Eu não lembro muito bem se foi uma sirene, um apito ou apenas um “vai!”. Sei apenas que não era um tiro de canhão. Mas quando dei por mim estava correndo em uma areia gostosa, não muito batida e também não muito solta. Cruzar o pórtico de largada fincado na areia não havia levado mais que alguns segundos. E mais de cento e quarenta cabras determinados se bandearam em uma meta ousada: percorrer os 42 quilômetros da primeira Maratona Trail Run do Brasil, a Vila do Farol K42 Adventure Marathon.
Sua largada teve lugar na praia central do internacionalmente conhecido Município de Bombinhas, situado no litoral norte de Santa Catarina. Suas águas claríssimas, de transparência absurda e sua natureza preservada realmente chamam a atenção. A ausência de edifícios elevados e as suas ruas estreitas o deixam com um jeitão mais família, pelo menos nesta época “off-season”.
Após percorrermos alguns metros à beira-mar, tomamos um leve desvio por uma rua de asfalto (menos de um quilômetro) com uma subidinha que faria torcer o nariz qualquer corredor acostumado apenas com as provas de rua. Desembocamos em seguida na praia de Bombas para mais um ou dois quilômetros arenosos até quebrarmos à esquerda para nos dirigirmos ao primeiro grande desafio do dia: a subida do Morro da Antena. Um primeiro posto de hidratação por volta do quilômetro seis já anunciava que logo na sequência não haveria refresco. Antes de encarar a pirambeira eu já podia ver os atletas caminhando morro acima, dezena de metros acima de mim.
No fim das contas subir o tal do Morro da Antena nem foi tão árduo. Tratou-se de uma subida em caminhada acelerada, me lembrando dos tempos de montanhista camelando na estrada que levava ao início da trilha rumo ao Pico Paraná. Após avistar as ditas antenas que emprestam o nome ao morro começava uma sucessão de sobes e desces por trilhas lamacentas onde era possível notar que fazia parte do roteiro de motociclistas em busca de aventura, dado o grau de erosão pelo caminho. Esse trecho foi bastante técnico, exigindo atenção para se evitar quedas, bem como paciência para não descer rápido demais e judiar muito da musculatura das coxas.
Por estas bandas ultrapassamos o quilômetro 10, no meu caso em pouco mais de uma hora e dez de prova, o que achei um tanto mais rápido do que eu pretendia. Logo iniciou-se dura e decisiva descida rumo à isolada Praia da Lagoa, acessível apenas por esta trilha que percorríamos ou por mar.
Sua largada teve lugar na praia central do internacionalmente conhecido Município de Bombinhas, situado no litoral norte de Santa Catarina. Suas águas claríssimas, de transparência absurda e sua natureza preservada realmente chamam a atenção. A ausência de edifícios elevados e as suas ruas estreitas o deixam com um jeitão mais família, pelo menos nesta época “off-season”.
Após percorrermos alguns metros à beira-mar, tomamos um leve desvio por uma rua de asfalto (menos de um quilômetro) com uma subidinha que faria torcer o nariz qualquer corredor acostumado apenas com as provas de rua. Desembocamos em seguida na praia de Bombas para mais um ou dois quilômetros arenosos até quebrarmos à esquerda para nos dirigirmos ao primeiro grande desafio do dia: a subida do Morro da Antena. Um primeiro posto de hidratação por volta do quilômetro seis já anunciava que logo na sequência não haveria refresco. Antes de encarar a pirambeira eu já podia ver os atletas caminhando morro acima, dezena de metros acima de mim.
No fim das contas subir o tal do Morro da Antena nem foi tão árduo. Tratou-se de uma subida em caminhada acelerada, me lembrando dos tempos de montanhista camelando na estrada que levava ao início da trilha rumo ao Pico Paraná. Após avistar as ditas antenas que emprestam o nome ao morro começava uma sucessão de sobes e desces por trilhas lamacentas onde era possível notar que fazia parte do roteiro de motociclistas em busca de aventura, dado o grau de erosão pelo caminho. Esse trecho foi bastante técnico, exigindo atenção para se evitar quedas, bem como paciência para não descer rápido demais e judiar muito da musculatura das coxas.
Por estas bandas ultrapassamos o quilômetro 10, no meu caso em pouco mais de uma hora e dez de prova, o que achei um tanto mais rápido do que eu pretendia. Logo iniciou-se dura e decisiva descida rumo à isolada Praia da Lagoa, acessível apenas por esta trilha que percorríamos ou por mar.
De volta à linha do litoral tocamos intercalando areia da praia e trilhas paralelas até sermos lançados na praia de Zimbros onde nos aguardava longo trecho junto às calmas águas que ali encontram a areia. Pouco mais de 5 longos quilômetros, já sentindo os efeitos deletérios de um sol que se anunciava desde bem cedo. A marca da meia-maratona se aproximava.
Tão logo atingi esta marca com um surpreendente tempo de 2h35min (pouco mais de vinte minutos a mais que havia levado para completar a mesma distância na plana Maratona do Rio) a motivação só aumentou. Uma rápida paradinha para comer umas bananas e tomar uns bons goles de água (na mochilinha eu levava apenas água de côco) e continuamos pela beira mar, já em Canto Grande. O final desta praia nos reservou uma íngreme subida em direção a uma belíssima trilha costeira que nos levou à Praia da Tainha.
Neste ponto começaria outra subida matadora por uma estradinha de chão. Subi tranquilamente conversando com um uruguaio (Daniel, um abraço!) até o próximo posto de hidratação já no quilômetro 25. O topo chegou mais rápido do que eu imaginava e despencamos em direção ao próximo trecho de praia, Conceição e Mariscal. Sol intenso na moleira, mas a areia já não era tão fofa, o que permitiu imprimir um ritmo confortável na imensidão da praia. Foram pouco mais de quatro longos quilômetros. E para variar um pouco saímos da praia e fomos encarar outro subidão, desta vez em um dos poucos trechos de asfalto da prova. Neste ponto eu já comecei a ultrapassar bastante gente, que talvez tivesse forçado demais no início. Eu subia literalmente ignorando as subidas, realizando nelas uma caminhada firme e consistente rumo ao topo.
Chegamos enfim à Praia de Quatro Ilhas, com certeza uma das mais conhecidas e procuradas do município. Após fazer um bate e volta em um trecho de costão e mato, seguimos pela praia até notarmos uma certa muvuca na praia: dezenas de pessoas observando uma baleia franca e seu filhote tirando um cochilo nas calmas águas da enseada. Com certeza um momento para não se esquecer jamais!
Após esse trecho de praia meu cérebro (e não as pernas) começou a dar sinais de desgaste. Adentramos em um tramo que envolvia costões à beira mar e uma dura subida em trilha que terminariam por me fazer sucumbir a um ritmo ditado pelo "piloto-automático" interno. Ainda assim consegui capturar um último cálculo que me fazia crer que eu completaria a prova em menos de seis horas.
Chegar ao quilômetro 40 e à Praia da Sepultura (nome bastante apropriado para a situação) foi algo que não me lembro muito bem. Lembro apenas de colocar um pé à frente do outro e de balbuciar algumas palavras com o pessoal do staff da prova, que o tempo todo aplaudia quem passava.
O último quilômetro se fez conduzir por passarelas de madeira e pela areia fofa da praia central, tendo como objetivo mágico o portal de chegada que já se fazia avistar, incrivelmente próximo.
Não houve tempo para lágrimas, lamentações, sorrisos, agradecimentos. A vontade era apenas continuar correndo e correndo e correndo.
Porque nesta prova o que eu mais buscava não era a linha de chegada e sim o que eu encontraria entre ela e o início das minhas passadas. E eu encontrei. Que venha a próxima busca!
Um grande abraço a todos e meus sinceros agradecimentos pelas palvavras que os amigos postaram por aqui ou no twitter. Obrigado de coração! Em breve vou postando mais informações sobre como foi a prova. Este é apenas um relato pessoal.
Abaixo algumas fotos. Mais imagens serão publicados no site do organizador. Ótimas imagens também podem ser encontradas no álbum do Rodolfo Lucena, bem como um texto no seu blog onde ele narra de forma maravilhosa a sua participação na prova. Os resultados também já estão disponíveis por lá! Ah, meu tempo? 5h48'43" 13º na categoria 30-34 anos.
Pepe,meu amigo de maratonas, parabéns pelo seu relato.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem.
Espero voltar lá na próxima edição.
Segue um ultra abraço para vc e certamente que nos encontraremos nas próximas aventuras.
Ah... pelo visto parece que essa daí nem doeu, uai! Well... pelo menos na do Rio havia um gostinho de sangue na sua narrativa (nossa, que coisa horrível que eu falei agora). Bom, não me leve a mal, tipo, guardadas as proporções, foi uma narrativa mais sofrida, digamos.
ResponderExcluirBuuut... isso é um bom sinal: significa que agora você já tá tirando de letra essa bagaça de maratona e tal! Virou fichinha pra você o tal dos 42cá!
Falow aê, Volpão!
Bjus e inté!
Parabens pela prova e pelo relato.
ResponderExcluirJá li alguns e muitos reclamaram da falta de água. Bem, vc em nenhum momento falou sobre isso, o que me me leva a crer que foi preparado.
Parabens !!!
Olá Xampa!
ResponderExcluirValeu pelo comentário. Mas para mim não faltou água em nenhum posto de hidratação. E olha que cheguei no pelotão intermediário, hein... Durante a prova percebi muita gente com os mesmos males do ser humano comum, não-corredor: reclamar de tudo: da camiseta, da água quente, dos postos de hidratação que estava 400 metros além do que foi combinado. Tinha um cara que reclamou durante a prova que a banana estava verde, ve se pode! Eu comi e estava ótima! E mesmo se não estivesse...uai, vamos correr né? Nesse tipo de prova, de longa distância, é sempre importante se garantir. Corri com minha mochilinha com água de coco e alimentação. Isso foi recomendado durante o congresso técnico. muitos não estavam presentes...
Enfim, muita coisa pode ser melhorada, é claro. Mas estarei lá em 2010, bem como muita gente que conversei por lá.
Aline, valeu a torcida! Realmente correr em Bombinhas pareceu ser mais tranquilo para mim. Creio em dois motivos: Estava melhor treinado (só eu sei o quanto treinei pelos barrancos de BH) e o terreno me favorece, já que sou originário do montanhismo paranaense, famoso pela dureza das trilhas. No Rio tinha tb a pressão da estréia na distância. Bombinhas fui realmente curtir.
Elisete, muito obrigado de coração pelas palavras! Vamos nos encontrando pelas trilhas e estradas dessa vida. E muito provavelmente na Maratona de Curitiba!
Bjos e abraços!
Grande George!
ResponderExcluirMuito legal o seu relato. Quero acompanhar você qualquer dia destes...
Abraços!
Rodrigo Stulzer
transpirando.com
Rapaz, só de ler seu relato deu vontade de participar da próxima.
ResponderExcluirParabéns,
Luiz
Rodrigo e Luiz, obrigado pelas palavras! E vamos correr todas essas!!!
ResponderExcluirFazer os 600 abdominais fica até sem graça perto desse desafio.Tá chegando a subida da Graciosa e eu já to sentindo as pernas tremerem...
ResponderExcluirParabéns mais uma vez!!
Oi, querido amigo!
ResponderExcluirLer o seu relato e assistir o vídeo acima, dá uma vontade louca de participar!
Fiquei aqui torcendo por você! Parabéns pela corrida!
Grande beijo!
Pepe: Obrigado pela visita no blog e parabéns pela prova. Estou no Hotel em Nova Friburgo esperando chegar a hora da proxima batalha: SuperMaratona de Friburgo, 50km na Serra Fluminense, para relaxar da Prova de Bombinhas. Abraço.
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