Vamos lá, Tio Volpão, como diz minha amiga, Heloise Marlangeon:
"No meu tempo"... a gente ouvia e tinha muito orgulho de aprender as coisas com quem estava há mais tempo no meio da montanha. De ouvir as histórias, de esbugalhar os olhos. Como assim esses caras sem GPS, sem mapas, sem toda a "ciência" de hoje? Mas como esses caras eram assim tão apaixonados por montanha a ponto de irem onde ninguém havia ido?
O que trago na minha bagagem hoje eu devo aos pioneiros que se embrenharam pelas montanhas do Paraná traçando trilhas que são úteis até hoje. Impossível mencionar todos os nomes desses cabras... Com eles aprendi os verdadeiros valores que a vida nas montanhas comportam. Convivendo com estes e com os "novatos" como eu na época, erramos algumas vezes, acertamos outras e seguimos o nosso caminho. O tempo passa, novas gerações passam a ser os novatos e muitas vezes nós passamos a ser os chatos. Os tios. Os donos da verdade absoluta dos montes. Ou o "Deus".
E esse passar de tempo trouxe consigo uma nova maneira de enxergar as coisas. O leite com toddy criou pessoas que gostam de um pé na porta. De chegar arrombando. Metendo sem cuspe e sem camisinha. Bruto. Um punhado de posers caindo de paraquedas nas montanhas vindo de algum planeta cibernético achando que já sabem tudo com argumentos e atitudes dignas de um Hugo Chávez chinfrim, sem respeito algum pela tradição, história e trabalho realizados por gente que está nessa empreita por 20, 30 ou 50 anos.
A comunidade de montanha precisa de união, não de imbróglios. Azia e mal estar só faz bem para o dono da farmácia e da fábrica de remédio. Na montanha, como em tudo na vida, precisa-se de gente que queira sentar e conversar e não IMPOR suas verdades. Vamos sentar e conversar? Olho no olho?
Os covardes sempre existiram e sempre existirão. Em tempos modernos, eles atendem muitas vezes pelo nome de Troll. Podem ser também os infantis seres que criam fakes como já vi acontecer. Ou, muitas vezes, os covardes podem ser aqueles mesmos que lhe dão tapas nas costas e sorrisos amarelos mas que por trás - ah, seres humanos - destilam o veneno. Conheço pessoalmente um bom bocado destes tipos, dos quais tento manter conveniente distância, tamanha energia negativa que carregam consigo e suas vidas cheias de emoção.
Quando chegamos na casa de alguém, é de bom tom pedir licença. Mamãe e papai me ensinaram a ser assim, e quando inicio uma trilha, assim procedo: "com licença e muito obrigado por haver pessoas cuidando destes lugares, sinalizando, limpando, prevenindo desgastes, instalando grampos e cordas, enfim, zelando".
Montanha para todos. mas com respeito.
Abraços!
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