil uma verdadeira prova de Ultra Trail. Modalidade já consagrada em países europeus na América do Norte e mesmo na vizinha Argentina, nosso país carece de competições como essa, que reúna grande atletas, amadores de diversos estados e países vizinhos e um percurso desafiador. Até então, a única opção era o X-Terra Ilhabela, que por sinal irá rolar no início de junho e lá estarei igualmente, bem como a APTR Paraíba do Sul.

A INDOMIT Costa Esmeralda chegou para ficar e reuniu centenas de atletas para disputar e desfrutar da beleza cênica da região e de um percurso desafiador montando por quem é do ramo, como Danilo Pinheiro e Manuel Lago. Vale mencionar também o nome de Mariano Álvarez, diretor geral da prova e maior responsável pelo sucesso que é a Patagonia Run, hoje uma referência sul americana em longas distâncias na  montanha e de Juan Carlos Asef, o "pai" dessa insanidade toda.





Vamos à prova

À meia-noite do sábado 17 de maio foi dada a largada dos 100K, no centro de Porto Belo, litoral norte do Estado de Santa Catarina, para pouco mais de 130 atletas que encararam a distância maior que o evento contemplava. Uma volta completa pela Costa Esmeralda, percorrendo praias e trilhas dos municípios de Porto Belo, Itapema e Bombinhas. Este trajeto contava com desnível positivo de aproximadamente 3.000 metros. Para uma prova realizada em uma região litorânea, tínhamos a certeza que não seria nada fácil.

As outras modalidades contemplavam percursos de 84, 65, 50, 21 e 12 km. Ou seja, tinha trilhas e praias para todos se divertirem.

Minha proposta ao tratar de competições aqui no blog é não me ater à performance, mas sim focar no atleta amador que passou a noite, madrugada e boa parte do dia fazendo força e se dedicando a cumprir uma meta.



Acompanhei parte da corrida durante a madrugada, no veículo cedido à imprensa, onde basicamente estava o pessoal da Asics, patrocinador da prova; o Alexandre Koda do Webrun e eu que acompanhava pela Revista TRAILRUNNING. Logo após a largada, fomos para Itapema acompanhar a passagem de alguns atletas e depois seguimos para o Canto da Praia, local de largada dos 84 Km, às duas e meia da manhã. A energia desses "indomáveis" era verdadeiramente contagiante!

Como eu iria correr a prova dos 21K que largava as 11, e ainda gostaria de acompanhar a passagem de alguns atletas logo cedo, resolvi ir descansar um pouco. Dormi três horas, entre as 4 e as 7 da manhã.

As nove da manhã já estávamos eu, Ana Barbara e Leonardo Meira (atleta território que iria também correr os 21K) na Praia de Zimbros, onde vimos alguns atletas dos 100 e dos 50K passarem, entre eles o quarto e quinto dos 100K e os líderes dos 50K, Giliard Pinheiro e Chico Santos. Imagens feitas, toquei pra largada. O sol era forte mas não estava assim tão quente. Fiz minha prova (primeira desde a lesão de novembro) do jeito que deu: muito forte no começo, pífia no final. Algo não caiu bem e o desarranjo intestinal me consumiu toda a energia que eu dispunha ainda, me obrigando a um rastejo por cinco demorados quilômetros. Levei quase uma hora neste último trecho, tamanha fraqueza que sentia. O joelho só incomodou quando eu arriscava uns trotes no asfalto. Terá sido um indicador que asfalto não será mais aceito? Finalizei, no fim das contas em pouco mais de duas horas em quarenta o que teria feito facilmente em torno de duas horas se não tivesse errado na alimentação. Não é sobre performance, mas sobre desfrutar. E isso fiz bastante. Visual lindo, percurso excelente, muito bem marcado, staffs atenciosos... Não tenho queixa alguma, bem como também não ouvi reclamações do pessoal por lá. Sucesso estrondoso!



Agora, falando em "desfrutar", a maior lição que tirei de lá: TODOS os argentinos com quem conversei demonstravam um interesse muito grande em temas que vi apenas um ou outro brasileiro comentar, pelo menos comigo: desfrutar o percurso e preocupação ambiental. Atletas e organizadores do país vizinho parecem ser mais bem resolvidos neste aspecto e encaram o trail running não apenas como ir para a trilha e superar um desafio, mas também para curtir a prova e de cuidar do local e suas belezas. Não importa o nível de performance. O vice-campeão Sérgio Trecamán mencionou muito isso em nossos bate-papos e os argentinos envolvidos com a organização também. O campeão dos 100K Iazaldir Feitoza é uma das exceções: relatou que gostou demais do percurso e curtiu a valer. Chico Santos, vice nos 50K, igualmente.

Acho, que ainda falta bastante para a verdadeira cultura trail runner entrar no coração de cada um, principalmente naqueles das curtas distâncias que ainda estão mais preocupados com suas redes sociais - impressionante a quantidade de gente dos 21K e dos 12K correndo na praia e digitando no celular - do que com a incrível oportunidade de correr em um paraíso, desfrutando o momento. 

Ainda falta um pouco da educação sobre não jogar lixo em trilha só porque pagou inscrição, em valorizar mais as organizações que não disponibilizam copinhos de água, em dar bom dia e boa tarde aos staffs que passam horas no sol ou na chuva para nos atender, entre outras gentilezas. Isto tem mais a ver com a educação que cada um recebeu do que com espírito trail, verdade seja dita.




O saldo final foi extremamente positivo. Foi uma experiência incrível acompanhar dezenas de amigos colocando à prova horas e horas de dedicação e amor pela modalidade. Ver o resultado disso sendo aplicado no local onde corri minha primeira maratona em trilha no longínquo 2009 me faz ter a certeza de que meu trabalho neste segmento desde então tem servido para alguma coisa.

Se der vontade, falo mais disso durante a semana... Agora é descansar um pouco.

Confira o release com resultados e tudo mais clicando aqui:

Beijos e abraços!



George Volpão é Editor de Conteúdo da Revista TRAILRUNNING, e, além de correr às vezes, é montanhista desde os anos 90. Com suas andanças pelos matos do Brasil, teve a oportunidade de absorver valores que o levaram a correr nas montanhas pelos seus ideais. Transmitir os conhecimentos adquiridos de modo que a informação esteja sempre circulando é seu objetivo maior de vida. Vive atualmente em Quatro Barras - PR, a apenas 6 quilômetros de sua montanha favorita, o Morro do Anhangava (1.420m) e escreve umas bobagens aqui de vez em qundo.

             

Comentários

  1. show de bola, que tenha vindo para ficar e parabens pela primeira prova de joelho renovado.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Specialized Hardrock Sport Anos 90

Oi! Com esta bike consegui, de certa forma, realizar um sonho de adolescência: pedalar uma mountain bike com quadro de cromo-molibdênio e geometria clássica dos anos 90. A bem da verdade, lá por 1996 eu pedalei por alguns meses com uma Scott Yecora e mais recentemente, em 2014 uma Trek Antelope 800. Mas ambas tinham apenas os três tubos principais em cromoly. Esta Specialized Hardrock Sport eu consegui na Jamur Bikes, sendo trazida recentemente dos Estados Unidos pelo próprio Paulo Jamur (proprietário da loja e meu boss), que se encantou pela bike e seu estado de conservação. Quando ele colocou a bike à venda na loja, não me fiz de rogado. Era a chance de ter uma bike em cromoly e praticamente original dos anos 90. Na verdade comprei esta bike como alternativa para transporte urbano, uma vez que a Format 5222 (da qual pretendo fazer uma apresentação em post futuro) que "gravelizei" eu pretendia deixar somente para atividades esportivas. Mas gostei

Nova Bike Kode Straat - Uma boa opção para montar uma Gravel Bike

Senhoras e senhores, tudo bem com vocês? Poxa, que bike da hora! Recebemos aqui na Jamur Bikes e já fiquei de olho grande. E adianto, já garanti a minha! Sim, a Kode Riff 70 vai retornar à proposta para a qual foi concebida (MTB 27.5 polegadas) no futuro (poca plata por ora) e vou apenas colocar o guidão drop e trocadores STI na nova Kode Straat. Vejam a imagem abaixo, retirada do site do fabricante, bem como sua geometria: Não parece ser muito apropriada para montar uma Gravel que é quase Gravel? Um top tube mais parecido com as speeds do que com as MTBs, um clearance menor na passagem das rodas, passagem dos cabos interna e outras características me levam a crer que esta bike pode andar muito confortavelmente entre estradões de cascalho (gravel roads) e asfalto, ou mesmo trilhas leves. Bora fazer essa alteração. Abaixo um vídeo mostrando a bike como ela vem de fábrica, original. E aqui a ficha técnica: - Quadro em alumínio 6061. - Garfo: Alumínio.

Só o CUme Interessa - Piada Escrota

Bah, nem é piada. Acho que isso se chama cacofonia, que é quando alguma coisa dita de um jeito dá a entender que é outra coisa. Entendeu? Ah, eu também não, hehe. Enfim, não é o que importa. To escrevendo essa parada, porque li um post no blog que os colegas Bonga e Tonto montaram para divulgar sua expedição no Ama Dablam, uma das mais belas e cobiçadas montanhas do Himalaia. Este cume não é dos mais elevados nem dos mais tecnicamente exigente. Mas o Ama Dablam é lindo! Quem não gostaria de pisar em um cume assim? Lindo, majestoso, imenso... Confira abaixo: Pois é... com seus quase sete mil metros trata-se de uma cobiçada montanha, objeto de desejo de muitos. Porém, o que rola desde princípio dos anos noventa são os turistas de montanha. Nada contra eles, pelo contrário. Servem para impulsionar uma atividade ecologicamente correta, movimentar economia, transferir renda e trazer qualidade de vida para quem pratica e/ou depende dela. Porém, tudo em exagero tem um porém - to meio engraç