Pular para o conteúdo principal

Ultramaratona dos Perdidos 2023 - 25K (parte 2)


(continuação do post anterior)

Estômago devidamente bem tratado no PC do km 6,8, nós atletas nos enveredamos em uma bucólica subida em estradas particulares entre os polêmicos reflorestamentos de Pinus. Subida não muito forte a ponto de nos esfalfar de bandeira mas também não tão leve a ponto de conseguir emendar um trote, pelo menos para o nosso nível intermediário de condicionamento.

Isso até a próxima curva. Um verdadeira cotovelo à esquerda nos mostrou o desenho do próximo desafio: uma subida empinada, dura, cascalhada, atravessada por erosões dos mais diversos calibres e emoldurada por um horizonte cada vez mais amplo às nossas espaldas: subíamos, enfim, a encosta do Morro Araçatuba.

Estando eu pela primeira vez encarando esse gigante nessa face norte, frequentada apenas por uns poucos aventureiros, me encantava a cada segundo com as paisagens descortinadas a cada metro vertical avançado. Quando, em determinado momento fomos despejados nos campos de altitude (na realidade um pasto, mas campo de altitude soa mais bonito) e a trilha tornou-se menos íngreme e corrível, não foi possível conter a emoção.

Que delícia é correr com horizontes vastos, caminhos novos e saúde intacta para desfrutar o puro trail running.

Sobe um pouquinho, desce um pouquinho, refaz tudo isso até o cotovelo mas legal da prova: um encontro com staffs e o Carlos Eduardo da Carbono Assessoria, para então, nessa quebra de direção, avançar rumo ao cume do Araçatuba pela já conhecida trilha principal de acesso.

E essa trilha significa fortes ventos e forte inclinação, que chega acima dos 40% em vários trechos. Mas aí, então, estava em território conhecido novamente, com pouco mais de 11 quilômetros de prova e umas duas horas de atividade.

De fato, o vento era bem intenso naqueles lajeados antes da dura rampa final. Mas a sensação de vitória por estar novamente presente em um evento de puro montanhismo de velocidade, e justamente em um dos locais que mais estima e admiração tenho, fazia esse fenômeno passar quase despercebido.

Começamos a galgar essa dita encosta final em uma procissão de atletas revezando-nos nos gritos eufóricos de “bora” e “pra cima” até que finalmente chegamos ao platô final que nos conduz ao cume propriamente dito.

Mais um trecho onde era possível alargar a passada e desenvolver um trote leve com aquilo que havia sobrado das pernas.

Estava então com quase 13 quilômetros de prova, umas duas horas e pouco, praticamente 1.000 metros de ganho vertical e um sentimento de “falta pouco” tomando conta.

Se eu soubesse que o momento mais drástico da prova estaria a poucos instantes dessa celebração…

Mas esse episódio eu conto no próximo post.








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Specialized Hardrock Sport Anos 90

Oi! Com esta bike consegui, de certa forma, realizar um sonho de adolescência: pedalar uma mountain bike com quadro de cromo-molibdênio e geometria clássica dos anos 90. A bem da verdade, lá por 1996 eu pedalei por alguns meses com uma Scott Yecora e mais recentemente, em 2014 uma Trek Antelope 800. Mas ambas tinham apenas os três tubos principais em cromoly. Esta Specialized Hardrock Sport eu consegui na Jamur Bikes, sendo trazida recentemente dos Estados Unidos pelo próprio Paulo Jamur (proprietário da loja e meu boss), que se encantou pela bike e seu estado de conservação. Quando ele colocou a bike à venda na loja, não me fiz de rogado. Era a chance de ter uma bike em cromoly e praticamente original dos anos 90. Na verdade comprei esta bike como alternativa para transporte urbano, uma vez que a Format 5222 (da qual pretendo fazer uma apresentação em post futuro) que "gravelizei" eu pretendia deixar somente para atividades esportivas. Mas gostei

Nova Bike Kode Straat - Uma boa opção para montar uma Gravel Bike

Senhoras e senhores, tudo bem com vocês? Poxa, que bike da hora! Recebemos aqui na Jamur Bikes e já fiquei de olho grande. E adianto, já garanti a minha! Sim, a Kode Riff 70 vai retornar à proposta para a qual foi concebida (MTB 27.5 polegadas) no futuro (poca plata por ora) e vou apenas colocar o guidão drop e trocadores STI na nova Kode Straat. Vejam a imagem abaixo, retirada do site do fabricante, bem como sua geometria: Não parece ser muito apropriada para montar uma Gravel que é quase Gravel? Um top tube mais parecido com as speeds do que com as MTBs, um clearance menor na passagem das rodas, passagem dos cabos interna e outras características me levam a crer que esta bike pode andar muito confortavelmente entre estradões de cascalho (gravel roads) e asfalto, ou mesmo trilhas leves. Bora fazer essa alteração. Abaixo um vídeo mostrando a bike como ela vem de fábrica, original. E aqui a ficha técnica: - Quadro em alumínio 6061. - Garfo: Alumínio.

Só o CUme Interessa - Piada Escrota

Bah, nem é piada. Acho que isso se chama cacofonia, que é quando alguma coisa dita de um jeito dá a entender que é outra coisa. Entendeu? Ah, eu também não, hehe. Enfim, não é o que importa. To escrevendo essa parada, porque li um post no blog que os colegas Bonga e Tonto montaram para divulgar sua expedição no Ama Dablam, uma das mais belas e cobiçadas montanhas do Himalaia. Este cume não é dos mais elevados nem dos mais tecnicamente exigente. Mas o Ama Dablam é lindo! Quem não gostaria de pisar em um cume assim? Lindo, majestoso, imenso... Confira abaixo: Pois é... com seus quase sete mil metros trata-se de uma cobiçada montanha, objeto de desejo de muitos. Porém, o que rola desde princípio dos anos noventa são os turistas de montanha. Nada contra eles, pelo contrário. Servem para impulsionar uma atividade ecologicamente correta, movimentar economia, transferir renda e trazer qualidade de vida para quem pratica e/ou depende dela. Porém, tudo em exagero tem um porém - to meio engraç