(continuação do post anterior)
Estômago devidamente bem tratado no PC do km 6,8, nós atletas nos enveredamos em uma bucólica subida em estradas particulares entre os polêmicos reflorestamentos de Pinus. Subida não muito forte a ponto de nos esfalfar de bandeira mas também não tão leve a ponto de conseguir emendar um trote, pelo menos para o nosso nível intermediário de condicionamento.
Isso até a próxima curva. Um verdadeira cotovelo à esquerda nos mostrou o desenho do próximo desafio: uma subida empinada, dura, cascalhada, atravessada por erosões dos mais diversos calibres e emoldurada por um horizonte cada vez mais amplo às nossas espaldas: subíamos, enfim, a encosta do Morro Araçatuba.
Estando eu pela primeira vez encarando esse gigante nessa face norte, frequentada apenas por uns poucos aventureiros, me encantava a cada segundo com as paisagens descortinadas a cada metro vertical avançado. Quando, em determinado momento fomos despejados nos campos de altitude (na realidade um pasto, mas campo de altitude soa mais bonito) e a trilha tornou-se menos íngreme e corrível, não foi possível conter a emoção.
Que delícia é correr com horizontes vastos, caminhos novos e saúde intacta para desfrutar o puro trail running.
Sobe um pouquinho, desce um pouquinho, refaz tudo isso até o cotovelo mas legal da prova: um encontro com staffs e o Carlos Eduardo da Carbono Assessoria, para então, nessa quebra de direção, avançar rumo ao cume do Araçatuba pela já conhecida trilha principal de acesso.
E essa trilha significa fortes ventos e forte inclinação, que chega acima dos 40% em vários trechos. Mas aí, então, estava em território conhecido novamente, com pouco mais de 11 quilômetros de prova e umas duas horas de atividade.
De fato, o vento era bem intenso naqueles lajeados antes da dura rampa final. Mas a sensação de vitória por estar novamente presente em um evento de puro montanhismo de velocidade, e justamente em um dos locais que mais estima e admiração tenho, fazia esse fenômeno passar quase despercebido.
Começamos a galgar essa dita encosta final em uma procissão de atletas revezando-nos nos gritos eufóricos de “bora” e “pra cima” até que finalmente chegamos ao platô final que nos conduz ao cume propriamente dito.
Mais um trecho onde era possível alargar a passada e desenvolver um trote leve com aquilo que havia sobrado das pernas.
Estava então com quase 13 quilômetros de prova, umas duas horas e pouco, praticamente 1.000 metros de ganho vertical e um sentimento de “falta pouco” tomando conta.
Se eu soubesse que o momento mais drástico da prova estaria a poucos instantes dessa celebração…
Mas esse episódio eu conto no próximo post.
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