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Guia de Trilhas - Morro do Anhangava (parte I)


INTRODUÇÃO

Saudações.

É com prazer que publico aqui um mini-guia para corrida de montanha no morro do Anhangava, originalmente publicado no antigo site TrailRunning BRASIL.




MORRO DO ANHANGAVA

Localização

O Morro do Anhangava e seus 1.420 metros de altitude, está localizado nas proximidades da localidade de Borda do Campo, distrito do município de Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, a aproximadamente 35 quilômetros da capital paranaense. O local é considerado um campo-escola de montanhismo, pois conta com trilhas para caminhada e corrida, bem como vias de escalada em rocha de todas as dificuldades.

Chegando lá de carro: Deixe Curitiba pela BR-116 sentido São Paulo, seguindo até o trevo de Quatro Barras, cuja sede municipal pode ser visualizada à direita. Saindo desta rodovia, você chega ao centro da cidade. Siga as placas que indicam Borda do Campo e Morro do Anhangava à direita, onde você acaba tomando a PR 506. Em poucos quilômetros, placas indicarão que você deve deixar a rodovia e entrar na localidade de Borda do Campo, sempre seguindo as placas. Está tudo muito bem sinalizado. Basta seguir as indicações e quando se chega à Avenida das Pedreiras, começamos a subir de verdade. O asfalto acaba e começa um trecho de paralelepípedo. Este também se acaba metros adiante e segue-se em direção ao morro, já bem visível bem à frente. Chegamos! Ali há um trailer do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e um estacionamento particular (opcional, valor de R$ 10,00 em setembro de 2012). O retorno é pelo mesmo caminho.

Chegando lá de ônibus: Embarque na linha CTBA/Quatro Barras (Via BR-116) no Terminal Guadalupe, centro da capital paranaense. Descendo no ponto final desta linha, o terminal de Quatro Barras, você embarca sem pagar nova passagem no ônibus da linha Borda do Campo. Basta tocar até o ponto final e você é deixado praticamente na porta do citado trailer do IAP. Consulte os horários aqui: http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br/

Chegando lá de bike: Se você tem espírito aventureiro o suficiente para chegar lá de bike, certamente saberá como chegar minha explicação. Vá tranquilo e amarre sua magrela próximo ao trailer.

O que não pode faltar: Calçado para correr em trilha, preferencialmente sem muito minimalismo, já que existem trechos muito técnicos com pedras soltas e lisas que irão detonar seus pezinhos; lanterna, mesmo que não pretenda estar lá pela noite, é obrigatório; celular, água suficiente para uma hora e meia de treino; corta-vento leve, visto que o tempo pode virar de repente como em todo ambiente de montanha; boné, pois o sol pega forte lá em cima; câmera fotográfica, o visual é mesmo incrível. O resto, como reposição energética, vai da sua experiência e precaução.


Classificação da trilha*

- Distância: 8,00 km.
- Ganho altimétrico: 702 metros. 
- Ponto mais baixo: 986 m.
- Ponto mais alto: 1.431m segundo o Garmin Forerunner 405 utilizado no levantamento.
- Dificuldade técnica: média-alta, com subidas duras e trechos de escalaminhada e descidas que exigem muita atenção para evitar acidentes.
- Dificuldade física: baixa, são apenas 8 km, porém são exigentes, principalmente para subir.
- Estilo: Euro-style (presença de trechos muito técnicos e verticais, inclusive com suporte auxiliar de artefatos fixados à rocha para maior segurança).
 Arquivo para GPS aqui.

(*) Em nossas avaliação a respeito de dificuldade física, levamos sempre em consideração o desnível altimétrico, exposição e extensão. Pela visão de um iniciante, esta trilha pode parecer um super desafio. Mas acredite, existem trilhas bem mais exigentes. Se você já correu maratonas em trilhas, provavelmente achará a subida do Anhangava um mamão com açucar. 

Roteiro

Basicamente sobe-se por uma trilha, conhecida como frontal, e se desce por outra, chamada de Trilha da Asa-Delta. Em determinado momento, esta trilha de descida muda de direção e passa a encarar a montanha até se encontrar com a trilha principal, a Frontal e por ela se retorna ao ponto inicial entrando à direita. A não ser que você ainda tenha disposição. Neste caso, toque pra esquerda e suba mais uma vez! Fazendo isso, seu treino pula para aproximadamente 13 km e 1.100m de desnível.

Esta é uma das variações. Na parte II deste texto, que em breve será publicado, mais opções de corridas por lá.

Correndo

Faça o cadastro obrigatório de visitantes no Trailer do IAP (O Morro do Anhangava está inserido dentro do Parque Estadual da Serra da Baitaca), cheque seus cadarços, sua lanterna, seu lanche e pé na trilha. Na verdade na estrada. Menos de 200 metros e começa a trilha, subindo leve. É um single-track fácil, perfeitamente corrível e pouco técnico, exceção de um trecho que passa próximo a um riacho, onde tem uns barrancos empinados. Esta situação se repete até aproximadamente 1,5 km. Aí sim, a coisa começa a empinar e você encontrará muitas pedras colocadas por montanhistas voluntários que ajudam na contenção da erosão. 
 
Pouco após o segundo quilômetro a direção da trilha muda e começamos a subir verdadeiramente a montanha. Se você correr neste trecho, pode se considerar elite! Trata-se de um único quilômetro onde se sobem 300 metros por trecho super técnicos, incluindo degraus chumbados na rocha e aderências de até 45 graus de inclinação. Força nas panturrilhas e muita atenção nos trechos de correntes. Em finais de semana ensolarados você pode encontrar algum congestionamento nestes trechos técnicos. Não se estresse, você está na montanha! É comum também a presença de famílias com suas crianças pequenas. Mas há espaço para todos, aproveite para fazer boas fotos ou se reidratar. Vamos lá falta pouco.

O cume é atingido praticamente na marca do quilômetro três. Atenção, o ponto mais alto é aquele mais adiante! Chega-se a um antecume, desce-se até uma clareira e sobe no meio do matagal mesmo. Por ali, você encontra alguns carreiros que lhe levarão ao vizinho Morro Samambaia, onde começa a Trilha da Asa-Delta, que você utilizará para descer. É preciso de um mínimo de senso de orientação ou, bem mais seguro, baixar o arquivo para GPS aqui


Desfrutado o visual, toca para baixo, com cuidado, rumo ao dito Samambaia. É coisa rápida, cinco minutos e desceu uns 100 metros. No topo plano do Samambaia é possível até mesmo abrir a passada por umas poucas dezenas de metros. No entanto, logo começamos a descer. Não tão forte como a trilha anterior se apresentou, a pendente segue em zigue-zague morro abaixo, permitindo uma corrida gostosa, porém atenta, já que há muitas pedras soltas e uns valetões dispostos a engolir os menos cuidadosos. Ao final da trilha vê-se uma estrada se abrido em frente. Esqueça-a. Pegue a trilha à esquerda que sobe de leve e veja se o estrago nos quadríceps foi muito grande. 

Neste trecho sob mata, tem um sobe-e-desce bacana, até chegar ao segundo trailer do IAP, em uma entrada secundária. Ali encaramos novamente uma trilha que sobe direto à montanha e acaba interceptando em poucos minutos o carreiro inicial, aquele por onde você subiu. Você tem um bom senso de orientação e estudou as imagens e então sabe que para retornar deve tomar à direita neste ponto. Caso contrário, deixe seu e-mail que posso marcar uma clínica personalizada lá na montanha =D

O retorno é correndo suave pelo quilômetro e meio restante. Um atleta em condições medianas, como a maioria de nós, pode fazer este trecho todo em uma hora, acreditamos. Achou pouco? Dê mais uma volta ou explore outras trilhas na região como o Itupava (falarei dele em breve), o acesso à cachoeira (trilha curta, de uns 3 quilômetros ida-e-volta) e estradas rurais. Como dito acima, o Morro do Anhangava sempre foi um campo-escola de escalada e montanhismo. Agora ele também se presta muito bem a um contato inicial com trilhas de verdade, com desnível, com técnica e com extensão adequada para iniciantes.

Turma, esta é apenas minha primeira sugestão de trilha publicada. Tenho ainda muito por melhorar e o espaço está aberto à suas ideias sobre o que devemos postar para tornar este espaço ainda mais interessante. Certamente, no próximo roteiro, terei mais informações relevantes que acabei esquecendo de postar aqui, por falta de prática mesmo. Segue abaixo mais algumas imagens.

Um grande abraço e boas trilhas!







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